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Cripto Carros: Dodges virtuais vendem mais que colecionáveis de Felipe Neto

NFT do Dodge Charger LS 1974 preto do colecionador Alexandre Badolato teve todas cem unidades comercializadas em meia hora - Divulgação
NFT do Dodge Charger LS 1974 preto do colecionador Alexandre Badolato teve todas cem unidades comercializadas em meia hora
Imagem: Divulgação

Paula Gama

Colaboração para o UOL

18/09/2021 04h04Atualizada em 18/09/2021 12h01

Uma nova forma de colecionar veículos começa a ganhar corpo. Contudo, não se trata de carros para estacionar na garagem e sim de algo comparável a uma miniatura virtual, multimídia e numerada de determinado automóvel, cujo comprador pode até revendê-la posteriormente.

O nome técnico para essas "miniaturas" é NFT, sigla para token não fungível. Em linguagem mais simples, NFTs são bens criptográficos únicos, que não podem ser copiados como um arquivo qualquer. Isso é possível devido a uma tecnologia chamada de blockchain, a mesma já utilizada nas criptomoedas e que serve para comercializar uma infinidade de produtos digitais colecionáveis, incluindo obras de arte.

No Brasil, dois exemplares raros do Dodge Charger LS 1974 estão entre os primeiros NFTs comerciais de carros disponibilizados no País. Em apenas uma semana, segundo a Block4, empresa responsável pelo lançamento, eles já venderam mais unidades do que os NFTs do influenciador Felipe Neto, que não têm relação com o mundo automotivo.

100 exemplares do raríssimo Dodge Charger LS 1974 preto foram comercializados em apenas 30 minutos - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Este é o Dodge Charger LS 1974 preto que ganhou versão virtual para colecionar, já esgotada
Imagem: Arquivo pessoal

Os "Cripto Carros" em questão são réplicas de veículos reais do empresário Alexandre Badolato, dono da maior coleção da marca Dodge no Brasil, com cerca de 300 modelos guardados no interior paulista. Ele explica que os compradores dos seus NFTs passam a ser proprietários de uma miniatura 3D do veículo, além de vídeos e fotos exclusivas. Dá até para ouvir o ronco do motor.

"Nós temos o objetivo de preservar um pedaço da história automotiva do País, principalmente entre os anos 70 e 80. Vejo os NFTs como uma nova forma de me comunicar com o público. Ele é uma mistura de livro, vídeo, imagem e carrinho 3D. Os feedbacks têm sido bem positivos em termos de números", comemora Badolato, autor de livros sobre sua coleção, que também é tema do respectivo canal no YouTube.

Os colecionáveis

NFT do Dodge Charger LS 1974 preto de Badolato tem até caixinha de papel virtual - Divulgação - Divulgação
NFT do Dodge Charger LS 1974 preto de Badolato tem até caixinha de papel virtual
Imagem: Divulgação

O primeiro NFT lançado por Badolato em parceria com a Block4 foi do seu Dodge Charger LS 1974 preto, produzido no Brasil durante apenas cinco anos e que teve 496 unidades fabricadas. Este foi posto à venda em 19 de agosto por R$ 74 e todos os seus cem exemplares foram vendidos em apenas 30 minutos, afirma.

O segundo NFT, este ainda com exemplares à venda, é da versão branca do mesmo ano e modelo do Dodge. Nesse caso, foram ofertadas mil unidades, por R$ 34,90 cada. Em uma semana, 221 delas foram comercializadas até ontem (17), afirma - incluindo o carro preto, o volume é maior do que os 311 NFTs de Felipe Neto vendidos, de acordo com a Block4.

Badolato prevê o lançamento de pelo menos mais seis NFTs da sua coleção de Dodges: Dart Sedan, Dart Coupe, Charger LS de outro ano, Dodge Magnum e dois Chargers RT.

Valorização

Dodge Charger LS 1974 branco ainda pode ser adquirido, com tiragem de mil exemplares - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Dodge Charger LS 1974 branco ainda pode ser adquirido, com tiragem de mil exemplares
Imagem: Arquivo pessoal

Thiago Canellas, CEO da Block4, explica que o comprador pode utilizar o colecionável de diversas formas, inclusive vendê-lo, como já aconteceu com um dos exemplares do Dodge preto - negociado pelo dobro do preço, segundo Canellas.

"Nossa ideia é disponibilizar jogos e outras formas de aplicação. É uma experiência multimídia única para os colecionadores", diz.

Para comprar, não é preciso ter criptomoedas: os NFTs podem ser adquiridas via cartão de crédito ou até mesmo Pix no site AGBadolato.

Essa moda pega?

Para alguns, os colecionáveis digitais podem parecer um tanto sem sentido, mas a realidade é que valores altíssimos já circulam nesse mercado, principalmente quando se trata de obras de arte.

Para se ter uma ideia, a obra de Picasso "Fumeur V", adquirida em um leilão pelo equivalente a R$ 105 mil, foi queimada e transformada em NFT por seus donos. Além disso, outros players estão entrando na tendência: duas equipes de Fórmula 1, a Aston Martin e a Red Bull, já anunciaram que vão lançar produtos em blockchain. Quem também está surfando essa onda é a Nissan, que irá oferecer uma obra de arte do artista Fesq em NFT para quem comprar o Kicks XPlay.

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