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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


É possível pegar doenças ao tomar banho ou lavar louça em água contaminada?

Fausto Fagioli Fonseca

Colaboração para VivaBem

18/07/2023 04h00

Mesmo que seja aparentemente limpa, a água de rios, lagos e até a que sai da torneira da sua casa pode conter micro-organismos causadores de doenças.

Ao beber essa água contaminada, você pode ter problemas como diarreia, cólera, febre tifoide e hepatite. Mas será que também é possível pegar doenças ao nadar, tomar banho ou lavar utensílios de cozinha com essa água?

A resposta é sim, apesar de essas não serem formas tão comuns de infecções —já que a quantidade de água (e de micro-organismo) que você pode engolir não é tão grande quanto ao tomar água.

"Em cidades onde não há saneamento básico, claro que esse risco aumenta. Então, a água precisa sempre ser tratada tanto para banho quanto para consumo", afirma a infectologista Giovanna Sapienza, médica do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Mas até em lugares em que as casas recebem água tratada pode haver riscos, caso a tubulação não seja adequada ou caixa de água não seja lavada corretamente a cada seis meses ou não tenha tampa.

Lavar louça - iStock - iStock
Não é comum, mas lavar louças com água contaminada pode fazer com que bactérias fiquem nos utensílios e provoquem doenças
Imagem: iStock

Ao lavar louças, bactérias presentes na água contaminada podem ficar nos utensílios domésticos, causando algum problema quando eles foram usados.

No banho, além de ingerir água contaminada acidentalmente, você pode levar as bactérias para os olhos, ao esfregá-los, e ter uma infecção ocular, explicou Sapienza.

E ao nadar em rios, praias e cachoeiras?

Também pode haver infecções se a água estiver contaminada. Em locais como esses, é importante sempre verificar se há placas indicando se a água é própria para banho. Se não houver avisos, informe-se antes sobre o local que está visitando, para garantir que não há riscos.

Lagos, rios e cachoeiras podem estar contaminados, por exemplo, por um esgoto despejado na água, em um lugar distante do ponto de mergulho. Também pode haver lixo tóxico que é jogado, causando até danos maiores.

"Mesmo em um lugar que parece limpo tem que ter a placa e a indicação disso. Existem no Brasil muitos locais que despejam esgoto e materiais químicos e que não avaliam o risco que isso pode causar para uma criança ou para um adulto", acrescenta o pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria.

Nadar no rio, crianças nadando - iStock - iStock
Imagem: iStock

Vale lembrar que crianças e idosos geralmente são os que mais sofrem com doenças provocadas pela água.

Com mais de mil mortes por dia, a diarreia, problema comum ao consumir água contaminada, é uma das cinco principais causas de morte em crianças menores de 5 anos no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Como garantir uma água boa para uso

Se você mora em um lugar que não tem sanamento básico ou desconfia que a água que sai da sua torneira possa estar contaminada por problemas com a caixa d'água ou a tubulação, estas soluções vão ajudar a garantir que o líquido fique adequado para consumo:

Fervura: ferver a água durante pelo menos um minuto mata a maioria dos micro-organismos prejudiciais. Após a fervura, a água deve ser armazenada em um recipiente limpo e coberto

Filtração: alguns filtros são capazes de remover micro-organismos da água. O modelo mais adequado varia conforme a qualidade da água e os tipos de micro-organismos presentes nela. Consulte um especialista.

Desinfecção com hipoclorito de sódio (ou água sanitária): pingue de duas a quatro gotas da solução de hipoclorito com concentração entre 2% a 2,5% para cada 1 litro de água. Aguarde cerca de 30 minutos para a água ficar própria para consumo.

Sodis (Solar Water Disinfection): esse método utiliza a radiação UV do sol para matar patógenos na água. No entanto, a eficácia do Sodis é limitada em condições climáticas adversas (tempo nublado) ou quando a água é muito turva.

Fontes: Edvânia Soares, nutricionista da Estima Nutrição, especialista em Vigilância Sanitária pela UNG e em nutrição clínica e esportiva pela Universidade Gama Filho; Giovanna Sapienza, médica infectologista do Centro de Prevenção e Vacinação Meniá, do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e do Hospital São Luiz — unidade Jabaquara; Nelson Douglas Ejzenbaum, médico pediatra com residência na Santa Casa de São Paulo e membro da Academia Americana de Pediatria.