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Carro autônomo pode ser vendido no Brasil já em 2018, mas com limitações

Claudio Luís de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

10/12/2014 17h57

A Volvo, conhecida como campeã global de segurança automotiva, corre contra o relógio para se tornar também a primeira montadora a vender carros totalmente autônomos ao consumidor comum. Isso pode acontecer já em 2018. E o Brasil está na rota dos veículos que podem se "autodirigir".

A marca sueca (hoje controlada pela chinesa Geely) quer antecipar o cronograma do carro autônomo em pelo menos dois anos.

A Mercedes-Benz promete para 2020 uma nova geração do Classe S totalmente capaz de se autodirigir. No Japão, no mesmo ano, montadoras preparam uma espécie de "espetáculo da mobilidade" no centro do Tóquio, que será sede da Olimpíada. Carros que andam sozinhos fazem parte do script.

A "ultrapassagem" da Volvo depende do projeto Drive Me, já em andamento e conhecido na Suécia por UOL Carros em maio último. Nesta quarta-feira (10), executivos da montadora fizeram uma apresentação dele a jornalistas numa fazenda perto de São Paulo (SP).

Uma das etapas do Drive Me é a cessão de 100 carros da marca a clientes da região de Gotemburgo.

Todos terão o pacote de equipamentos eletrônicos necessários para a autodireção; a cidade, por sua vez, oferecerá infraestrutura específica, que "conversa" com os veículos (prefeitura e universidade locais fazem parte do projeto).

Isso acontecerá em 2017. Caso tudo funcione a contento, diversos modelos da Volvo poderão ser comercializados já em 2018 com plena capacidade de condução autônoma. E o Brasil tem chance de recebê-los cerca de seis meses após o lançamento na Europa.

Segundo a executivos da marca, a capacidade de autodireção eleva o preço final do carro em não mais de 2.000 euros (cerca de R$ 6.000). No Brasil, onde os Volvo chegam por importação, o valor extra pode subir a R$ 12 mil. É caro, mas não chega a ser absurdo: dá menos de 10% do preço atual de modelos como S60 e V60 T6, ambos acima de R$ 200 mil.  

O QUE FALTA
Mas há um grandíssimo "porém": sem as devidas condições externas (estradas inteligentes, sinalização compatível, frequências de rádio disponíveis, internet de altíssima velocidade etc.) o carro autônomo é um carro qualquer -- apenas dotado de alguns equipamentos mais sofisticados.

Muitos destes, aliás, já estão incorporados às gamas de várias marcas premium, entre as quais inclui-se a própria Volvo.

São itens como controle de cruzeiro ativo (que "imita" as ações do carro da frente), frenagem autônoma (denominada City Safety pela marca sueca), detecção de pedestres e ciclistas, assistência ao estacionamento (comumente chamada de Park Assist), sensor de faixa de rodagem (que corrige a trajetória se houver vacilo do motorista) e detector de ponto cego.

Um carro com todos esses equipamentos certamente é mais seguro, e até pode, com limitações, prescindir do motorista em determinadas ocasiões (por exemplo, o controle de cruzeiro ativo e o sensor de faixas podem fazer o serviço dele numa estrada com traçado favorável).

Mas não permite que se realize aquele clichê de filme de ficção científica, em que o sujeito entra no carro, diz seu destino, aperta "start" e tira um cochilo enquanto o carro o leva até lá.

Isso não será possível, segundo estimativa da empresa, pelo menos até 2030. Será preciso haver comunicação total entre os carros, e entre estes e as ruas; é uma visão quase utópica do futuro da mobilidade, e fortemente dependente de vontade política e altos investimentos governamentais.

Se tudo correr como a Volvo espera, em pouco mais de três anos uma parte desse futuro já estará rodando pelo Brasil. Mas uma parte ainda pequena, e 100% paga pelo cliente.