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Por que VW Taos não consegue ameaçar Compass e Corolla Cross em vendas

O Volkswagen Taos chegou à linha 2024 com levíssimas atualizações. Na versão de entrada, Comfortline, ganhou sistemas de assistência como ACC de série. Porém, continua sem a opção de teto solar, esta apenas disponível na Highline. A configuração topo de linha, por sua vez, agora traz as rodas de 19" de fábrica. Antes, elas eram extras.

Os preços são de R$ 186.990 para o Taos Comfortline e R$ 210.990 para o Highline. Os botões sensíveis ao toque para o ar-condicionado e no volante multifuncional, por sua vez, já haviam sido acrescentados à linha 2023. Assim, ano a ano, o VW vai ganhando atualizações para se manter interessante e tentar, se não alcançar os dois principais concorrentes, ao menos manter seu posto de terceiro mais vendido do segmento.

Isso porque novos "jogadores" chegam à categoria aos montes para tentar desafiar o líder Compass e o vice-líder Corolla Cross. Mas quem acaba mais ameaçado é o tradicional terceiro colocado, o Taos.

No ano passado, vieram os chineses Territory e Haval H6 e o mexicano ZR-V. O Tiggo 7, por sua vez, ganhou este ano a tão falada versão Sport, com preço semelhante (ou até menor) ao de SUVs compactos.

A ofensiva abalou os líderes?

Com todo esse ataque, Compass e Corolla Cross não perderam suas posições tradicionais no ranking de vendas de SUVs médios de cinco lugares. E o Taos? Aí vai depender do ponto de vista. A lista inclui modelos híbridos? Se sim, o Song Plus está vendendo mais. Mesmo com o fato de partir de cerca de R$ 230 mil e ter 4,70 metros, 24 cm a mais que o VW.

Com características semelhantes às do Song Plus, o Haval H6 também vendeu mais que o Taos em 2024, até agora. Mas isso apenas quando consideramos toda a linha. Isso porque o GWM tem versões HEV e plug-in híbrida.

A primeira, apesar dos 4,68 metros de comprimento, tem preço próximo ao do Taos topo de linha, pois parte de cerca de R$ 215 mil. E a HEV representa aproximadamente 50% dos emplacamentos do GWM. Ou seja: não vende mais que o Taos.

Assim, na briga dos modelos de faixa de preço semelhante, que estão de olho no mesmo perfil de cliente, o Taos ainda é terceiro colocado. Porém, as ameaças não param de chegar. Felizmente para o VW, Taos e Territory por enquanto ainda não estão entre elas, por terem desempenho mais discreto no ranking de vendas.

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Por que não ataca os líderes?

Mas a pergunta que fica é: em vez de sofrer ameaças, por que o Taos não consegue se aproximar, em vendas, dos dois líderes? Desse trio, o VW é o que atende melhor dois requisitos que são fundamentais para os clientes de SUVs médios: capacidade de porta-malas e espaço traseiro.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Dificilmente. Carros produzidos no México sofrem mais para ter competitividade no Brasil. Apesar de estarem livres de imposto de importação, são mais dependentes de cota, pois o principal objetivo das montadoras naquele país é atender ao mercado norte-americano. Na Argentina? O alvo é o brasileiro.

Assim, pode até existir uma capacidade de produção menor para o Taos, ante a dos dois concorrentes. Mas isso não tem a ver com o fato de ser argentino. E se tivesse recebido motor 1.5 turbo, substituindo o 1.4 turbo de 150 cv, já na linha 2024?

Com certeza o Taos ficaria mais interessante, e poderia até atrair mais pessoas do perfil de clientes que almeja. Mas, em minha opinião, ainda assim não teria aquilo que é fundamental para que ele consiga volume de vendas semelhante aos de Compass e Corolla Cross. A verdade é que o VW não atende um público tão variado quanto os dois produtos.

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O Taos tem duas versões de acabamento, sempre com tração 4x2, câmbio automático de seis marchas e motor 1.4 turbo. E o Compass? O Jeep vai muito além. Ele tem as configurações que rivalizam diretamente com o VW - aquelas que trazem o propulsor 1.3 turbo.

Porém, traz também opções a diesel, com tração 4x4. Esse tipo de propulsor já não tem o mesmo apelo de antes. Tanto que, na semana que vem, a Jeep deve anunciar que vai substituí-lo pelo 2.0 turbo a gasolina, de acordo com rumores que circulam no mercado.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

A história do Jeep é semelhante à do novo Haval H6, aliás. Com versões HEV e plug-in, o modelo da GWM cativa público mais variado. As recarregáveis na tomada são mais caras, assim como as a diesel do Compass. Mas ajudam a engrossar as vendas totais da gama.

E o Corolla Cross, que é só 4x2? O Toyota tem algo que cada vez mais conquista o consumidor: versões com conjunto híbrido, além da 100% a combustão. Este é seu diferencial.

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De volta ao Taos, uma linha mais variada ajudaria o produto no ranking de vendas. Mas é isso que ele quer? Não. A escolha da Volkswagen é concorrer com as versões a combustão, com tração 4x2, dos líderes.

E, quando consideramos apenas essas opções de Compass e Corolla Cross, o argentino fica mais próximo em emplacamentos dos dois concorrentes. Não vende mais, mas consegue descontar bastante a desvantagem. Porém, o Taos já sabe: se quiser ir além do que faz hoje, precisa variar mais sua linha.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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