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Honda CB 400: veja a história da primeira moto "grande" produzida no Brasil
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Quem viveu nos anos de 1980, certamente se lembra da Honda CB 400. O modelo era o desejo de todo motociclista e o sonho até de quem, como eu, nem tinha idade para andar de moto. Seu motor de 40 cavalos pode não impressionar nos dias de hoje, mas era o máximo em desempenho que se podia ter naquela época no Brasil.
Com as importações de automóveis e motos proibidas desde 1976 pelo regime militar, a CB 400, lançada em 1980, foi a primeira moto "grande" produzida no Brasil. Com isso, o modelo entrou para o imaginário de uma geração de motociclistas - muitos dos quais reclamaram, com razão, da ausência do modelo na lista que fiz para homenagear os 50 anos da Honda no Brasil. Nesta coluna, tento reparar a injustiça.
Seu motor bicilíndrico com 395 cm³ de capacidade, comando no cabeçote e três válvulas por cilindro, produzia 40 cv de potência máxima a 9.500 rpm e podia chegar a 170 km/h. Desempenho bem superior ao das motos de baixa cilindrada, como a CG 125 e a Yamaha RX 125, até então fabricadas por aqui.
Vale destacar também o bom torque do modelo, de 3,2 kgf.m a 8.000 rpm, que 'economizava' trocas de marchas no câmbio de seis velocidades e facilitava a pilotagem urbana.
Ícone de uma época
Apesar de ter apenas 400 cc, o hiato de cinco anos nas importações fez da CB 400 o objeto de desejo de todo motociclista. Mas, além do desempenho, a moto tinha outras qualidades em relação aos modelos menores.
A começar pela partida elétrica, uma grande facilidade em uma época na qual as motos eram ligadas no pedal. Suas rodas Comstar, de 19 polegadas, na dianteira, e 18, na traseira, tinham cubo em aço estampado e aros de alumínio, se diferenciavam das rodas raiadas de outras motos.
O tanque de 17 litros e o farol redondo conferiam um ar de moto grande, fazendo-a se destacar das 125 cc que circulavam por aí. O banco largo em dois níveis garantia o conforto para viajar.
Mas a CB 400 também tinha lá suas limitações. O sistema de freios, com um único disco na dianteira e tambor na traseira, exigia certa antecipação na frenagem para parar os quase 200 kg em ordem de marcha - exatos 176 kg a seco.
A CB 400 teve 67.550 unidades produzidas entre 1980 e 1984. Fez tanto sucesso que deu origem a outras versões nos anos seguintes. Como a CB 400 II, versão mais luxuosa e com dois discos de freio na dianteira, lançada em 1982.
Motor maior
Em 1983, a Honda apresentava a evolução da CB 400. A CB 450 ganhou pistões de maior diâmetro e, com isso, a capacidade cúbica do bicilíndrico passou para 447 cm³.
O ganho em potência não foi substancial, subiu para 43 cv, mas o torque máximo saltou para 4,3 kgf.m. A "força" extra fez o que era bom ficar ainda melhor.
A CB 450 também recebeu rodas de liga-leve e incorporou o disco duplo na dianteira. Na parte estética, o farol redondo deu lugar a um conjunto óptico quadrado, formato seguido pelo painel.
O modelo ganhou mais duas versões, Custom e Esporte, que se diferenciavam por detalhes de acabamento, como a pintura e a pequena carenagem de farol na Esporte, e também pela altura do guidão, mais alto na Custom.
Fez tanto ou mais sucesso do que a CB 400, o que motivou a Honda a ter cinco versões da CB 450 produzidas em 1986. Incluindo a mais valorizada pelos colecionadores, a CB 450E Nelson Piquet.
A série limitada reproduzia as cores e grafismos da Williams-Honda com a qual o piloto foi tricampeão de F1 em 1987. A moto era vendida com um capacete nas mesmas cores da moto e com detalhes em vermelho e branco, como o de Piquet, relembra Alfredo Guedes, engenheiro da Honda, que possuiu uma à época. "Me arrependo até hoje de ter vendido", lamenta.
Em 1987, a Honda passou a produzir uma versão única, a CB 450 TR. Para driblar o congelamento de preços do Plano Cruzado, o modelo voltou a ter disco simples, na dianteira, e freio a tambor, na traseira.
No final daquele ano, a Honda lançou a CB 450 DX, sigla que indicava um modelo luxuoso (deluxe). Ganhou pintura e grafismos novos, além de retrovisores quadrados e uma nova rabeta, mais envolvente. Voltaram os discos duplos, na frente, e foi adotado disco simples na roda traseira.
A CB 450 DX ficou em linha até o fim do modelo, em 1994. Durante o período, a Honda produziu 20.010 unidades da DX.
Versão esportiva
Em 1989, para tentar brigar com a Yamaha RD 350, a Honda criou a CBR 450 SR. Com carenagens e visual mais esportivo, a CBR 450 SR usava a base do motor da CB 450, mas produzia 46,3 cv de potência máxima.
Outra inovação foi a mudança da suspensão traseira, que trocou os dois amortecedores pela suspensão Prolink, com um amortecedor apenas, fixado por links à balança traseira.
Com pedaleiras recuadas e guidão mais baixo, para proporcionar uma pilotagem esportiva, a CBR 450 SR protagonizou diversas disputas nas pistas dos campeonatos de motovelocidade. Sucesso de vendas com 13.891 unidades, a CBR 450 SR também foi aposentada em 1994.
Só em 1997, os motociclistas voltaram a ter uma representante bicilíndrica da família CB da Honda, com a chegada da CB 500, uma moto completamente nova. Mas isso já é uma outra história.
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