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Por que os SUVs cupês estão longe de ser uma modinha no Brasil

Volkswagen Nivus 2021 - Divulgação
Volkswagen Nivus 2021 Imagem: Divulgação

Julio Cabral

Do UOL, em São Paulo

11/07/2022 04h00

Cupê, Coupé, não importa como você escreva, o fato é que esse estilo de carroceria está longe de ser antigo. Embora pareçam atuais, a polêmica de um cupê de quatro portas já deveria ter passado, afinal, carros do tipo são vendidos há mais de 60 anos. A nova polêmica fica por conta dos SUVs cupês. O segmento também não é novidade, ele surgiu nos carros premium e passou a se expandir para outros nichos e mercados. E assim está sendo no Brasil.

Alguns devem se perguntar: qual é dessa nova moda? De novo ela não tem nada. Além do fato de fabricantes premium já terem suas opções do tipo, desde carros como o BMW X6, a novidade mesmo é o fato de a tendência ter chegado a segmentos mais acessíveis.

Podemos dizer que o movimento foi iniciado comercialmente pelo Volkswagen Nivus. Derivado da plataforma do Polo, de quem toma emprestado componentes como a estrutura e portas, o SUV cupê se distancia do primo T-Cross por ter um visual diferente. O que muda mesmo nos cupês é a forma do teto, o caimento é mais arqueado, o vidro traseiro tem ângulo mais inclinado e a silhueta passa a impressão geral de ser mais fluida.

"Queríamos criar um carro novo, que ocupasse a lacuna entre o Polo e o T-Cross. E tínhamos essa oportunidade entre os dois produtos para criarmos um carro de um novo segmento. Nossa ideia foi vir com algo completamente diferente. O cupê está relacionado normalmente ao carro premium, ele é pensado como um automóvel raro, especial, um automóvel dos sonhos. E por que não fazer desse estilo algo mais democrático e em um carro compacto?", conta José Carlos Pavone, chefe de design na Volkswagen América do Sul.

O Nivus está na décima sétima posição no acumulado de vendas do primeiro semestre do ano, com 16.674 unidades comercializadas, contra 32.871 do T-Cross, o terceiro modelo mais vendido do mercado. É importante lembrar que ele compõe uma tabela, a VW consegue um volume muito maior do que conquistaria apenas com o SUV convencional.

Engana-se quem pensa que foi o sucesso do Nivus que levou outros fabricantes a tomarem o mesmo caminho. O modelo foi lançado em 2020 e nenhuma marca conseguiria partir do zero a partir daí e inventar um produto do nada.

E não apenas pelo lado da engenharia, o planejamento de produto trabalha há muito mais tempo em um modelo. Na indústria, brinca-se que o pessoal dessa área já está pensando no que vai lançar em 2027 para a frente, antes mesmo de o carro ser definido pelo design e suas características serem desenvolvidas pelas equipes de engenharia.

Renault Arkana pode vir para o Brasil - Divulgação - Divulgação
Renault Arkana pode vir para o Brasil
Imagem: Divulgação

É o caso do Fiat Fastback, SUV cupê que será lançado ainda em 2022. O projeto já havia sido apresentado no longínquo ano de 2018, justamente na época em que o Brasil ainda tinha Salão do Automóvel - pausa para exalar um suspiro de saudade.

"Testamos o conceito em clínicas e também no Salão de 2018 quando apresentamos o primeiro conceito e o próprio nome Fastback. Ele foi extremamente bem aceito em clínicas e desde então vamos amadurecendo o projeto. Não são todas as pessoas que gostam da carroceria SUV tradicional, identificamos isso com os consumidores pesquisados, lembra Breno Kamei, vice-presidente de Programas e Planejamento de Produtos da Stellantis para a América do Sul.

"Além dos atributos bem presentes no SUV, tal como a sensação de segurança do ponto H elevado (NR: o ponto em que o quadril do motorista é posicionado), mas trazemos um design diferente, pois ele é o principal ponto de compra de um veículo. É a união entre carroceria mais fluida e elementos de SUV", completa.

Ao contrário do Pulse, que manteve boa parte dos elementos do Argo, o Fastback vai ter carroceria bem diferente do hatch. O nome já entrega o formato do estilo. O teto não apenas vai ter uma queda alongada, ele vai terminar em uma traseira arrebitada. É um elemento presente em SUVs cupês premium e esportivos - alguém falou Ford Mustang?

"As pesquisas fundamentam uma boa parte da estratégia. "Após as clínicas e pesquisas com compradores de novos veículos, fazemos um apanhado de várias indústrias envolvidas, que podem ser tendências de consumo, culinária e moda. Aí temos um entendimento e identificamos quais são as oportunidades, seja para crescer ou fazer algo que ninguém está fazendo", acrescenta Breno.

Enquanto alguns investem pesado na tendência, houve quem atrasou um pouco os seus planos. Foi o caso da Renault, a marca francesa tem no seu portfólio estrangeiro o belíssimo Arkana, modelo que foi cogitado para o Brasil, foi atrasado e, agora, ressurge como uma possibilidade, mas em uma versão híbrida, segundo apontam os companheiros do Motor1. Essa forma de motorização também é pensada pela Fiat para o Fastback.

Alguns SUVs mais convencionais também apostam nesse caminho. O novo Honda HR-V é visto dessa forma, embora tenha um parêntese: o próprio modelo anterior tinha teto arqueado e maçanetas embutidas, algo que caracteriza a intenção de usar elementos de cupês. Ou seja, a moda não é tão nova. Tampouco é exatamente uma moda, pois veio para ficar.

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