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Câncer de pulmão: qual é a taxa de sobrevida da doença que afetou Rita Lee?

Marido de Rita Lee compartilhou foto após internação da cantora em março de 2023 - Reprodução/Instagram
Marido de Rita Lee compartilhou foto após internação da cantora em março de 2023 Imagem: Reprodução/Instagram

Do VivaBem*, em São Paulo

09/05/2023 12h04

Rita Lee morreu na noite desta segunda-feira (8), aos 75 anos. Segundo comunicado divulgado pela família da cantora nas redes sociais, a maior estrela do rock brasileiro "morreu em sua residência, em São Paulo, no final da noite de ontem, cercada de todo amor de sua família, como sempre desejou".

Ela havia sido diagnosticada com câncer de pulmão em maio de 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença. A taxa de sobrevida dos pacientes que têm esse tipo de tumor mudou ao longo dos anos:

Durante as várias últimas décadas, o prognóstico para um paciente com câncer pulmonar era ruim, com apenas 15% dos pacientes sobrevivendo por mais de 5 anos a partir do momento do diagnóstico, segundo dados do Manual Merc.

Em pacientes com estágio IV da doença (em que já há metástase, isto é, o câncer se espalhou para diversos órgãos), a taxa de sobrevida geral em 5 anos era menor que 1%.

Os desfechos melhoraram devido à identificação de certas mutações que podem ser alvo de tratamento, mas a taxa ainda é considerada baixa.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), as taxas atuais de sobrevida em 5 anos são de 19%: 23% para mulheres e 16% para homens.

O diagnóstico precoce pode aumentar a taxa de sobrevida. No entanto, segundo o Inca, apenas 16% dos cânceres de pulmão são diagnosticados em estágio inicial. Nesses casos, a taxa de sobrevida de cinco anos sobe para 56%.

Os fatores de risco e os sintomas do câncer de pulmão

O câncer de pulmão é o 5° tipo de tumor mais comum no Brasil, segundo o Inca.

O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco.

Além disso, os sintomas geralmente não aparecem até que o câncer esteja avançado, mas algumas pessoas com a doença em estágio inicial podem apresentar sinais. Os mais comuns são:

  • Tosse persistente (nos fumantes, o ritmo habitual é alterado e aparecem crises em horários incomuns)
  • Escarro com sangue;
  • Dores no tórax (pioram ao tossir ou ao respirar fundo);
  • Rouquidão;
  • Piora da falta de ar;
  • Perda de peso e de apetite;
  • Pneumonia recorrente ou bronquite;
  • Fadiga, sentir-se cansado ou fraco.

O que é 'câncer em remissão'?

Em abril de 2022, o câncer de Rita Lee teria entrado em remissão.

O termo "remissão" está relacionado à eliminação da doença, mas não é sinônimo de cura.

O glossário temático Controle de Câncer, publicado em 2013 pelo Ministério da Saúde, afirma que a definição correta de câncer em remissão é "diminuição ou desaparecimento de sinais ou sintomas de um câncer, comumente após a realização do tratamento proposto".

Em geral, não somente em casos de câncer de pulmão, os médicos indicam a probabilidade de retorno da doença, que varia de acordo com o estágio, de 1 a 4, com o tipo de câncer e com os hábitos da pessoa.

Sabe-se que tabagistas têm maior propensão para desenvolver tumor no pulmão, e pacientes que voltam a fumar após o tratamento têm mais chances de ter a doença novamente.

Após cinco anos, a probabilidade de retorno do tumor no pulmão é pequena, mas ainda existe.

Tratamentos para o câncer de pulmão

É feito por uma equipe multidisciplinar composta por oncologistas, radioterapeutas e cirurgião torácico, que podem decidir qual tratamento é mais adequado para cada situação, com base em fatores como o tipo de câncer de pulmão, o tamanho, a localização e a extensão dos tumores, bem como o estado geral de saúde do paciente.

No caso de Rita Lee, por exemplo, ela fez imunoterapia e radioterapia. E, de fato, as terapias podem ser prescritas em combinação ou isoladamente. Veja a seguir:

Imunoterapia: As células do câncer dispõem de mecanismos que confundem e freiam o sistema imunológico. Estudos do imunologista americano James P Allison e do japonês Tasuku Honjo (Nobel de Medicina 2018) proporcionaram, nos últimos anos, o desenvolvimento de medicamentos que permitem que o sistema imune reconheça as células do câncer para combatê-las de forma mais eficaz. Segundo os médicos, as substâncias apresentaram resultados eficazes e duradouros com perfil baixo de toxicidade. Os inibidores de DP-1 e o inibidor de PD-L1 são exemplos de imunoterapia usados no câncer de pulmão de não pequenas células. O alto custo das drogas, porém, é um fator que limita o acesso.

Radioterapia: Aplicação de radiações ionizantes no local para destruir o tumor ou inibir seu crescimento. Pode ser usada antes da cirurgia, para reduzir o tumor, ou depois, para destruir células restantes, tratar metástases ou, ainda, como tratamento paliativo. Há várias modalidades diferentes de radioterapia. O tratamento é indolor e os efeitos colaterais mais frequentes são irritação na pele e fadiga.

Cirurgia: Consiste na remoção das partes do pulmão afetadas e dos gânglios linfáticos envolvidos. Pode ser curativa nas situações em que o câncer de pulmão foi descoberto em fase inicial.

Quimioterapia: Uso de medicamentos que são sabidamente eficientes em combater as células cancerosas. Podem ser usados juntos ou em combinação, e têm ação sistêmica, ou seja, células saudáveis também são afetadas. É feita em ciclos, em geral depois da cirurgia, mas também pode ser indicada antes para reduzir o tamanho do tumor. Alguns exemplos de drogas para esse tipo de câncer são: cisplatina, carboplatina, paclitaxel, nab-paclitaxel, docetaxel, gemcitabina, vinorelbina, irinotecano, etoposido e vinblastinaepemetrexede. Os efeitos colaterais incluem náuseas, vômitos, perda de cabelo e infecções, entre outros.

Terapia-alvo: Uso de medicamentos ou outras substâncias que impedem o crescimento e disseminação do tumor, causando pouco dano às células saudáveis. Há terapias para diversos tipos de câncer de pulmão com perfis moleculares específicos. É o caso do bevacizumabe e do ramucirumabe, que têm como foco o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF); oerlotinibe, gefitinibe, afarinibe e osimertinibe e necitumumabe, com alvo o gene do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR); e ocrizotinibe, ceritinibe e alectinibe, para pacientes que têm como alvo o gene ALK. Os efeitos colaterais variam para cada terapia.

*Com informações de reportagem de VivaBem publicada em 20/05/2021, da Agência Estado em 15/02/2023, informações do Manual MSD e dados do Inca.