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Rio de Janeiro

Mocidade arrebata Sapucaí; São Clemente mostra qualidade de samba e bateria

Anderson Baltar

Colaboração para o UOL

23/01/2017 10h09

Desde o final dos anos 1950, quando o saudoso mestre André inventou a paradinha, a Mocidade Independente de Padre Miguel era, jocosamente, chamada de “bateria cercada de uma escola”. Com o passar dos anos, a verde e branca virou o jogo e se transformou em uma das maiores campeãs da Sapucaí, acumulando cinco títulos. Nos últimos anos, porém, a escola amargou posições ruins. Disposta a retomar os dias de glória, a Mocidade pisou forte no seu ensaio técnico na Sapucaí, na noite deste domingo (22), deixando seus torcedores empolgados e confiantes. A São Clemente, por sua vez, apostou em um belo samba e em uma ótima bateria.

A noite foi aberta com a empolgada apresentação da Estácio de Sá, rebaixada no último Carnaval para a Série A (equivalente ao Grupo de Acesso). Em seguida, foi a vez da São Clemente. A escola do bairro de Botafogo, que sempre brigou contra o rebaixamento, adquiriu outro status com a contratação da carnavalesca Rosa Magalhães, obtendo, nos dois últimos anos, um oitavo e um nono lugar. O desafio de seus componentes agora é conseguir chegar ao Desfile das Campeãs, destinado às seis primeiras classificadas.

Para atingir o sonho, a preta e amarela de Botafogo mostrou um bom samba e uma bateria muito bem afinada e entrosada. O hino que defende o enredo “Onisuáquimalipanse”, elaborado por compositores campeoníssimos na Portela, como Luiz Carlos Máximo e Toninho Nascimento, teve ótimo desempenho, com show da bateria dos mestres Gil e Caliquinho.

Rosa Magalhães veio no tripé da comissão de frente, cujo coreógrafo é Sérgio Lobato. Sob insistente chuva, ela foi muito aplaudida pelo público da Sapucaí. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabricio e Denadir, se apresentou com segurança. O senão do ensaio da São Clemente foi a evolução e a harmonia, que apresentaram falhas. Em muitas alas, o canto não era uníssono, com vários componentes demonstrando que ainda não dominam a letra do samba.

Para delírio de sua torcida organizada, que lotou o setor 3 da Sapucaí, a Mocidade Independente de Padre Miguel entrou na avenida mostrando que pretende brigar por uma boa colocação. Impulsionada por um dos melhores sambas do ano, a verde e branca deu show de empolgação e evolução, com componentes soltos e animados, cantando o tempo todo. A bateria comandada por mestre Dudu foi um show à parte, com bossas muito bem ensaiadas e a tradicional cadência.

Na ausência da rainha de bateria, a angolana Carmem Mouro -- que justificou sua ausência por problemas de saúde com direito a divulgação de um atestado médico -- quem brilhou foi a musa Camila Silva, que arrebatou a arquibancada com simpatia e samba no pé. Outro destaque foi o intérprete Wander Pires, que retorna à escola que o revelou. Ele conquistou o público já no esquenta, ao cantar “Ziriguidum 2001”, samba que conduziu a Mocidade ao campeonato em 1985.

Os ensaios técnicos na Sapucaí continuam no próximo final de semana. No sábado (28), desfilam Acadêmicos do Sossego, Acadêmicos da Rocinha e Acadêmicos de Santa Cruz (todas da Série A). No domingo (29), é a vez do Império da Tijuca (Série A), Beija-Flor de Nilópolis e Acadêmicos do Grande Rio (ambas, do Grupo Especial).