Topo

Novo C3 vai 'atropelar' Kwid e Mobi? Veja qual entrega mais por R$ 70 mil

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

31/08/2022 04h00

A Citroën acaba de lançar a nova geração do C3, que deixou de ser um compacto com pretensões premium para se tornar um hatch com jeito de SUV e forte foco no custo-benefício.

Trazendo cinco versões e duas opções de motor e câmbio, a novidade chega com preços sugeridos de R$ 68.990 a R$ 93.990 para concorrer com os subcompactos Fiat Mobi e Renault Kwid e também com hatches maiores e mais equipados - a exemplo dos campeões de venda Hyundai HB20 e Chevrolet Onix.

O UOL Carros agora está no TikTok! Acompanhe vídeos divertidos, lançamentos e curiosidades sobre o universo automotivo.

Aqui focamos a configuração de entrada Live 1.0 do novo C3 e a comparamos com as configurações Intense do Kwid e Trekking do Mobi - todas custando abaixo de R$ 70 mil. Maior e mais moderno, será que o lançamento da Citroën é capaz de "atropelar" a dupla de carros mais baratos do Brasil?

Confira a seguir como a versão mais simples e acessível do C3 se compara aos rivais em relação a design, equipamentos, espaço interno, motor e segurança.

As imagens que ilustram este texto são de configurações mais equipadas, pois a fabricante ainda não liberou fotos da versão mais em conta.

Design

O novo C3 se destaca mais do que os rivais nesse quesito, que é um dos seus pontos fortes.

Mesmo na configuração mais simples, que perde até o logotipo cromado na dianteira, além das barras de teto e dos faróis de neblina, o representante da Citroën não passa despercebido, com luzes de condução diurna integradas à grade e faróis posicionados logo abaixo.

A dianteira bastante arrojada lembra o Renault Kwid, que recentemente foi reestilizado e passou exibir um estilo parecido com o do C3 na parte frontal. Já o Mobi investe em uma aparência mais convencional quanto aos faróis e às lanternas traseiras.

O porte maior do C3, incluindo a carroceria elevada, ajuda a compor uma aparência que, ao meu ver, tem mais elementos de SUV do que características de hatches pequenos. Nunca é demais lembrar que os utilitários esportivos hoje são a categoria de automóvel mais desejada pelos brasileiros. Portanto, quanto ao design, o Citroën leva a melhor ante Kwid e Mobi.

Equipamentos

Mesmo nas versões mais completas, o novo C3 não se destaca em relação aos equipamentos de série, trazendo um pouco mais do que o básico para um modelo da sua categoria.

Para custar menos de R$ 70 mil, a versão de entrada oferece itens essenciais para a média dos consumidores, como travas e vidros elétricos dianteiros, direção com assistência (elétrica), ar-condicionado, luzes de condução diurna, rodas de 15 polegadas com calotas e computador de bordo.

O painel de instrumentos é digital, contudo tem tela monocromática de baixa resolução que mais lembra o computador de bordo de muitos compactos. Nem conta-giros o mostrador exibe. Para ter a central multimídia com tela de 10 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, é necessário partir para a versão Live Pack, que eleva o preço a R$ 74.990.

Kwid e Mobi, por sua vez, vêm um pouco mais recheados de fábrica.

O modelo da Renault, por exemplo, conta com central multimídia de oito polegadas com CarPlay e Android Auto na configuração intermediária Intense (R$ 68.590), além dos mesmos equipamentos do C3 Live. Além disso, o Kwid e o Mobi contam com rodas aro 14, também de aço com calotas.

Em relação aos itens de série, o hatch da Fiat custa R$ 67.690 na configuração topo de linha Trekking, com visual mais aventureiro e suspensões elevadas. Ele também sai da fábrica com multimídia, no caso de sete polegadas, cujo espelhamento via Android Auto e Apple CarPlay acontece sem a necessidade de fio.

O Mobi também possui ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos, mas é o único do trio cuja assistência da direção é hidráulica, que "rouba" mais força do motor.

A dupla da Renault e da Fiat é um pouco mais equipada com preço inferior a R$ 70 mil.

Espaço interno

Novo Citroën C3 Banco Traseiro - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Nesse quesito, a vantagem do novo C3 é inquestionável.

Medindo 3,98 m de comprimento, 2,54 m de distância entre-eixos, 1,73 m de largura e 1,60 m de altura, o hatch da Citroën é de longe a opção com maior espaço interno e isso é uma baita vantagem, considerando que a maioria das famílias brasileiras tem apenas um carro.

