Por que diagnóstico de autismo, mesmo tardio como de Sabatella, importa

Descobrir-se dentro do TEA (Transtorno do Espectro Autista) tem sido cada vez mais em comum em adultos. O diagnóstico, ainda que na fase "madura" da vida, ajuda a tornar a vida mais leve, fazendo com que pessoas que viveram anos se sentindo diferentes e deslocadas, entendam a sua condição.

Esse foi o caso de Letícia Sabatella, que aos 52 anos disse recentemente que foi diagnosticada com um grau leve de TEA. Ela compartilhou a informação durante uma participação no podcast Papagaio Falante.

A atriz descobriu estar dentro do TEA com a ajuda de uma psiquiatra e neurologista. Sabatella mencionou que escolher o teatro e a arte foi uma forma de lidar com sua hipersensibilidade e visão única das coisas, que são características desse diagnóstico.

Ela descreveu sua condição como ativa e passiva ao mesmo tempo, trazendo uma sensação de ingenuidade em sua percepção da realidade.

A atriz não menciona, mas provavelmente o quadro "leve" a que se refere deve ser autismo grau de suporte nível 1. Para entender, o autismo é classificado em 3 níveis de suporte:

  • Nível 1: popularmente conhecido como "leve", quando o indivíduo precisa de pouco suporte.
  • Nível 2: o nível "moderado", cujo grau de suporte necessário é razoável.
  • Nível 3: conhecido como autismo severo, quando o indivíduo necessita de muito suporte.

Mas o que leva ao diagnóstico tardio?

O diagnóstico tardio de autismo é frequentemente causado pela falta de acesso a informações, ao sistema de saúde e por dificuldades emocionais ou financeiras dos pais.

Além disso, a resistência ao diagnóstico e o estigma associado às condições neurodivergentes podem impedir que algumas crianças sejam avaliadas.

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Geralmente, os diagnósticos tardios estão relacionados a casos leves de autismo, em que as pessoas conseguem levar uma vida autônoma e funcional.

Muitas vezes, esses indivíduos conseguem "disfarçar" sua condição e só procuram ajuda quando alguém questiona aspectos de seu comportamento social.

Quais características indicam o autismo?

As características típicas do autismo em adultos incluem:

  • Dificuldade em reconhecer emoções;
  • Desafios na interação social;
  • Alta sensibilidade sensorial;
  • Rigidez mental e dificuldade em compreender pistas sociais;
  • Adultos autistas frequentemente enfrentam problemas na socialização e na interpretação de comunicações não verbais;
  • Hiperfoco no trabalho;
  • Aversão a mudanças na rotina;
  • Hipersensibilidade a estímulos sensoriais, como ruídos altos, também são sinais comuns.

Além desses indícios, o autismo em adultos é frequentemente associado a comorbidades psicológicas, como ansiedade, depressão, TDAH, TOC e irritabilidade emocional, bem como a problemas fisiológicos, como distúrbios gastrointestinais, distúrbios do sono, epilepsia e dificuldades motoras.

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Por que o diagnóstico de autismo em adultos é importante?

Após o diagnóstico, o paciente é encaminhado a especialistas que podem auxiliá-lo na superação de suas limitações. Sem o suporte apropriado, essas limitações podem se tornar mais inflexíveis, resultando em um processo mais lento de melhoria dos sintomas em adultos.

Além disso, o diagnóstico pode oferecer uma melhor compreensão e abordagem para comorbidades psicológicas ou neurológicas.

A ausência de um diagnóstico de autismo e a falta de suporte adequado podem levar a dificuldades sociais e acadêmicas, frequentemente desencadeando outros transtornos, como ansiedade e depressão, devido à sensação de ser diferente ou sofrer bullying.

O diagnóstico muitas vezes proporciona alívio, permitindo que a pessoa compreenda melhor suas dificuldades em áreas como relacionamentos e interações sociais. Além disso, evita o uso de terapias inadequadas e potencialmente prejudiciais.

Reconhecer o autismo ajuda a pessoa a se conhecer melhor, a entender suas limitações e a se conectar com outros que compartilham experiências semelhantes, promovendo inclusão e autoconhecimento.

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*Com informações de reportagem publicada em 26/11/2022.

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