Avaliação: Fiat Cronos consegue colocar marca no páreo de sedãs? Assista
UOL Carros andou com versão topo de gama Precision 1.8 AT, que vai passar dos R$ 80 mil
Você já sabe quem é o Fiat Cronos. O sedã derivado do Fiat Argo chega às lojas brasileiras no fim de fevereiro e sua missão não é fácil: recolocar a fabricante em posição de destaque na briga de sedãs.
Desta vez, a ideia é brigar entre os compactos premium, segmento que vai bombar em 2018 -- o primeiro lançamento do ano foi o Volkswagen Virtus e no último trimestre vem por aí o Toyota Yaris. Com Grand Siena obsoleto e Linea aposentado, o Cronos -- cujo nome remete ao titã responsável por comandar o tempo na mitologia grega -- chegará com um peso enorme sobre os ombros: representar bem a marca e ajudá-la a se recuperar. Será bem-sucedido?
Essa é a grande questão que UOL Carros tenta responder na vídeo-avaliação que preparamos direto de Córdoba (Argentina), onde fomos conhecer o três-volumes de pertinho no princípio de janeiro. Versão testada foi a de topo Precision 1.8 automática. Ela custará cerca de R$ 72 mil, mas poderá chegar perto de R$ 84 mil com todos os opcionais.
Atenção: os preços são estimados, já que a Fiat só divulgará os valores oficiais no dia 21 de fevereiro. Abaixo segue a lista de versões e estimativa de etiquetas. Elas serão quase totalmente equivalentes ao que o Argo já oferece nas configurações Drive 1.3 (manual ou automatizada) e Precision 1.8 (manual ou automática), incluindo pacotes de opcionais. Única diferença será a oferta de rodas com diâmetro entre 15 e 17 polegadas, enquanto o hatch oferece modelos com aro de 14 a 16. Confira:
+ Cronos Drive 1.3 MT5: cerca de R$ 58 mil
+ Cronos Drive 1.3 GSR: cerca de R$ 64 mil
+ Cronos Precision 1.8 MT5: cerca de R$ 66 mil
+ Cronos Precision 1.8 AT6: cerca de R$ 72 mil
Por enquanto o sedã não terá nem motor 1.0 aspirado nem versão HGT. Paleta de cores contará com três opções sólidas (branco, preto e vermelho), quatro metálicas (prata, cinza, preto e o estreante vermelho Marsala) e uma perolizada (branco).
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Que plataforma é essa?
A Fiat chama a plataforma do Cronos de "MP-S", nome diferente da matriz MP1 do Argo. Engenheiros da montadora argumentam que a carroceria do sedã é 70% formada por componentes diferentes do hatch -- sendo 30% herdados do próprio Argo e também, vejam só, do Punto --, além de ter bitolas ligeiramente maiores e suspensão traseira exclusiva.
UOL Carros ressalta, porém, que o sedã compartilha mesmo entre-eixos, mesmos trens-de-força -- 1.3 e 1.8, com câmbios manual, automatizado ou automático -- e praticamente todos os componentes elétricos e de revestimento da cabine.
Visualmente há mais similaridades entre Cronos e Argo, apesar de o três-volumes carregar soluções estéticas próprias no balanço dianteiro e, principalmente, na parte traseira. Seus traços passam um ar mais elegante que os do hatch, e o terceiro volume lembra muito o de um Audi A3 Sedan, de origem alemã, mais até que o próprio Virtus.
Por dentro, padrão de acabamento tem pequenas variações em relação ao irmão: cor da faixa central do painel (um tom de vinho no caso do sedã), texturas de tecido/couro dos bancos e o uso de maçanetas cromadas nas versões mais caras.
Dimensões são um pouco maiores que as de um Chevrolet Prisma ou Hyundai HB20S -- 4,36 metros de comprimento, 1,73 m de largura e 1,51 m de altura --, mas não vá esperando um carro tão espaçoso quanto o Virtus, especialmente porque o entre-eixos é de limitados 2,52 metros (13 cm a menos do que o rival da Volkswagen).
Para otimizar espaço os engenheiros da Fiat tiveram de fazer valer, mais uma vez, a criatividade: recuaram o banco traseiro em 1 cm -- solução que contribuiu para oferecer um vão aceitável às pernas -- e levantaram o "tampão" atrás da fileira traseira de assentos, ampliando com isso o volume do porta-malas a ótimos 525 litros. Pena não ter havido o cuidado de forrar a chapa de metal da parte superior do bagageiro, que expõe parafusos e pode danificar malas e mochilas.
Em movimento
Tecnicidades à parte, fato é que o Cronos está dinamicamente bem acertado. O chassi monobloco formado por 75% de aços de alta resistência, incluindo reforços estruturais nas portas, demonstra ótimo padrão de rigidez e confere agilidade, visto que pesa somente 10 kg a mais que o do Argo nas versões equivalentes.
Suspensões usam arquitetura McPherson na dianteira (com barra estabilizadora) e eixo de torção na traseira, e controlam muito bem as forças laterais e longitudinais. Também parecem macias na medida certa, mesmo com uso de rodas aro 17 (opcionais exclusivos da versão Precision).
Nível de tecnologia e segurança agrada pela já citada carroceria reforçada, além de controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, chave presencial, partida do motor por botão, start-stop (sistema que desliga e religa automaticamente o motor em paradas breves para economizar combustível), luz de posição dianteira e lanternas traseiras em LED, e pontos de ancoragem para cadeirinhas infantis.
Só não entendemos por que a Fiat insiste em oferecer airbags laterais apenas como opcional e exclusivamente nas versões 1.8 -- ao mesmo tempo em que coloca itens totalmente supérfluos, caso de apoia-braço central para o motorista, como de série. Lembrando: no Virtus os airbags laterais estão disponíveis como de fábrica em qualquer configuração.
O exemplar avaliado traz sob o cofre o propulsor 1.8 E-torq 4-cilindros flex 16V de 135/139 cv (a 5.750 rpm) e 18,8/19,3 kgfm (a 3.750 rpm) com gasolina/etanol, velho conhecido de outros carros da FCA. Nesta configuração ele é gerenciado pelo sistema de transmissão automático de seis velocidades da Aisin.
Na prática, falta elasticidade e torque em rotações mais baixas, embora o bom índice de potência garanta embalo em rodovias. Consumo é razoável -- sofremos para alcançar 10 km/l com gasolina brasileira rodando praticamente só na estrada, apesar de o Programa de Etiquetagem do Inmetro indicar que essa configuração seja capaz de alcançar 13,3 km/l em tal condição --, e só não piora porque as trocas proporcionadas pela caixa AT6, muito bem escalonada, são bastante ágeis e precisas, quase sempre no tempo certo.
Lembrando que, apesar de o teste ter ocorrido em solo argentino, a unidade era flex e estava abastecida com gasolina brasileira (portanto dotada de 27% de etanol).
Após test-drive de cerca de 50 quilômetros, a sensação que ficou é que o Cronos chega com um conjunto acima da média no segmento: é bonito, bem equipado, bem acabado, relativamente espaçoso e aparentemente seguro -- falta confirmar tal previsão nas provas do Latin NCAP. Peca pelo motor obsolescente.
Resta saber se a decisão de produzi-lo na Argentina, e não no Brasil, vai restringir suas vendas por aqui e atrapalhar os planos de retomada da fabricante. O tempo nos dirá.
Viagem a convite da FCA.
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