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Paula Gama

REPORTAGEM

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Sete dicas de campeões das pistas provam que você não dirige com segurança

BMW/Imprensa
Imagem: BMW/Imprensa

23/09/2022 04h00

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A maioria dos motoristas com anos de volante tem a convicção de que dirige bem: são pessoas que aprenderam a dirigir há muitos anos e conduzem com tranquilidade em qualquer situação.

Contudo, sentir-se tranquilo ao volante não significa dirigir com segurança, muito menos estar preparado para uma situação extrema.

No último fim de semana, participei do BMW Driver Training, um curso de pilotagem com foco em habilidades, esportividade, mas, principalmente, segurança de direção, ministrado pelo maior campeão da Stock Car, Ingo Hoffmann, e Helena Deyama - campeã em diversas categorias do automobilismo brasileiro.

Logo nos primeiros minutos de aula, ainda na parte teórica, foi nítida a percepção dos participantes sobre como sabiam muito pouco sobre direção e segurança.

Estar confortável no banco do motorista não é garantia de segurança em longa viagem, nem mesmo em pequenos trajetos do dia a dia. Confira alguns ensinamentos dados por Hoffmann e Deyama para uma condução segura de verdade.

1- Maioria dos condutores deixa o assento baixo demais

Regulagem do banco do motorista - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

Nem todos os carros têm regulagem de altura para o banco do motorista, mas, nos que disponibilizam essa ferramenta, na maioria das vezes é um erro deixá-lo na opção mais baixa.

"A maioria utiliza o assento em uma posição mais baixa do que deveria. Em carros normais, com exceção de SUVs, um motorista deveria ficar com a cabeça a quatro dedos do teto. Se estiver muito mais baixo que isso, está baixo demais. Você poderá não estar pronto para reagir em uma situação de urgência", explica Ingo Hoffmann,

2- Os pedais são o centro de tudo

Não se deve ficar muito distante dos pedais ao dirigir  - foto: Shutterstock - foto: Shutterstock
Não se deve ficar muito distante dos pedais ao dirigir
Imagem: foto: Shutterstock

Os pedais devem ser a principal referência para encontrar a posição ideal de dirigir. O campeão de Stock Car explica que, para acionar o freio em uma situação de emergência, é preciso pisar no pedal com toda a força e em uma única "pancada" - em carros modernos, equipados com sistema ABS, que evita o travamento total das rodas.

Fazer isso de forma eficaz só é possível se a pessoa estiver em posição sentada - e não deitada, como se estivesse em uma cadeira de praia ou poltrona.

Para acionar o freio ABS da maneira mais adequada, também é necessário estar mais perto dos pedais do que a maioria das pessoas fica.

"Se a perna estiver esticada demais, não terá força para dar a pancada no freio, além de ter mais chances de se machucar", alerta Hoffmann.

3- Apoio do banco ereto

O risco de colocar o apoio do banco muito deitado é afastar demais os braços do volante, perdendo a força em situações de emergência - Reprodução - Reprodução
O risco de colocar o apoio do banco muito deitado é afastar demais os braços do volante, perdendo a força em situações de emergência
Imagem: Reprodução

O ângulo do apoio do banco também não pode ser muito inclinado.

Novamente, os especialistas alertam que é importante dirigir "sentado".

Quanto mais esticados os braços ficarem, mais difícil será ter força e mobilidade para controlar o volante em uma situação de emergência ou perda de direção, ensinam os especialistas.

4- Mãos sempre em posição "9h15"

Segurar o volante pelo topo é comum, mas compromete a precisão nas curvas - Foto: Shutterstock - Foto: Shutterstock
Segurar o volante pelo topo é comum, mas compromete a precisão nas curvas
Imagem: Foto: Shutterstock

O posicionamento das mãos no volante é uma das questões mais polêmicas da condução.

A maioria das pessoas tem alguma mania na hora de dirigir ou fazer determinadas manobras.

No entanto, Ingo e Helena são claros ao explicarem que as mãos jamais podem sair da posição "9h15" - pensando em um relógio de ponteiros -, que é exatamente onde o volante tem uma empunhadura para acomodar os polegares.

É nessa posição que os pilotos de qualquer categoria do automobilismo dirigem, porque, assim, é possível acertar o volante com mais precisão.

Além disso, assim, você gira o volante em 180º para qualquer lado sem precisar tirar as mãos dele.

É muito mais fácil desviar de obstáculos com as mãos posicionadas corretamente do que com elas acima ou abaixo do indicado.

5- Não ignore o apoio de cabeça

Apoio de cabeça banco do motorista - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Você ajusta o encosto de cabeça do banco após alguém maior ou menor do que você desocupar o assento?

A maior parte das pessoas não faz isso e acaba compromentendo proteção do equipamento, que deve ficar o mais próximo possível da cabeça do ocupante, quando sentado.

O ajuste evita o "efeito chicote" em caso de colisão, quando a cabeça vai à frente e volta para trás - o que pode causar sequelas graves e até morte.

6- Sapatos corretos ao dirigir

Dirigir de salto alto - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Segundo o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), é necessário dirigir com sapatos fixos aos pés e sem salto. Mas os pilotos vão além ao dar dicas: evite calçados muito largos.

"É comum o uso de botas, mesmo que sem salto, que são largas demais e tiram a sensibilidade dos pés. O risco é, em uma situação de emergência, ao pisar no freio com toda a força, acabar esbarrando também no acelerador. O freio ganha, mas a frenagem é atrasada, o que pode ser determinante na hora de evitar ou não um acidente", explica Ingo.

A dica é usar sapatos rentes aos pés, como tênis e sapatilhas, que não sejam grossos demais a ponto de tirar a sensibilidade.

7- Apure a percepção de velocidade

Gráfico mostra a distância necessária para parar um carro de acordo com a velocidade - SOS Estradas - SOS Estradas
Gráfico mostra a distância necessária para parar um carro de acordo com a velocidade
Imagem: SOS Estradas

Com a evolução da qualidade dos carros, principalmente os modelos de luxo, fica cada vez mais difícil uma percepção real da velocidade.

Por isso, muitos dirigem a 110 km/h sem a real sensação de estar muito rápidos. Quando ocorre uma situação que exija mais atenção, como obstáculos na pista ou chuva, reduzem a velocidade, mas não o suficiente.

"Neste momento, minha indicação é reduzir muito, para 70 km/h. Às vezes, você reduz de 110 km/h para 90 km/h, acha que está devagar, mas ainda é uma velocidade considerável. Está em situação de atenção? Baixe para 70 km/h e vá aumentando aos poucos, quando sentir segurança".

Um estudo do SOS Estradas mostra que a distância necessária para a parada total do veículo aumenta progressivamente de acordo com a velocidade. A 32 km/h, até parar, o carro percorre 6m referente ao tempo de reação do motorista ao obstáculo, e mais 6m até o freio realmente se concretizar, um total de 12m.

Aos 64 km/h, a distância percorrida no tempo de reação é de 12m - já que o carro está percorrendo mais metros por segundo -, e mais 24m até a parada total. Um total de 36m. A 112 km/h, números assustadores: 21m no tempo de reação, mais 75m até parada total, 96 metros percorridos desde que o motorista vê o obstáculo até conseguir parar o carro, o que pode não ser suficiente para evitar um atropelamento, por exemplo.

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