Paula Gama

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De antialérgico a relaxante: estes remédios te colocam em risco ao volante

Embora muitos descumpram as regras, o entendimento de que álcool e drogas recreativas afetam a capacidade de conduzir um veículo é um consenso entre todos. O que grande parte dos motoristas não sabe é que uma ampla gama de medicamentos utilizados costumeiramente pelos brasileiros pode até triplicar o risco de acidentes aos volantes. Entre os remédios que necessitam da atenção do motorista estão analgésicos, antidepressivos, antialérgicos e ansiolíticos.

Quem faz o alerta é a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), que publicou uma diretriz de conduta médica inédita, avaliando a interface entre diversas medicações - especialmente aquelas com substâncias psicoativas - e a condução de veículos.

O documento também tem como propósito orientar políticas públicas e prestar serviço à população, ao chamar a atenção para os cuidados que o paciente deve tomar ao assumir a direção.

Uma das propostas é que medicamentos considerados perigosos tenham alguma sinalização na caixa, que avise o usuário do risco de conduzir veículos quando estiver sob o efeito da droga - como acontece em muitos países da Europa.

De acordo com a Abramet, a diretriz (um documento de 34 páginas) traz a informação científica mais recente e relevante, e será uma ferramenta para a melhor tomada de decisões pelo médico.

Qual é o efeito?

Flavio Adura, diretor científico da Abramet, explica que alguns grupos de medicações possuem substâncias psicoativas capazes de causar efeitos colaterais como sonolência, tontura, visão turva, prejuízo à coordenação motora e diminuição do tempo de reação - indispensáveis para evitar sinistros no trânsito.

"Determinados medicamentos duplicam ou triplicam o risco de acidentes. A maior parte deles é prescrita por médicos, mas também há muitos que são adquiridos na farmácia, sem receita, como relaxantes musculares, que têm efeito similar ao uso de bebidas alcoólicas. Em alguns casos, considerando um homem de estatura mediana, é como se tivesse consumido de três a quatro doses de bebidas alcoólicas", alerta o representante da Abramet.

Mesmo que o condutor esteja acostumado a tomar a medicação e não sentir alterações, Adura explica que alguns fatores podem piorar o quadro, assim como algumas pessoas são mais propensas a mudar de comportamento do que outras.

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"Se for prescrito por um médico, não é para parar o remédio, é importante ter a atenção de não associá-lo ao uso de outras medicações. Ou explique ao médico que é motorista e busque outras opções mais seguras", afirma.

A boa notícia é que, de acordo com Adura, muitas dessas medicações podem ser substituídas por drogas similares, com objetivo parecido, mas outra composição. Como é o caso dos antialérgicos de segunda geração, que não causam sonolência. Veja abaixo alguns medicamentos potencialmente prejudiciais

ANTIDEPRESSIVOS
Podem causar sonolência, hipotensão, tontura, diminuição do limiar convulsivo, prejuízo nas funções psicomotoras.

ANTI-HISTAMÍNICOS (ANTIALÉRGICOS)
Conhecidos popularmente como antialérgicos, algumas drogas podem causar sedação, aumento do tempo de reação e desempenho psicomotor prejudicado.

BENZODIAZEPÍNICOS (ANSIOLÍTICOS)
Muito usado para o tratamento de insônia, essas medicações afetam quase todos os domínios cognitivos do desempenho do condutor.

HIPNÓTICOS Z (ANTIDEPRESSIVOS)
Causa sedação, lapsos de atenção, erros de rastreamento, diminuição do estado de alerta e instabilidade corporal.

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OPIÁCEOS (ANALGÉSICOS)
Causa sedação, diminuição do tempo de reação, reflexos e coordenação, déficit de atenção, miose e diminuição da visão periférica.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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