Eduardo Carvalho

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Opinião

Sobre Jojo em palestra, direitos humanos deveriam mais unir do que separar

Na sexta-feira passada (5), Jojo Todynho publicou stories no Instagram criticando uma palestra sobre direitos humanos na faculdade onde estuda. Rodrigo Mondego, o advogado palestrante e procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, se pronunciou sobre a fala da artista, no X (antigo Twitter): "Ter alguém se incomodando a esse ponto por aprender sobre o que são os direitos humanos em um curso de direito, mostra a vala que é esse câncer chamado bolsonarismo".

Se você veio ler neste texto alguma crítica que seja para Jojo Todynho, sinto desapontar. E, não, eu também não irei criticar Rodrigo Mondego por suas respostas às críticas feitas pela cantora, influencer e graduanda em direito após sua palestra, na faculdade onde estuda, sobre direitos humanos.

O que os une e nos traz até aqui é anterior ao acontecido. Trata, sobretudo, pela maneira como conduzimos conversas sobre temas que deveriam ser fundamentais a qualquer pessoa, mas que, por conta da polarização, ficaram inviáveis. Tendo virado os direitos humanos, vejam só, um inimigo nada oculto na primeira letra professada sobre o assunto.

O tema é um dos maiores detonadores de conflitos, separando gregos e troianos quando, na real, deveria unir. Afinal de contas, qual é o indivíduo que se opõe ao direito básico de vida, saúde, educação, segurança? E uma série de outros princípios que deveriam ser obrigatórios a todo e qualquer cidadão (independente de classe, raça e gênero). E que só não se faz verdadeiramente efetivo pela falta, justamente, de esforço político. Cai por terra que seja de ''direita'' ou ''de esquerda'', sacou? Se não, haveria um pêndulo a cada governo e governante sobre os benefícios para cada partido.

É preciso distensionar a pauta e a construção que foi feita até aqui. Simplesmente somos porque fazemos parte de um mesmo núcleo, no caso, a humanidade. E, por isso, humanos, algo que nos faz ser tocados em todos os momentos.

Perdoem-me no didatismo da coisa. Aqui também acuso o preconceito, ou melhor, um medo sobre quem se manifesta pela causa, já que isso tornou a possibilidade de viver algo impossível no Brasil. Não faz muito tempo, durante uma viagem com pessoas de classes e núcleos variados, uma delas se apresentou como ''defensora dos direitos humanos''. Temi não por mim, mas pelo que poderia surgir daquilo. ''Isso não pode dar bom'', pensei.

Paguei com a língua. Não só não foi assunto, como a pessoa saiu como uma das mais amadas, sua risada azeitando os dias em que partilhamos, em conjunto, experiências riquíssimas que ficarão pra vida. E melhor: sem que a pessoa tivesse que dizer em quem votou.

Quando deixamos de exercer a escuta ativa, levantamos nossas armaduras e impossibilitamos pontes. Perde Jojo, talvez, por não ter visto a palestra e seu desfecho; perde Rodrigo uma enorme chance de trocar com aquela que bomba na internet e que poderia ser ativista com prazer pelo tema.

O mundo pode ser melhor, minha gente.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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