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Médico de garganta: qual consultar e quais exames fazer?

Médico de garganta: saiba qual especialista consultar - iStock
Médico de garganta: saiba qual especialista consultar Imagem: iStock

Diana Cortez

Colaboração para VivaBem

21/05/2023 04h00

Rouquidão, amigdalite, laringite... São vários os problemas que podem surgir relacionados à garganta —nome popularmente usado para denominar a faringe, um "tubo" que se forma desde a parte traseira do nariz até o início da traqueia.

Mas, afinal, qual médico procurar quando surgem os problemas na garganta?

Caso os sintomas do paciente sejam recentes e considerados leves ou moderados, a primeira avaliação pode ser feita por um clínico geral do pronto-atendimento.

No entanto, se forem persistentes (durarem mais do que duas semanas) e/ou de forte intensidade, um otorrinolaringologista deve ser procurado para investigar o quadro com mais profundidade e inclusive descartar um possível câncer na região.

A área envolve várias estruturas que estão suscetíveis a doenças inflamatórias e infecciosas causadas por vírus (influenza e covid-19, por exemplo), bactérias, alergias (causadas por mofo, ácaros, pólen e alimentos), até mesmo por um quadro de refluxo, câncer, sinusite, entre outros.

A consulta com o otorrinolaringologista

Durante a conversa, o especialista avaliará o histórico do paciente e do quadro para identificar o problema: há quanto tempo ele está com a queixa, quais são os sintomas associados (se há febre, tosse, presença de secreção, lesões e pus visível etc.), quais medicamentos já usou, além de possíveis comorbidades para orientar melhor o uso de medicamentos e hábitos que possam aumentar os riscos de doenças mais graves, como o uso de cigarro e o consumo de álcool.

No próprio consultório, o otorrinolaringologista também pode realizar a videonasolaringoscopia, exame que possibilita uma análise minuciosa das áreas de difícil acesso na região, como é o caso da adenoide —estrutura localizada atrás das cavidades nasais e acima do palato ou "céu da boca"— e das cordas vocais.

Esse recurso permite ao otorrinolaringologista fazer o diagnóstico de infecção da adenoide ou mesmo da laringe, áreas que não poderiam ser visualizadas sem o equipamento.

O exame não exige preparo e, para realizá-lo, é aplicado apenas um anestésico em spray nas narinas para reduzir o incômodo do contato da fibra ótica com algumas partes da mucosa nasal.

Outros exames e tratamentos

Caso o médico identifique que se trata de uma faringite ou amigdalite (inflamação das amígdalas), o otorrinolaringologista ainda pode solicitar um "teste rápido", que confirma em apenas 15 minutos se o quadro é causado pela bactéria Streptococcus pyogenes, a principal causadora do quadro.

Se for causado por vírus, serão prescritos medicamentos para reduzir os sintomas e os incômodos, como anti-inflamatórios e corticoides. Caso seja bacteriana, serão prescritos antibióticos.

Já diante da suspeita da "doença do beijo" (a mononucleose), causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), pode ser solicitada a sorologia feita com uma amostra de sangue a fim de confirmar a doença. O quadro apresenta entre seus sintomas típicos uma dor de garganta intensa e uma adenoidite, inflamação que leva ao aumento da adenoide, obstruindo a passagem de ar.

Outras ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) também podem ser investigadas, já que elas causam dores na garganta.

Nos casos que envolvem rouquidão, ainda pode ser indicada a estroboscopia laríngea, um exame capaz de identificar alterações e lesões —a rouquidão é um dos possíveis sintomas de câncer.

O médico também vai orientar o paciente a fazer mudanças comportamentais que ajudam a prevenir as infecções. No caso daqueles que sofrem com faringites, por exemplo, recomenda-se evitar o uso de ar-condicionado, ambientes poluídos, mudanças bruscas de temperatura, além de uma boa hidratação para manter os tecidos da garganta saudáveis.

Já para evitar o refluxo, o especialista orientará a reduzir o consumo de alimentos ácidos (sucos e frutas), cafeína e de bebidas alcoólicas, além de alertar para o uso do cigarro, assim como o hábito de comer e deitar-se em seguida ou ainda comer em grandes quantidades.

Quando a cirurgia na garganta é necessária?

Alguns casos podem ter indicação cirúrgica para a retirada de lesões (cistos, tumores) ou de alguma estrutura da garganta que seja foco constante de inflamações ou infecções, como no caso das amígdalas ou da adenoide.

O procedimento pode ser realizado no hospital pelo próprio otorrinolaringologista ou por um cirurgião de cabeça e pescoço. Conheça as cirurgias mais comuns:

Amigdalectomia: É indicada para os pacientes que apresentam quadros frequentes de amigdalite e suas complicações. Também quando as amígdalas apresentam um volume aumentado, dificultando a respiração durante o sono, provocando roncos e até mesmo a apneia.

Adenoidectomia: Em geral, é um procedimento realizado em crianças que sofrem com baixa qualidade de vida por conta do aumento do tamanho da adenoide. Isso porque a estrutura atrapalha a respiração, o sono e, consequentemente, o desenvolvimento do pequeno.

Uvulopalatofaringoplastia: trata-se de um procedimento cirúrgico para correção ou diminuição de ronco e apneia devido à retirada de tecido sobressalente do palato mole, além da redução do tamanho da úlvula para aumentar a passagem de ar. Também pode incluir a remoção das amígdalas.

Cirurgia para retirada de câncer e cistos em alguma estrutura da faringe, que não tenham regredido com medicamentos.

Fontes: Ana Paula Bezerra Leal, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh, especialista em cirurgia endoscópica endonasal pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo); Agrício Crespo, professor titular e chefe da disciplina de otorrinolaringologia - cabeça e pescoço da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e diretor do Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Unicamp; e Larissa Fabbri Mendes, que possui título de especialista pela ABORL (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia). Revisão técnica: Larissa Fabbri Mendes.