Paula Gama

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Como chineses estão ajudando a Rússia a produzir carros piratas da Citroën

Desde o início da guerra contra a Ucrânia há dois anos, a Rússia vem sofrendo pesadas sanções comerciais. No ambiente automotivo o cenário é bem crítico, com todos os fabricantes ocidentais deixando de produzir no país. Para abastecer o mercado, o governo local tem recebido ajuda de empresários chineses para fazer carros 'piratas' em fábricas deixadas para trás por montadoras.

De acordo com a agência Reuters, o caso ocorre em uma planta da Stellantis desativada pelo grupo em abril de 2022. No local, operadores russos têm produzido unidades do Citroën C5 Aircross.

Antes da invasão à Ucrânia, a fábrica produzia modelos de Peugeot, Citroën, Opel e Mitsubishi, e tinha capacidade anual de 125 mil veículos. Ao deixá-la para trás, a Stellantis teve um prejuízo de cerca de R$ 770 milhões.

Aos 47 anos de idade Lada Niva segue firme forte na Rússia e terá peças feitas por condenados a trabalhos forçados
Aos 47 anos de idade Lada Niva segue firme forte na Rússia e terá peças feitas por condenados a trabalhos forçados Imagem: Foto: Lada | Divulgação

O esquema foi descoberto porque, em dezembro do ano passado, a empresa russa Automotive Technologies importou sem autorização da Stellantis pelo menos 42 kits para a montagem do C5 Aircross na fábrica de Kaluga.

A informação foi extraída de registros alfandegários aos quais a Reuters teve acesso. Fabricados na China, os kits teriam sido produzidos pelo grupo Dongfeng, que fornece peças para a Stellantis em solo chinês. A informação também foi confirmada por funcionários de diferentes concessionárias russas de automóveis.

Ainda segundo a Reuters, as descobertas destacam a falta de controle de empresas ocidentais sobre suas plantas após suspenderem as operações russas ou deixarem o país. Demonstram também a crescente dependência de Moscou em relação a Pequim, particularmente na indústria automotiva.

Procurada pela agência, a Stellantis disse que perdeu o controle de suas propriedades na Rússia. Já a Dongfeng não respondeu os questionamentos.

Sobrevivendo às sanções

Embora muitos fabricantes de automóveis estrangeiros tenham abandonado o mercado russo, alguns fornecimentos continuam a chegar ao país através de um esquema de 'importações paralelas' introduzido pelo governo. Isso permite que tragam produtos do exterior sem a permissão do proprietário da marca. Nesse contexto, os modelos Citroën continuam disponíveis para venda na Rússia.

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Confirmando a descoberta da Reuters, a Automotive Technologies Kaluga anunciou em dezembro de 2023 a produção de um lote piloto de 48 crossovers de médio porte, antes da produção em massa a partir de 2024 - sem revelar o modelo e a montadora do veículo.

Acordo Rússia - China

Em novembro, o governo chinês solicitou assistência à Rússia para ampliar suas operações no setor automotivo. De acordo com a agência de notícias estatal, o embaixador na Rússia, Zhang Hanhui, expressou a necessidade de respaldo político para que as montadoras de automóveis chinesas possam estabelecer presença no país vizinho.

O representante diplomático mencionou a possibilidade de uma colaboração bilateral que permita às empresas automotivas chinesas fabricar e comercializar veículos na Rússia. Além disso, Zhang destacou que a China pretende aproveitar o parque industrial automotivo já existente para desenvolver carros destinados ao mercado russo.

Vale ressaltar que, enquanto o acordo não sai, os consumidores também têm recorrido à Lada, com modelos projetados nos anos 1970. Com isso, as vendas mensais de veículos caíram de 127 mil mensais (2021) para cerca de 40 mil por mês em 2023.

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*Com informações da agência Reuters

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