Surto de casos de covid: quantos dias devo ficar em casa após infecção?

Com novas subvariantes da covid-19 no país e após as aglomerações de Carnaval, o número de casos da doença dobrou entre janeiro e fevereiro. De quase 20 mil notificações na primeira semana do ano, o número de confirmações de casos de covid ultrapassou 45 mil na semana passada.

As variantes da ômicron são mais transmissíveis, especialmente nos primeiros dias de infecção. É o que alerta a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (SP). Por isso, é preciso evitar o contato com outras pessoas já nos sintomas iniciais e começar, se possível, o isolamento imediatamente.

O protocolo de isolamento no Brasil continua o mesmo usado no final de 2022. Ou seja, quem é diagnosticado com covid precisa ficar no mínimo cinco dias isolado, podendo chegar até dez. O Ministério da Saúde considera o "dia 1" após 24 horas de sintomas.

As recomendações atuais orientam:

  • Uso de máscara e isolamento imediatamente após os primeiros sintomas respiratórios;
  • No 5º dia completo desde o início dos sintomas, realizar novo teste. Em caso negativo, o paciente estaria liberado do isolamento. Em caso positivo, esperar mais dois dias;
  • No 7º dia de início dos sintomas, se não houver febre por pelo menos 24 horas ou sintomas respiratórios, pode deixar o isolamento. Nesse caso, não é necessário realizar um novo teste;
  • O tempo máximo de isolamento (10 dias) é recomendado para pessoas que continuem com sintomas respiratórios ou febre no 7º dia após o início dos sintomas.

"Em cinco dias após o início dos sintomas, seria interessante refazer o teste. Se ela for aguardar uma semana, ela não precisa do teste, desde que esteja assintomática", orienta Richtmann.

"Ou seja, o quinto dia do início dos sintomas, se a pessoa estiver assintomática e principalmente se ela tiver um teste negativo, ela estará liberada do isolamento. Na prática, sugerimos que essa pessoa fique pelo menos sete dias afastada do contato com outras pessoas, principalmente as mais vulneráveis", diz.

O pico de transmissão são os primeiros cinco dias. Por isso a infectologista reforça o uso da máscara a partir do primeiro sinal da infecção. "Esses são os dias mais importantes do ponto de vista de transmissão. Na minha opinião, o mais agravante é o período antes do diagnóstico, que faz espalhar o vírus", alerta.

"Uma pessoa com qualquer sintoma respiratório, independente de ser covid, influenza ou qualquer outro vírus, deveria, no mínimo, usar máscara e, de preferência, não sair para expor as outras pessoas —seria importante deixar de ir para academia, deixar de pegar transporte público e deixar de trabalhar presencialmente, se for possível", explica Richtmann.

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A infectologista Raquel Stucchi, professora associada da Unicamp, orienta uso de máscaras e higienização das mãos até a realização do teste em caso de suspeita de covid.

"A positividade do exame é melhor por volta do terceiro dia. Então, testar muito precocemente pode dar falso negativo. A pessoa com sintomas deve usar máscara, preferencialmente a máscara cirúrgica ou a máscara tipo N95 sempre que for sair de casa, até realizar o teste."

O médico infectologista Alexandre Naime, coordenador científico da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor da Unesp, ressalta que os testes rápidos continuam sendo um instrumento eficaz de detecção da covid.

"Os pedaços da proteína spike que o teste reconhece são de regiões onde não ocorrem mutações. A questão que pode diminuir a eficácia é da autocoleta ou por causa da concentração de vírus ainda não ser grande suficiente para ser detectada", diz.

O teste de farmácia é uma ferramenta importante, se o paciente tiver condição financeira, mas é uma triagem. Em caso positivo, indica a necessidade procurar atendimento médico para confirmar o resultado. Quando vem negativo, não exclui a possibilidade de infecção pela covid e o paciente deve procurar um teste convencional laboratorial —que pode ser o teste rápido, mas feito de uma forma mais assertiva. Alexandre Naime, infectologista

O médico lembra que idosos e pacientes em tratamentos imunossupressores com testes positivos têm acesso ao tratamento antiviral pelo SUS. O medicamento é uma associação dos antivirais mirmatrelvir e ritonavir com eficácia comprovada para a covid.

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