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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Como psicóloga lida com estresse? Especialista conta o que faz e dá dicas

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Imagem: iStock

Brunna Mariel

Colaboração para o VivaBem

23/01/2023 04h00

"O primeiro passo é aceitar que ele vai acontecer. Não tem como bloquear ou ser indiferente. É um sentimento que faz parte da vida." É assim que Stephanie Witzel define o estresse. A psicóloga mestre em psicobiologia e doutoranda em neurologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) criou um um protocolo de saúde mental, batizado de Xô Estresse, dentro da healthtech Alice, focado na diferenciação de quando o estresse é um sentimento comum ou uma disfunção atípica do cérebro.

"A questão é se preparar para que quando o momento do estresse acontecer, nós tenhamos ferramentas para identificar os sinais, o que está acontecendo e diminuir a carga para a saúde mental", explica a psicóloga.

Em 10 anos atuando na área, Witzel usa a ciência e sua experiência para driblar o estresse, e antecipa: é preciso autoconhecimento e disciplina para dar certo.

Primeiro, questione-se: por que estou estressado?

Quando começa a se sentir estressada, Witzel reflete sobre as possíveis causas. A psicóloga explica que se questionar é uma forma de manter o controle sobre a situação e entender se o estresse é um sentimento natural ou atípico.

Estou estressado porque tenho uma prova, um desafio no trabalho ou não consigo visualizar o motivo do meu estresse? Se tem um motivo externo, podemos considerar um sentimento natural. Se isso não está claro, é preciso entender a rotina, o que está desencadeando e buscar sua rede de apoio ou um profissional de saúde.

No caso do sentimento natural, a psicóloga sugere fazer uma lista de ações de como lidar com aquela situação, sentar com uma pessoa próxima e desabafar, ouvir música ou meditar, ações que diminuirão o efeito do estresse na mente.

Diga adeus aos escapismos

Fuja do "hoje eu tive um dia estressante, então eu mereço...". Essa frase pode ser completada por diferentes comportamentos, que geralmente estão longe de uma vida saudável, como cigarro, bebida, fast-food ou até mesmo um gasto não pensado. A psicologia já demonstra evidências de que esses mimos não são benéficos a longo prazo para a saúde mental.

Encontre uma atividade que te faça bem em qualquer momento. Eu faço exercício físico e sei que ele tem o potencial de fazer eu me sentir melhor seja em um dia difícil ou em um dia comum. Mas quando o estresse bate, eu penso: vou me equilibrar fazendo o meu exercício.

Coloque o trabalho no lugar dele --e não no seu lugar

Stephanie Witzel - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Stephanie Witzel
Imagem: Arquivo pessoal

O burnout é uma doença ocupacional que causa sintomas de extrema exaustão, estresse e esgotamento físico. Witzel conta que é necessário tirar o crachá, abandonar os conceitos sociais de alta performance, produtividade e multitarefa para dividir o horário do trabalho e o horário fora do trabalho.

Questione: o que eu quero com o meu trabalho e o que eu quero com a minha vida. Pensar na vida fora do trabalho e trazer ferramentas para que a profissão não seja protagonista é evitar o esgotamento. Além disso, cuide de si mesmo. O simplesmente fato de você melhorar sua qualidade de sono já é um autocuidado.

Priorize uma atividade que não seja uma tarefa

Gosta de ouvir música? Ler livro? Fazer um skincare? Manter uma atividade que não seja uma tarefa associada ao trabalho ou às atividades cotidianas pode ser bom para prevenir o sentimento de esgotamento e aliviar a tensão da rotina.

Para quem tem dificuldade de entender suas emoções ou verbalizá-las, já há estudos que demonstram que escrever seus sentimentos podem diminuir a ansiedade e o estresse.

Converse sobre as mudanças da vida

Quando Witzel se mudou do interior de São Paulo para a capital, a vida agitada da cidade associada à nova rotina a colocou em uma situação de alto nível de estresse. O sofrimento mental a fez questionar se deveria voltar para a casa dos pais.

A psicóloga explica que esse é apenas um exemplo de como o novo e as mudanças podem influenciar também no estresse, mas que eles são inevitáveis ao longo da vida. Apesar de ser uma situação aguda e um gatilho para outros distúrbios mentais, uma boa conversa com as pessoas pode ajudar.

Conversando eu entendi que eu podia passar por aquilo. Falar, ver uma nova perspectiva. Ter uma pessoa de confiança para dar conselhos ou afagos nos torna mais leve.

Priorize uma boa noite de sono

Dormir bem é a maneira mais fácil de controlar o estresse. O desafio é colocar o sono como prioridade.

Eu já passei muitos anos sem dormir direito e isso influenciava muito na minha vida. Comecei a dar atenção ao sono e o estresse aliviou também. Preparar-se, desligar os aparelhos eletrônicos, deixar o ambiente mais escuro e começar a pensar no sono como uma função de renovação podem aliviar os sintomas do estresse e de outros distúrbios da saúde mental.