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Paula Gama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

5 sinais de que você não sabe dirigir o seu próprio carro

Para o câmbio CVT funcionar da melhor forma, é preciso acelerar com suavidade  - Foto: Shutterstock
Para o câmbio CVT funcionar da melhor forma, é preciso acelerar com suavidade Imagem: Foto: Shutterstock

Colunista do UOL

31/01/2023 04h00

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A regra é clara: não adianta comprar o veículo mais econômico do mercado ou com a mecânica mais confiável e sofisticada se você não souber guiá-lo com destreza. O modo de condução pode ser responsável por aumentar o consumo e o nível de desgaste das peças e até inutilizar os equipamentos mais tecnológicos. E a cereja do bolo é que cada carro tem a sua forma ideal de condução. Será que você conhece a do seu?

Para se ter uma ideia, na última semana os fabricantes de veículos elétricos começaram a anunciar seus produtos com uma redução de 30% na autonomia, mesmo sem nenhuma mudança na parte técnica dos veículos. Na prática, as montadoras tiveram que abandonar o padrão de medição mais utilizado, o europeu WLTP, para contemplar a metodologia PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem veicular) do Inmetro, adaptada ao estilo de dirigir do brasileiro, que ainda não está acostumado com a frenagem regenerativa - fundamental para otimizar a bateria.

O cenário deixa bem claro a importância de aprender a dirigir o seu carro, já que a falta de conhecimento pode aumentar o consumo em até 30%. Confira cinco sinais de que você está errando na condução.

1. Não usa a frenagem regenerativa do seu elétrico

Diferente do que acontece com veículos a combustão, o anda e para das cidades é um prato cheio para economia de energia nos elétricos. Isso porque esses carros possuem frenagem regenerativa, que aproveita as sobras de energia durante a redução da velocidade.

O ponto alto é a configuração chamada "one pedal", quando apenas o pedal do acelerador é utilizado na condução. Nesse caso, para reduzir, não se utiliza o freio, basta tirar o pé do pedal de aceleração, assim o freio regenerativo é usado em todo seu potencial. Nos modos econômicos, essa regeneração é intensificada, e a redução de velocidade ao tirar o pé do acelerador é ainda mais forte. É preciso se acostumar com a calibragem, mas vale a pena se a intenção é economia.

2. Não é suave com o câmbio CVT

Com a proposta de economizar combustível, o câmbio CVT é capaz de acelerar o carro sem subir os giros do motor, mudando a velocidade através das polias, explica o engenheiro da SAE Almiro Moraes Júnior.

"Com isso, o carro é mais anestesiado, ou seja, tem um delay no tempo de resposta do acelerador. O motorista desavisado pode acabar pisando mais forte e, nessa hora, outra função do CVT é acionada: a que interpreta que o motorista está em uma situação de risco e precisa de mais torque, aumentando os giros e consumindo mais combustível".

Por isso, a forma correta de acelerar um carro com câmbio CVT é suave e gradual. Nada de "pisar forte" sem uma real necessidade.

3. Estica marcha e freia sem necessidade o carro manual

A "esticada" na marcha, ou seja, andar com uma marcha mais baixa do que a indicada para a velocidade, é considerada por muitos uma das vantagens do carro manual. É certo que o carro fica mais agressivo, mas o custo é altíssimo. Além de consumir mais combustível, subindo os giros do motor, pode causar desgaste precoce em peças importantes e caras.

Dirigir de forma suave, antecipando as frenagens, é a forma indicada para quem deseja gastar menos dinheiro com abastecimentos - portanto, nada de "esticar" as marchas. "Frear bruscamente depois exige acelerar mais, sem necessidade, para tirar o veículo da inércia. Isso eleva e muito o consumo", ensina o engenheiro Everton Lopes.

4. Descansa o pé na embreagem

Segundo Lopes, o pedal de embreagem deve ser acionado, até o fim do curso, apenas ao trocar de marcha. O costume de deixar o pé apoiado no pedal, por menos que seja, causa desgaste acentuado de todo o sistema - afirma o engenheiro.

"Mesmo ao pressionar levemente o pedal, não há atrito total entre o disco e o platô. Com isso, o disco 'escorrega', causando um efeito semelhante ao de uma lixa. Isso também força desnecessariamente as molas de pressão do sistema", explica.

5. Usa o "N" como se fosse ponto-morto

Quem acabou de comprar um carro automático pode achar que o "N" equivale ao ponto-morto. A verdade é que parece, mas não é. Diferente do carro mecânico, ao parar no sinal, não se aciona o "N", o correto é continuar no "D" com o pé no freio. A função "N" deve ser usada quando o carro é rebocado e, em hipótese alguma, para andar "na banguela" na intenção de economizar combustível.

"Colocar o câmbio em neutro na verdade faz o carro gastar mais combustível do que se estivesse engrenado. O sistema de injeção é calibrado na fábrica para entrar em modo de baixo consumo assim que você tira o pé do acelerador, com a transmissão em "D". Isso faz com que o motor receba apenas a quantidade necessária de combustível para mantê-lo girando", explica Edson Orikassa, vice-presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).

Especialmente em uma descida de serra, colocar o câmbio em "N" ainda traz risco de acidentes. "Com as rodas de tração livres, você acaba sobrecarregando os freios, que podem superaquecer, perdendo a eficiência", esclarece o especialista.

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