Massagem precisa doer? Esta técnica indiana é delicada e libera emoções

Para muita gente, massagem boa é aquela que dói. A tese "no pain, no gain" ("sem dor não há ganho"), muito repetida por adeptos da malhação pesada, parece não combinar muito com a ideia de relaxar os músculos e aliviar o estresse. Mas, não é incomum sair de uma sessão de massagem com hematomas.

Existem algumas modalidades de massagem, com propósitos diferentes e advindas de culturas distintas.

Dentre elas está a "abhyanga", um dos tipos mais comuns de massagem ayurvédica, realizada a quatro mãos e com óleos aromáticos. Estamos falando, aqui, da massagem tradicional indiana, que dificilmente causa desconforto.

O objetivo maior do toque é fazer os óleos medicinais penetrarem a pele. Ou seja, não há necessidade de nenhum movimento brusco. O nome da prática em sânscrito, aliás, significa algo como "untar com amor".

Outro tipo comum de massagem ayurvédica, a "shirodhara", é ainda mais delicada: o óleo aromático é levemente aquecido e derramado sobre a testa do paciente.

A técnica é especialmente indicada para relaxar e combater males como ansiedade e depressão.

Dor 'boa'

Pode-se dizer que existe uma "dor boa", descrita por pacientes quando o nó muscular é manipulado a fim de desfazê-lo. Outra coisa, bem diferente, é a pessoa sair de uma sessão de massagem machucada.

Muitas técnicas orientais, inclusive o shiatsu, envolvem a premissa de que é preciso incorporar a dor para livrar-se dela. No entanto, especialistas defendem que isso só piora a tensão. Afinal, a reação natural diante da dor é contrair o músculo.

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Dores emocionais

Não é incomum o paciente chorar ou sentir tristeza durante a massagem, mas isso não ocorre devido à dor física. Neste caso, estamos falando de dores emocionais.

O paciente pode, por exemplo, ter brigado com o pai e, a partir daquela tensão, passou a sentir uma dor no tórax. Ao fazer a massagem, mesmo já tendo feito as pazes com o familiar, pode reviver a mágoa que sentiu no momento do conflito.

É por essa razão, inclusive que já houve um movimento por parte do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional para que massagens terapêuticas, o que inclui a drenagem linfática, passassem a ser feitas somente por fisioterapeutas — que estudam não apenas o corpo humano, como também psicologia.

Ioga ou malhação?

Assim como fisioterapeutas ressaltam a importância de uma formação mais ampla para quem mexe com o corpo dos outros, como os massagistas, a ioga já foi foco de discussão no Conselho Federal de Educação Física. O argumento, na época, era de que a técnica, quando ensinada por profissionais sem conhecimento aprofundado sobre fisiologia, poderia trazer consequências para a saúde dos alunos, como dores ou problemas de coluna.

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Em 2002, no entanto, um substitutivo determinou que a ioga, assim como a dança e as artes marciais, não seria fiscalizada pelo conselho.

Fontes: Anna Ivanov, ex-presidente da Associação Internacional de Professores de Yoga do Brasil; Aderson Moreira da Rocha, médico e especialista em Ayurveda pela Associação Brasileira de Ayurveda; Carlos Wiering, fisioterapeuta especialista em RPG; e Marcia De Luca, fundadora do Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda, com matéria publicada em 17/04/2012

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