Vacina da gripe: quem pode e quem não pode tomar? Tire dúvidas

O Ministério da Saúde antecipou a vacinação contra a gripe (influenza) este ano. Tradicionalmente realizada em todo o Brasil entre os meses de abril e maio, neste ano, a campanha começou nesta segunda-feira (25), em razão do aumento da circulação de vírus respiratórios no país.

Para se ter ideia, as farmácias Raia e Drogasil, do grupo RD Saúde, registraram aumento na procura por testes de influenza nos primeiros meses deste ano e crescimento no número de testes com resultado positivo para a doença. Em janeiro, a taxa de positividade foi de 6,3%. Esse percentual subiu para 9,57% em fevereiro e chegou a 18,16% na primeira quinzena de março.

Em relação à aplicação de testes, o crescimento na procura foi de 455% em fevereiro na comparação com janeiro. A procura segue aumentando em março com alta de 285% nos primeiros 15 dias do mês em relação a fevereiro.

A imunização previne contra os vírus que geralmente começam a circular em maio, junho e julho, explica Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente. "Mas desde o ano passado, estamos observando uma antecipação de circulação de vírus respiratórios em geral. Então, esse ano nós vamos antecipar a campanha para proteger a população, principalmente os idosos, as gestantes, os profissionais de saúde, da educação e todas as pessoas que são elegíveis, para que a gente possa estar com a população protegida antes do inverno", disse.

A vacina utilizada é trivalente, ou seja, apresenta três tipos de cepas de vírus em combinação, protegendo contra os principais vírus em circulação no Brasil. A estimativa é que 75 milhões de pessoas sejam imunizadas.

Quem pode se vacinar?

  • Crianças de 6 meses a menores de 6 anos;
  • Crianças indígenas de 6 meses a menores de 9 anos;
  • Trabalhadores da saúde;
  • Gestantes;
  • Puérperas;
  • Professores dos ensinos básico e superior;
  • Povos indígenas;
  • Idosos com 60 anos ou mais;
  • Pessoas em situação de rua;
  • Profissionais das forças de segurança e de salvamento;
  • Profissionais das Forças Armadas;
  • Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade);
  • Pessoas com deficiência permanente;
  • Caminhoneiros;
  • Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso);
  • Trabalhadores portuários;
  • Funcionários do sistema de privação de liberdade;
  • População privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).

Crianças que vão receber o imunizante pela primeira vez deverão tomar duas doses, com um intervalo de 30 dias. Para mais informações, entre em contato com a UBS da sua cidade.

Idosos: as maiores vítimas

Em 2023, a porcentagem de casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) causada por influenza em pessoas adultas foi 2,4 vezes maior do que a registrada em 2022. Quem mais sofreu foi a população idosa: 65,6% dos óbitos por influenza no ano passado e 54,9% das hospitalizações por SRAG por influenza, segundo dados do Ministério da Saúde.

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A gripe, causada pelo vírus influenza, pode trazer consequências imprevisíveis para a saúde de todos. Adultos têm 8 vezes maior risco de sofrer um AVC, 10 vezes maior risco de ataque cardíaco e até 29% maior risco de pneumonia após contrair a doença. No entanto, o público 60+ é ainda mais vulnerável: as infecções respiratórias são uma importante causa de mortalidade em idosos no país.

Quando falamos dos idosos com mais de 80 anos, os números são ainda mais alarmantes: 26,7% das pessoas hospitalizadas for SRAG causada por influenza morreram em 2023 por conta das complicações da doença, enquanto na faixa etária de 60 a 69 anos a letalidade chegou a 19%.

Já os idosos com comorbidades têm ainda mais complicações em decorrência da SRAG causada por influenza. A letalidade entre aqueles com comorbidades foi 2 vezes maior em comparação aos idosos sem comorbidades.

Considerando que cerca de 70% dessa população possui alguma doença crônica e tem maior risco de agravamento de infecções, é de extrema importância o cuidado com esse público. A baixa cobertura vacinal contra a gripe no ano passado, que foi de apenas 60,6% entre os grupos prioritários, incluindo os idosos, contribuiu para esse cenário.

