Paula Gama

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'Pegadinha' do conserto: por que a garantia do seu carro não é o que parece

Um dos grandes objetivos quando um consumidor decide comprar um carro zero-quilômetro é ter anos de tranquilidade devido à garantia. No Brasil, apesar de a cobertura obrigatória ser de apenas 90 dias, as montadoras oferecem entre três e seis anos. Esse contrato, no entanto, não é irrestrito e nem todas as peças do veículo são levadas em consideração.

Nos últimos anos, no mercado brasileiro, o período de cobertura da garantia virou um verdadeiro trunfo para as montadoras. Enquanto algumas marcas - como Chevrolet, Fiat, Honda e Volkswagen - oferecem a tradicional garantia de três anos, outras, como Hyundai, BYD, Caoa Chery e Toyota, apostam em cinco para conquistar os consumidores.

Outras marcas dão garantias estendidas para modelos específicos. A Ford, por exemplo, oferece cinco anos para a Ranger, e a Nissan passou a proteção da Frontier para seis anos.

Apesar dos prazos, a garantia não é o que parece. Estar sob a proteção da montadora não significa que qualquer defeito será consertado sem ônus para o consumidor. Isso acontece por dois motivos: nem todas as peças são cobertas e há condições contratuais para que os benefícios sejam mantidos.

Condições

As condições para a manutenção da garantia por todo o período combinado varia de acordo com a montadora e o veículo adquirido. Em linhas gerais, ela não cobre defeitos provocados por mau uso por parte do consumidor. Também estão fora da garantia despesas decorrentes de desgaste natural - como pastilhas de freio, óleo do motor, pneus, entre outras.

Para manter a proteção, as montadoras também exigem as realizações de todas as revisões obrigatórias nas concessionárias autorizadas pela marca, e dentro do prazo estipulado no manual. Também fica proibida a instalação de acessórios que não sejam homologados pela montadora, como reboques, central multimídia, racks de teto.

Isso ocorre devido à ausência de previsão para a montagem de um dispositivo de reboque em certos projetos. Por exemplo, os modelos Chevrolet Onix, tanto o hatch quanto o sedã, o SUV Tracker e a picape Montana não são concebidos para isso. Se o proprietário optar por utilizar o equipamento, perderá o direito à garantia.

Modificações mecânicas, como o rebaixamento do veículo ou a instalação de chips para aumentar a potência, não são recomendadas e também resultarão na invalidação da garantia. O mesmo vale para consertos feitos fora da concessionária. É importante lembrar que a garantia é um contrato e, para que seja válida, ambas as partes devem cumprir o que foi estipulado.

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Pegadinhas contratuais

Existem alguns detalhes na garantia que os menos atentos podem deixar passar despercebidos. É o caso da limitação de quilometragem: a garantia pode ter uma validade limitada em termos de tempo (por exemplo, cinco anos) ou em termos de quilometragem (por exemplo, 100 mil km), o que significa que após esse período ou quilometragem, a cobertura da garantia pode expirar.

Outra questão é que nem todas as garantias são transferíveis para um novo proprietário ao vender o veículo usado. Isso pode afetar o valor de revenda e as expectativas do novo proprietário em relação à cobertura. Também existem situações em que algumas peças do veículo têm um tempo de cobertura menor que o restante.

Por exemplo, a BYD oferece uma garantia de cinco anos para o seu veículo elétrico Dolphin. No entanto, a central multimídia do carro, que é um de seus destaques, por ser giratória, é coberta apenas por 36 meses ou 90 mil km.

De olho nos prazos

Motor e transmissão: geralmente, esses componentes essenciais do veículo têm garantias mais longas, muitas vezes cobrindo um período maior de tempo ou quilometragem devido à sua importância e ao custo significativo de substituição.

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Sistema de controle de emissões: devido a regulamentações governamentais e à importância da conformidade com os padrões de emissões, muitos fabricantes oferecem garantias estendidas para os componentes relacionados ao controle de emissões.

Componentes elétricos e eletrônicos: algumas peças elétricas e eletrônicas podem ter garantias mais curtas devido à sua propensão a falhas relacionadas a fatores como umidade, temperatura e uso intenso.

Peças de desgaste: itens como pastilhas de freio, pneus e embreagens geralmente têm ausência de garantia, pois são considerados itens de desgaste normal e sua vida útil depende em grande parte das condições de uso e manutenção.

É importante que os proprietários verifiquem os termos específicos da garantia do veículo para entender quais peças e componentes estão cobertos e por quanto tempo. Essas informações geralmente estão detalhadas no manual do proprietário ou em materiais fornecidos pelo fabricante.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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