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Novo Mercedes Classe A quer apagar o passado e provar que menos é menos

O Mercedes-Benz Classe A no pré-lançamento, nesta segunda (5), em Genebra - Rodrigo Lara/UOL
O Mercedes-Benz Classe A no pré-lançamento, nesta segunda (5), em Genebra Imagem: Rodrigo Lara/UOL

Rodrigo Lara

Do UOL, em Genebra (Suíça)*

05/03/2012 17h22Atualizada em 22/05/2018 19h11

Lembra do Mercedes-Benz Classe A? O modelo, que chegou a ser fabricado no Brasil, foi criado pela marca da estrela para ser o "primeiro Mercedes" de seus consumidores, mas acabou sendo um carro compacto para poucos devido ao preço elevado. Além disso, foi acusado mundialmente de ser o "menos Mercedes dentre os Mercedes".

Pois a nova reencarnação do modelo nada tem a ver com o malsucedido e diminuto monovolume de outrora. Este novo Classe A foi apresentado nesta segunda-feira (5) em evento especial promovido pela Mercedes na véspera da abertura do Salão de Genebra para a imprensa.

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    Este é o Classe A atualmente à venda na Europa, que parte de 21 mil euros. Já vai tarde, né?

O modelo agora vive sob a forma de um hatch médio de linhas ousadas, bem mais longo e baixo que o monovolume (este tinha 3,57 metros de comprimento e 1,58 m de altura, enquanto o novo modelo chega a 4,29 m e 1,43 m de altura), e que tem como principal missão rejuvenescer a marca. Sintomaticamente, jogadores da seleção de futebol da Alemanha foram convocados para atuar como garotos-propaganda do Classe A -- o time nacional do país é hoje formado por uma nova geração de atletas.

O novo Classe A usa vincos nas laterais, num efeito similar ao visto no rival Série 1 e em alguns modelos da Hyundai. Na frente, o carro se vale de uma fileira de LEDs e de entradas de ar grandes para um toque de agressividade, algo também visto, na cabine, no desenho dos mostradores do painel.

As lanternas traseiras, de tamanho pequeno e quase quadradas, também lembram as do concorrente da BMW. No conjunto, ficou "jovem".

A Mercedes é considerada a mais conservadora entre as três fabricantes "premium" alemãs -- as outras duas são Audi e BMW. A luta é deixar de lado a associação quase que imediata entre sua estrela de três pontas e um público mais maduro.

O Classe A já tem data de estreia definida, ao menos na Europa, onde chega em setembro. Sua importação para o Brasil está praticamente garantida, mas deverá ocorrer apenas em 2013. Não é possível cravar a configuração que será vendida no país, já que a Mercedes costuma fechar alguns pacotes de conteúdo para o mercado nacional.

A missão do modelo é similar à do primeiro Classe A na definição. Mas o plano de ação é completamente distinto. A começar pelos rivais do novo modelo: BMW Série 1 e Audi A3, referências quando o assunto é hatch premium (a rigor, o Classe A antigo não tinha um concorrente premium). Estes dois hatches também estão mudando, mas não com a mesma radicalidade do Mercedes.

Para tanto, a Mercedes apagou da memória o conteúdo limitado do antigo Classe A e recheou o novo modelo com o que há de mais avançado nos demais carros da marca, em especial no quesito segurança. Sistemas usados em modelos maiores e mais caros da fabricante, como o Collision Prevention Assist e o Pre-Safe, que detectam situações de risco e preparam os sistemas do carro para auxiliar a reação do motorista e/ou diminuir os efeitos de um acidente, estão presentes no arsenal tecnológico do hatch.

CLASSE A EUROPEU
Na Europa, o Mercedes-Benz Classe A terá seis versões: A 180, A 200 e A 250 Sport formam o time movido a gasolina, com motores de 1,6 litro no A 180 (115 cv) e 2 litros no A 200 (156 cv) e A 250 Sport (reprogramado para 211 cv). Já os movidos a diesel -- que não podem ser vendidos no Brasil -- são o A 180 CDI (109 cv), o A 200 CDI (136 cv) e o A 220 CDI Sport (170 cv). Ambas versões Sport foram desenvolvidas em conjunto com a AMG, divisão de preparação da marca.

Todas as versões do Classe A serão equipadas com o sistema Start/Stop, que desliga o carro em paradas mais longas, como a que ocorre quando num semáforo. Há duas opções de transmissão, manual de seis marchas e a automatizada de dupla embreagem 7G-DCT.

O acabamento interno inclui materiais com diferentes texturas, procurando misturar qualidade e modernidade. E, como prova da vontade da marca em agradar os mais jovens, o Classe A terá interatividade total com iPhone, podendo inclusive ter funções comandadas pelo aplicativo de voz Siri.

QUANTO É?
Nesta noite em Genebra, a Mercedes não divulgou valores exatos -- apenas se limitou a dizer que o novo Classe A terá preço similar ao da atual geração à venda na Europa. Na Alemanha, ele vai de 21 mil euros a 28.600.

Para o Brasil, o plano da fabricante era fazer com que não apenas o Classe A, mas todos modelos que utilizarão a mesma plataforma do carro (um "mini-CLS", sedã com jeito de cupê de porte compacto-médio; uma derivação perua deste; e dois SUVs para brigar com Audi Q3 e BMW X6), custassem entre R$ 90 mil e R$ 120 mil. Tal plano sofreu abalos devido à majoração da alíquota de IPI, deixando apenas uma certeza no ar: quando vier, o Classe A e seus derivados servirão de entrada para a linha Mercedes-Benz.

O jornalista viaja a convite da Mercedes-Benz