A título de comparação, o Mobi tem, respectivamente, 3,60 m, 2,30 m, 1,67 m e 1,55 m. Já as dimensões do Kwid são de 3,68 m, 2,42 m, 1,58 m e 1,48 m.

O C3 também ganha em relação ao porta-malas, cuja capacidade é de 315 litros, contra 200 litros do Fiat e 290 litros do Renault.

Só que o Kwid contra-ataca no vão livre em relação ao solo, que é de 18,5 cm e supera os 18 cm do Citroën e os 17,5 cm do Fiat.

Vale lembrar que o interior dos três é totalmente revestido de plásticos duros, em nome do corte de custos, e apenas o Mobi tem banco do motorista ajustável em altura - nos demais, considerando as versões avaliadas o condutor não dispõe de regulagens no assento nem no volante.

Motor

Novo Citroën C3 frente dinâmica - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Todos os três modelos são equipados com motor 1.0 flex aspirado e câmbio manual de cinco marchas, conjunto que não foca o desempenho e sim a economia na hora da aquisição e também ao abastecer o tanque.

Graças à Stellantis, que uniu as antigas FCA e PSA, o Citroën C3 utiliza um propulsor de origem Fiat nas suas versões de entrada e intermediária: o moderno e eficiente 1.0 Firefly de três cilindros, que em números absolutos é mais forte na comparação com o propulsor dos seus concorrentes.

O novo C3 Live rende até 75 cv de potência e 10,7 kgfm de torque - ainda não testei o lançamento com essa motorização, mas tudo indica que tem fôlego de sobra para tracionar seus pouco mais de 1.000 kg de peso em ordem de marcha.

Pesando 969 kg, o Mobi tem motor 1.0 de quatro cilindros com concepção mais antiga, com 74 cv e 9,7 kgfm. Com esses números, não faz feio, mas está longe de empolgar.

Por sua vez, o Kwid é o mais leve do trio e, com apenas 820 kg, é bem esperto com o propulsor de um litro e três cilindros, que entrega 71 cv e 10 kgfm com bastante economia de combustível.

Segurança

Novo Citroën C3 frente 3/4 cinza - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

C3 e Kwid são os únicos do trio equipados de série com controles de tração e estabilidade, mais assistente de partida em rampa - no Mobi, esses itens de segurança são opcionais e acrescentam R$ 697 ao preço final.

Além disso, o Citroën e o Fiat contam apenas com os dois airbags frontais obrigatórios, enquanto o Renault oferece quatro bolsas infláveis de fábrica desde a configuração mais simples.

Os três compactos contam com monitoramento da pressão nos pneus, um equipamento importante na proteção aos respectivos ocupantes, mas só o Kwid possui câmera de ré dentre os itens de série.

O novo C3 realmente perde para o Kwid nesses aspectos. Em tese, compensa essas deficiências ao trazer uma plataforma mais moderna - a CMP, utilizada em carros bem mais sofisticados de Citroën e Peugeot e que no C3 possibilitou a construção do hatch com 86% de aços de alta e ultra-alta resistência - proporcionando maior rigidez estrutural e condução mais precisa.

Executivos da Citroën informam que, graças ao uso dessa nova base estrutural, seria possível implementar a instalação de mais airbags e outros equipamentos de segurança e tecnologia em um tempo relativamente pequeno.

No papel, o Renault leva a melhor ao oferecer mais airbags e câmera traseira (que o C3 pode trazer em configurações mais caras), mas apenas um teste de impacto dos três modelos, seguindo os mesmos critérios e nas mesmas condições, poderia indicar qual deles é o mais seguro.

Qual deles entrega mais?

Novo Citroën C3 Traseira - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Na versão de entrada, o novo C3 é concorrente direto dos dois carros mais baratos à venda no Brasil e tem atributos para conquistar parte da clientela de Kwid e Mobi - que, por sinal, estão longe de ser acessíveis, com a disparada nos preços durante a pandemia.

A configuração mais simples do Citroën tem o essencial, mas fica atrás dos modelos da Renault e da Fiat por não contar com central multimídia, tão valorizada hoje em dia.

Ainda assim, e apesar de trazer apenas dois airbags, independentemente da configuração, é consideravelmente maior, tem projeto mais moderno e traz rodar mais confortável - inclusive devido à maior distância entre os eixos.

Apesar da subjetividade, dá para acrescentar a essas ponderações o design mais interessante e arrojado do C3.

Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.