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Caçador de carros: Volkswagen Passat é boa opção de carro antigo? Descubra

Versão GTS Pointer tinha até bancos esportivos da marca Recaro - Divulgação
Versão GTS Pointer tinha até bancos esportivos da marca Recaro
Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, de São Paulo (SP)

30/01/2019 07h00

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Carro foi o sonho de uma geração e oferta no mercado de usados é grande, mas escolher um bom exemplar demanda alguns cuidados

Dirigir carros antigos é uma experiência interessante. Eu me divirto quando tenho a oportunidade de avaliar modelos com décadas de vida, mas que ainda apresentam boa disposição. Quase sempre termino com vontade de ter um na garagem.

É o caso do Volkswagen Passat, que há 30 anos deixava de ser fabricado no Brasil. Seu sucessor, o VW Santana, chegara anos antes e por um tempo dividiram os showrooms das concessionárias, até que a Volkswagen decidiu focar apenas no Gol e seus derivados, além do próprio Santana e sua versão perua.

O Passat voltaria ao Brasil no final de 1994, já em sua quarta geração, porém importado da Alemanha, operação que se mantém até hoje com a atual oitava geração. Por mais incrível que o Passat importado seja, está longe de ter o glamour do Passat nacional, que em 14 anos de produção, vendeu mais de 676 mil unidades (somando com os exportados, são quase 900 mil Passats produzidos). Não é preciso pesquisar para saber que o importado ainda não chegou perto desse número nos 24 anos que é vendido por aqui.

Pessoalmente, tenho grande respeito pelo Passat. Meu pai teve alguns, talvez uns 4 ou 5, entre o final dos anos 70 e início dos anos 80. Ao que tudo indica, fui embora da maternidade em um.

Mas esse foi o último que ele teve e claro que eu não lembro de nada. Quando comecei a ter noção das coisas, o Passat estava no final da vida. Por muitos anos, era só um carro antigo e barato no mercado de usados, útil para quem precisasse de um meio de transporte robusto e de baixa manutenção.

Ou seja, cresci vendo Passats como carros indiferentes nas ruas. Foi uma surpresa quando na metade dos anos 2000, começaram a surgir os Passats de colecionadores com preços acima de alguns carros novos.

Por que ter um?

A princípio isso não fazia sentido para mim. Por que pagar tão caro por esses carros antigos?

Achei a resposta dessa questão no final de 2017, quando um professor de Minas Gerais pediu para eu avaliar alguns Passats para ele. Por ser de uma geração acima da minha, esse professor vivenciou bem os tempos de glória do Passat e sonhava em ter um na versão GTS Pointer na garagem. Estava disposto a pagar acima da média de mercado para ter um bom carro, mas também não queria pagar uma fortuna por um de colecionador. A ideia era usar o Passat no dia a dia, nos curtos trajetos de casa ao trabalho e em eventuais viagens.

O primeiro foi um cinza na cidade de Piracicaba. O negócio não foi para frente, pois o carro estava muito descaracterizado e com mecânica ruim. Não deu nem para andar com o carro.

Já o segundo foi um prata na cidade de Curitiba, carro que foi registrado nesse vídeo abaixo. Aqui deu tudo certo, era exatamente o que meu cliente queria. Na ocasião, me propus a trazer o carro até São Paulo, onde me encontraria com ele para fazer a entrega.
Foi uma viagem muito prazerosa que fez eu entender a paixão que esse professor e tantos outros brasileiros tem pelo Passat. Não basta olhar para a bela carroceria do Passat, ele precisa ser guiado e é aqui que ele se destaca.

Diferente de outros carros antigos, o Passat tem dirigibilidade bem próxima de qualquer outro carro moderno. A posição de dirigir é excelente, com o banco numa posição baixa. No caso desse GTS Pointer, são da marca Recaro, com bom apoio lombar, para as pernas, e abas laterais que seguram melhor o corpo nas curvas. O motor é fantástico, com muito torque em baixas rotações e o câmbio extremamente macio. Com esses predicados, cumpri o trajeto Curitiba - São Paulo como se estivesse num carro moderno.

No dia seguinte, me encontrei com o professor para entregar o carro. Ele veio de Minas Gerais com sua esposa, iam passar na cidade de Aparecida e só depois voltariam para casa. Entreguei as chaves e o parabenizei pela compra, na certeza que o Passatão encararia mais essas centenas de quilômetros que estavam planejando.

Volkswagen Passat GTS Pointer 1 - Felipe Carvalho/UOL - Felipe Carvalho/UOL
Exemplar em perfeito estado veio de Curitiba rodando normalmente
Imagem: Felipe Carvalho/UOL

Cuidado antes de comprar

Meses depois, outro cliente solicitou que eu avaliasse um GTS Pointer vermelho, mas dessa vez em São Paulo mesmo. Ele estava sendo negociado por um valor maior que o prata que trouxe de Curitiba, além de ter as desejadas placas pretas, que atestam a originalidade e qualidade do veículo.

A expectativa era a melhor possível, fui até preparado para gravar um vídeo desse outro carro. Porém, infelizmente me deparei com algo que acontece com frequência no nosso mercado. Era um carro ruim, porém maquiado para parecer bonito nas fotos. Serviços de funilaria e pintura mal feitos, estofamento refeito sem respeitar os padrões originais, além de tantos outros detalhes que inviabilizaram a compra.

O Passat está em alta, mas é preciso ter cuidado na escolha. Não dá para acreditar em placa preta, tampouco nos que tem preços altos. Podem ser indicativos de um bom carro, mas ele deve ser avaliado por um especialista para atestar se o carro que está comprando vale o que está sendo pedido.

Quanto pagar?

Se tem Passats moídos e destruídos que mal passam dos mil reais, alguns já ficaram famosos na internet por ultrapassar a barreira dos R$ 100 mil! Portanto, tudo vai depender do que o comprador está buscando. Se o objetivo for ter um carro de exposição, daqueles que só saem de casa montados num caminhão plataforma, prepare o bolso e a paciência. 

Mas eu me identifico mais com aqueles que querem apenas um bom carro para poder usar e curtir de verdade. Para esses, algo entre 15 e 25 mil reais já estão bem pagos. Não espere por pintura original, baixa quilometragem e ausência de detalhes. Passats nesses valores são bons carros que também foram usados ao longo do 30 ou 40 anos de vida, portanto tem suas marcas de guerra.

Qual eu teria?

No fim das contas, hoje o Passat está na lista dos carros clássicos que eu teria na garagem. Particularmente, me identifico muito com o Passar GTS Pointer de 1984, que ainda não tinha os para-choques envolventes que recebeu em 85, mas foi o primeiro a vir com o fabuloso motor 1.8. Outro que me encanta são os LSE 86, destinados ao mercado Iraquiano. Apesar no antigo motor 1.6, tem particularidades como interior vermelho na maioria dos casos.

E você, qual Passat você teria ou já tem na garagem?