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Síndrome de pica: transtorno faz pessoas comerem coisas incomestíveis

Alotriofagia ou "síndrome de pica" é um transtorno alimentar sério - Camila Quintero Franco/Unsplash
Alotriofagia ou 'síndrome de pica' é um transtorno alimentar sério Imagem: Camila Quintero Franco/Unsplash

Colaboração para VivaBem

24/02/2023 19h31

A alotriofagia ou "síndrome de pica" é um transtorno alimentar sério, geralmente decorrente de carência nutricional, como a falta de ferro e zinco, principalmente.

A doença se caracteriza pela ingestão de substâncias que não são comestíveis, como papel, sabonete, terra, moedas, amido cru, giz, carvão, gelo, cosméticos, pilha, isopor, baterias e tijolo, por exemplo.

Mas por que tem esse nome? O transtorno também ganhou o nome de síndrome de pica devido a uma espécie de pássaro conhecida como P. Pica.

Este pássaro, também chamado de pega-rabuda, se alimenta de quase tudo o que vê pela frente.

Quem sofre desse transtorno sabe que não pode comer aquilo. Em fóruns ou sites na internet há centenas de casos de pessoas que confessam anonimamente ter o costume regular de comer o que não é comestível.

Quem tem o transtorno, porém, tem vergonha de falar no assunto.

Mais comum na infância

A alotriofagia acomete, principalmente, crianças de 1 a 6 anos.

O transtorno ocorre em 25% a 33% das crianças pequenas e em 20% das crianças atendidas em clínicas de saúde mental. A tendência é que o distúrbio desapareça conforme a criança cresce.

É normal que crianças de até dois anos coloquem coisas na boca, portanto, o comportamento geralmente não é considerado um transtorno até essa idade.

Família e pediatra devem ficar em alerta se a criança come itens não alimentares e tem feito isso há pelo menos um mês, se o comportamento não é normal para a idade ou estágio de desenvolvimento da criança ou se a criança tem fatores de risco, como atraso do desenvolvimento, transtorno comportamental ou déficit de desenvolvimento cognitivo.

mulher grávida triste - globalmoments/Getty Images/iStockphoto - globalmoments/Getty Images/iStockphoto
Alotriofagia afeta grávidas, que começam a ter vontade de ingerir coisas que não são alimentos
Imagem: globalmoments/Getty Images/iStockphoto

Grávidas e déficit nutricional

Além das crianças, o transtorno também pode ser frequente em mulheres grávidas e pessoas com déficit de vitaminas e minerais de diferentes faixas etárias, ou ainda em quem tem comportamentos característicos de depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e esquizofrenia.

A alotriofagia pode comprometer o bem-estar emocional do indivíduo, pois esse comportamento acontece de forma persistente, podendo apresentar-se de maneira compulsiva e de difícil controle.

Riscos vão de obstrução intestinal à morte

Os riscos e prejuízos da alotriofagia estão ligados à natureza, frequência e quantidade de objetos ingeridos.

A ingestão de moedas, pedras, materiais sólidos e não digeríveis podem provocar obstrução intestinal, o que pode se tornar uma emergência cirúrgica grave.

Comer produtos potencialmente tóxicos, como plásticos, plantas, terra, também pode causar intoxicação e infecções.

O problema ainda provoca sofrimento mental, já que pode levar ao sentimento de culpa, rebaixamento do estado de humor e isolamento social.

Diagnóstico e tratamento

A avaliação médica é fundamental, inclusive para casos em que seja provocado por questões orgânicas, como o déficit nutricional.

O diagnóstico é realizado por um médico, que, em um primeiro momento, realiza exames clínicos para descartar algum outro tipo de doença.

Existem várias formas de tratar o problema, incluindo abordagens nutricionais, psicológicas, farmacológicas, comportamentais.

Pode ser indicada a suplementação vitamínica e a psicoterapia. Não há um medicamento específico, mas remédios podem ser usados para tratar infecções ou problemas gástricos.

*Com informações de reportagem publicada em 19/8/2022