A vacinação é a melhor forma de prevenir a gripe e suas complicações, especialmente entre a população acima de 60 anos, que apresenta um enfraquecimento natural do sistema imune, fenômeno chamado de imunossenescência.

É preocupante que muitos idosos não estejam imunizados contra a gripe, pois ela pode provocar complicações graves que podem levar a problemas sérios no coração, metabolismo e ainda perda de autonomia. Em 2023, tivemos uma das piores coberturas vacinais de grupos prioritários dos últimos anos, o que demanda um olhar urgente para a proteção da população 60+, tendo em vista que estamos nos aproximando de mais uma temporada de gripe. Rosana Richtmann, médica Infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas (SP)

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Além da vacina disponível no SUS, a trivalente, na rede privada, a população encontra a vacina quadrivalente, que protege contra quatro cepas do vírus.

Em 2023, a Sanofi disponibilizou uma vacina específica para o público 60+, apenas disponível em rede privada e com preço de cerca de R$ 140. Com indicação para a prevenção da doença causada por cepas de influenza A e B em pessoas a partir dos 60 anos de idade, o imunizante de alta dose apresenta quatro vezes mais antígeno (componente ativo), e fornece proteção superior contra os casos de gripe e as graves complicações da doença em comparação à dose padrão da vacina contra a doença.

Dúvidas comuns

A vacina da gripe causa efeitos colaterais?
Sim, porém eles não duram mais de 48 horas. Os sintomas são, em geral, febre de 38ºC, dor no local da aplicação, um pouco de dor muscular, mal-estar, fadiga e perda de apetite. "Não significa que a pessoa vá ter efeitos colaterais. Mas algumas pessoas podem ter esse tipo de reação", explica Leandro Schimmelpfeng, clínico geral do Eco Medical Center, de Curitiba (PR).

Quando não devo tomar?
Se a pessoa estiver doente, passando por alguma infecção e estiver com febre, deve aguardar até se curar, porque o sistema imunológico ainda está lutando contra essa infecção. "É preciso que o paciente se restabeleça primeiro e em seguida procure a vacina da gripe", aconselha o médico.

Ele ainda ressalta que, quem possui alergia ao ovo, ao timerosal (produto conservante da vacina) ou tem a síndrome de Guillain-Barré (polineuropatia que causa fraqueza muscular) não pode tomar a vacina da gripe.

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Quem teve covid recente, pode tomar a vacina da gripe?
Sim, é algo importante, pois é proteção contra um vírus diferente. Mas precisa estar curado da covid primeiro para depois tomar a vacina contra a gripe.

Pode tomar outras vacinas junto com a da gripe?
Sim. Várias vacinas podem ser tomadas junto com a da gripe. A da covid é um exemplo.

Tomei a primeira dose da vacina na rede pública. Posso tomar a outra dose na rede particular?
A vacina que a rede pública administra é trivalente. Para as cepas virais mais comuns no Brasil, ela tem cobertura suficiente. A não ser que a pessoa vá realizar uma viagem ao exterior, por exemplo, onde pode haver uma cepa diferente das que circulam no Brasil. Então, pode ser interessante tomar a vacina da rede privada, que é tetravalente e protege contra uma cepa a mais do que a oferecida pelo SUS.

Tomei a vacina, mas peguei gripe. Isso tem relação com a dose que tomei?
Apesar de tomar a vacina contra a gripe, ainda é possível contrair a doença. Isso não está relacionado à vacina em si, que é feita com vírus mortos ou enfraquecidos, incapazes de causar a gripe. O sistema imunológico leva de quatro a seis semanas para se fortalecer após a vacinação, durante as quais é possível ser infectado pelo vírus. No entanto, essa ocorrência não é resultado da vacinação, mas, sim, do tempo necessário para desenvolver a imunidade.

Região Norte

Em 2024, a vacinação contra a influenza acontecerá no primeiro semestre do ano nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, enquanto no Norte será no segundo semestre.

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A mudança inédita na estratégia, desde 2023, busca atender às particularidades climáticas da região, que inicia no período o Inverno Amazônico, período de maior circulação viral e de transmissão da gripe.

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