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Paula Gama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Fim da bolha: por que preço dos carros usados começará a desabar

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Colunista do UOL

20/08/2022 04h00Atualizada em 20/08/2022 12h02

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Entre 2020 e 2021, o segmento de usados no país passou por um verdadeiro frenesi. No ano passado, esses modelos ficaram até 24% mais caros, a depender do ano de fabricação. Mas o mercado já dá fortes sinais de estabilização: de acordo com os dados da Fenauto (Federação Nacional dos Revendedores de Veículos), a média dos preços dos veículos usados caiu 7,5% no intervalo de três meses entre abril e junho deste ano. Isso quer dizer que quem se rendeu aos preços altíssimos pode amargar grandes prejuízos nos próximos meses.

Para justificar a queda de preço dos usados há alguns fatores. Primeiramente, não está mais tão difícil comprar um carro novo como há um ano, no auge da falta de componentes, quando havia espera de meses por um veículo zero-quilômetro.

Os especialistas também apontam para outro extremo: o consumidor que decidiu simplesmente não comprar carro nenhum, ou seja, desiste de tentar acompanhar a alta dos preços. Para se ter uma ideia, um levantamento da Serasa e Opinion Box mostra que a renda de 34% da população foi reduzida após dois anos de covid-19 - sem contar a perda do poder de compra causada pela inflação.

Há um alfinete que promete fazer a bolha estourar de vez: a renovação de frota das locadoras de veículos. Desde maio, a participação do setor de locação nas compras de veículos novos tem aumentado, chegando a 32% do que foi vendido em julho. No primeiro semestre, foram mais de 220 mil veículos comprados por essas empresas. Isso significa que as locadoras colocarão parte dos seus automóveis usados à venda, comumente com preços atrativos.

Com um número expressivo de seminovos chegando ao mercado, é natural que o preço caia ainda mais. É a lei da oferta e da procura.

Lá vem prejuízo...

O revés óbvio para quem comprou um seminovo por um preço muito mais alto do que ele valia é perder mais dinheiro do que gostaria na revenda. Mas esse dispêndio pode ter sido aliviado se ele também vendeu seu carro nessa fase. No entanto, há outro detalhe indigesto: financiamentos de veículos usados são tradicionalmente mais caros, já que as taxas não são subsidiadas por montadoras, mas alguns deles têm os juros pós-fixados ligados à Selic, que está em alta, a 13,75% ao ano.

O cenário ficou difícil para quem aceitou pagar até 24% a mais por um carro - e ainda teve gente que topou custear o ágio - e ainda tem que ver sua dívida ficar cada dia maior, enquanto o seu bem vale cada vez menos. Para os que seguraram a onda durante todo esse tempo, a hora certa está chegando.

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