Prejuízo de R$ 20 mil: motor do Onix quebra por culpa de dono pão-duro

Há cada vez mais donos de Chevrolet Onix se queixando de quebras no motor, decorrentes de falha na correia dentada, que é a peça responsável pela sincronia entre o funcionamento dos componentes que compõem a parte superior (cabeçote) e a inferior (bloco).

Em conversa com especialistas, porém, o UOL Carros constatou que o problema pode estar no próprio proprietário, já que muitos dos registros são causados pela economia na hora de fazer a manutenção correta.

Peça com problema e registros de reclamação

Correia dentada é crucial para o funcionamento do motor e sua quebra leva a sérios danos, que na maioria das vezes são muito caros de serem resolvidos.

Em alguns casos, observou-se que a correia (que é majoritariamente feita de borracha) começa a se esfarelar, ocasionando, segundo relatos de donos na internet, entupimento da bomba de óleo - que leva à deficiência da lubrificação do motor. Em outras situações, ela se rompe e leva o motor a "atropelar" as válvulas, após a perda do sincronismo.

No site Reclame Aqui, por exemplo, encontramos o caso de Roberto, dono de um com motor turbo 2019/2020. Relata que, quando estava com três anos de uso e 50 mil km, o motor parou de funcionar. Quando chegou à oficina, teve o diagnóstico da quebra da correia, que o obrigou a retificar o motor completo.

O mesmo ocorreu com o Ricardo, dono de outro com motor turbo do modelo 2020, cuja quebra ocorreu também com 3 anos de uso, mas após 132.500 km. Em ambos os casos, os donos alegam realizar manutenções periódicas com frequência.

Ainda que, por exemplo, a quilometragem do carro de Ricardo já não seja mais tão baixa, não chega a ser tão relevante sob o ponto de vista dos prazos de substituição da peça. Isso porque, conforme informado pela Chevrolet no manual do veículo, a troca deve ser feita somente após 240 mil km ou 15 anos.

Como e por que a correia quebra?

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Imagem: Divulgação
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Ao contrário do que muitos imaginam, trata-se de um problema cuja culpa é exclusiva do dono - ou, em alguns casos, do reparador do veículo.

O Chevrolet Onix com motor três cilindros - seja ele turbo ou aspirado - utiliza o óleo do motor para lubrificar a correia dentada. A causa mais comum de problemas como esses - que não só afetam o Onix, como também outros modelos que trabalham dessa maneira (como Ka) - é a utilização do lubrificante incorreto, que leva à contaminação ou ao ressecamento da borracha da cinta. Já vi casos de donos de carros assim optarem por utilizar óleos com especificações diferentes daquelas indicadas pelo manual do fabricante, muitas vezes motivados pelos preços mais baixos. Mas isso é um erro que nunca deve ser cometido. Alexandre Barros Pinho, dono da oficina de funilaria e mecânica WTC Express.

A escolha equivocada normalmente ocorre devido a busca por economia na troca do óleo lubrificante. Mas o valor sequer justifica tal alternativa. Enquanto o litro da opção correta sai por aproximadamente R$ 50, as alternativas equivocadas custam cerca de R$ 30 - no processo todo, a economia não chega a R$ 100.

No caso do Onix três cilindros com motor aspirado, conforme o manual da GM, o óleo correto é o "dexos 1 Ger 2 ou de qualidade equivalente API-SN, ILSAC GF5 ou superior e viscosidade SAE 0W20", ou o "dexos 1 Ger 3 ou de qualidade equivalente API-SP, ILSAC GF6A ou superior e viscosidade SAE 0W20".

Já para as versões turbinadas, a especificação passa a ser o "dexos 1 Ger 2 ou de qualidade equivalente API-SN, ILSAC GF5 ou superior e viscosidade SAE 5W30", ou o "dexos 1 Ger 3 ou de qualidade equivalente APISP, ILSAC GF6A ou superior e viscosidade SAE 5W30".

Alexandre afirma que não há outras causas comuns que levam a este tipo de problema, tampouco que se trata de um defeito crônico do carro.

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"A primeira coisa que eu verifico em carros que trabalham com lubrificação na correia é o óleo que estão utilizando, justamente para evitar que apareçam surpresas depois. Ainda que ela dure mais do que a do tipo que trabalha a seco, com o lubrificante errado a sua vida útil encurta demais", alerta o especialista.

Se os fatos ainda não forem o bastante para convencer de que o óleo correto é importante, descobrir o quão cara a conta fica quando tudo vai pelos talvez não seja uma má ideia.

Segundo Barros, a troca de uma correia dentada custa em torno de R$ 3.200, incluindo neste valor a mão de obra (que costuma representar boa parte do montante) e o tensionador. Se a parte de baixo do motor for danificada, sai entre R$ 12 mil e R$ 15 mil para arrumar. Se o cabeçote também for afetado, a conta encosta nos R$ 20 mil. Como se não bastasse, uma bomba de óleo gira em torno dos R$ 900.

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