Aquecer plástico no micro-ondas pode fazer mal; dá para reduzir dano?
O micro-ondas oferece praticidade e rapidez na hora de esquentar a comida, mas, dependendo do recipiente usado para dispor os alimentos, pode representar riscos à saúde.
Os potes de plástico, por exemplo, podem liberar milhares de partículas minúsculas. É o que mostrou um estudo publicado no dia 21 de junho no periódico Environmental Science & Techonology, e que analisou a segurança desses recipientes quando aquecidos.
Descobriu-se que, com apenas 3 minutos de aquecimento por micro-ondas, alguns objetos podem liberar até 4,22 milhões de microplásticos e 2,11 bilhões de partículas nanoplásticas a cada centímetro quadrado de área plástica.
Ainda é difícil provar que o microplástico dentro dos órgãos pode causar doenças ou fazer algum mal para a saúde, mas há estudos que indicam maior incidência de doenças de pulmão, como câncer e fibrose no tecido pulmonar, entre trabalhadores de fábricas de plástico.
Não é só o microplástico
Além das partículas minúsculas de plástico que são soltas durante o aquecimento, o material também contém outras substâncias que podem fazer mal à saúde, como o bisfenol A, ou BPA.
Os plásticos com os números 3, 6 e 7 podem conter substâncias como bisfenol A e ftalatos, que podem ser prejudiciais à saúde quando ingeridos. Quando esses plásticos são aquecidos, eles podem soltar essas substâncias na comida. Opte por plásticos com rótulos de 'livre de BPA' ou 'sem ftalatos' quando for usar no micro-ondas. Marcella Oliveira, nutricionista dos Hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru
O BPA muitas funções nos plásticos, às vezes fazendo parte da fórmula do produto, ou em alguns casos como aditivo antioxidante ou estabilizante. Entretanto, em alguns países, já existe proibição do uso.
"Como o BPA tem sido repertoriado pela bibliografia médico-farmacêutica como causador de muitos males à saúde, o mais recomendado para a pessoa leiga é evitar plásticos na conservação ou no aquecimento de alimentos", alerta Álvaro do Amarante, professor do curso de engenharia de alimentos da PUC-PR.
Além do BPA, é possível que os plásticos contenham outros solventes químicos que podem se misturar ao alimento.
Dá para reduzir o dano?
Se você usar recipientes plásticos para aquecer a comida, prefira os próprios para o uso em micro-ondas. "Existem plásticos produzidos especialmente para o uso no micro-ondas, geralmente feitos de polipropileno (PP) e livres de BPA. Esses plásticos contêm os dizeres 'seguro para micro-ondas, microwave safe ou microwavable'", diz Amarante.
Alguns plásticos também podem ser utilizados, mas com cautela, segundo os especialistas. Na hora de aquecer, cubra o alimento com uma tampa para evitar respingos e aqueça em intervalos mais curtos, entre 1 minuto a 1 minuto e 30 segundos.
É importante mexer a comida nesse meio tempo para garantir um aquecimento uniforme.
Dê preferência para materiais de vidro ou cerâmica. Eles são opções mais seguras, pois não liberam substâncias tóxicas quando aquecidos. Também são mais resistentes a manchas, além de serem duráveis e fáceis de limpar.
Geralmente, [recipientes de vidro ou cerâmica] são considerados os mais seguros pois não liberam produtos químicos no alimento e não absorvem sabores ou odores. Gabrielle Ducci, nutricionista e coordenadora do Serviço de Nutrição do Hospital Pilar, em Curitiba (PR)
Recipientes de papel, como pratos ou toalhas de papel, são uma opção prática para esquentar certos alimentos no micro-ondas. No entanto, é importante usar papel específico para esse eletrodoméstico, pois outros tipos de materiais podem causar incêndios.
Além disso, evite o uso excessivo de papel, pois isso pode afetar a textura e o sabor dos alimentos.
As embalagens de isopor, muitas vezes usadas para guardar fast foods, não são adequadas para uso no micro-ondas. O calor intenso do eletrodoméstico pode fazer com que o isopor derreta e libere substâncias tóxicas nos alimentos. Sempre transfira a comida para um recipiente seguro antes de aquecer.
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