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Bebê brasileira nasce com 'cauda' de 6 cm; entenda a condição, que é rara

Bebê brasileira nasceu com cauda de 6 centímetros  - Divulgação/Journal of Pediatric Surgery Case Reports
Bebê brasileira nasceu com cauda de 6 centímetros Imagem: Divulgação/Journal of Pediatric Surgery Case Reports

Do VivaBem*, em São Paulo

20/02/2023 17h29

Uma bebê brasileira nasceu com uma "cauda" de 6 centímetros, coberta de pele —condição rara conhecida cientificamente como espinha bífida. A criança já está com 3 anos, mas o estudo de caso só foi publicado este mês no periódico Journal of Pediatric Surgery Case Report.

Assinado por profissionais de saúde ligados ao Grendaac (Grupo em Defesa da Criança com Câncer), em Jundiaí (SP), e do Cincinnati Children's Hospital Medical Center (EUA), o artigo relata que a bebê foi diagnosticada com a alteração na medula espinhal após o nascimento.

A condição foi identificada por meio de exame físico e ressonância magnética. A recém-nascida não tinha problemas neurológicos ou outros tipos de má-formação.

A retirada da cauda

O tratamento foi cirúrgico e correu bem.

  • No pós-cirúrgico, a bebê apresentou fístula (quando há uma ligação anormal entre os órgãos), com presença de ferida. Ela passou por terapia com antibiótico por uma semana até à cicatrização.

Acompanhamento a longo prazo

  • Hoje, a criança está com três anos e recebe acompanhamento médico de longo prazo.

Nesse período, ela teve três episódios de infecção do trato urinário tratados com sucesso com antibióticos. Nenhuma anomalia urinária foi descoberta após investigação adicional. Atualmente, ela consegue andar e não desenvolveu constipação, déficits neurológicos ou outras complicações Relato dos autores do estudo publicado no Journal of Pediatric Surgery Case Report

Por que alguns bebês nascem com cauda?

Como a cauda é uma raridade, há dificuldade em precisar as causas da sua formação. Para se ter ideia: em toda a literatura médica mundial só foram publicados cerca de 40 casos do tipo. E, no Brasil, o primeiro foi registrado em novembro de 2021.

Suspeitas

  • O que se sabe até agora é ela é uma persistência da cauda embrionária do feto, que se forma entre a 4ª e 6ª semanas de gestação e geralmente desaparece completamente no final da 8ª semana.

Ainda não foi definida uma causa específica, mas há teorias de que possa ocorrer uma alteração na regressão da cauda que temos na fase embrionária Humberto Forte, cirurgião pediátrico e um dos profissionais que assinou a publicação sobre o primeiro caso brasileiro

- Quando não é uma "cauda verdadeira", ela pode estar associada à presença de indicadores da medula espinhal ancorada ou o disrafismo espinhal oculto (duas anomalias graves, que podem surgir em bebês com esse tipo de quadro). "Essas alterações são defeitos neurológicos no desenvolvimento da medula espinhal", explica Forte.

- Segundo o médico, é essencial que o pediatra ou cirurgião pediátrico investigue a presença de disrafismo espinhal oculto em pacientes com suspeita de lesões cutâneas, pois podem ser a única anormalidade visível e o diagnóstico precoce pode prevenir a evolução para alterações neurológicas graves.

*Com informações de reportagem publicada em 30/11/22.