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Remédios e Tratamentos

Um guia dos principais medicamentos que você usa


Fexofenadina traz alívio rápido e duradouro para alergias como rinite

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Imagem: iStock

Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem

06/12/2022 04h00

Desenvolvida no final da década de 1990, a fexofenadina é um antialérgico indicado para aliviar sintomas relacionados a alergias como rinite, conjuntivite e dermatites.

O que é fexofenadina?

Trata-se de um antialérgico classificado como anti-histamínico. Dadas as características desse medicamento ele só deve ser utilizado sob prescrição e orientação médica.

Em quais situações a medicação é indicada?

O fármaco é utilizado na prática clínica há mais de 25 anos e seus efeitos são bastante conhecidos. Contudo, é importante que você faça o uso racional desse remédio, ou seja, utilize-o de forma apropriada, na dose certa e pelo tempo adequado.

A fexofenadina pode ser indicada isolada ou em conjunto com outros medicamentos para o tratamento das seguintes enfermidades

  • Rinite alérgica (espirros e nariz entupido, coceira no nariz, no céu da boca, na garganta ou nos olhos, nariz escorrendo);
  • Conjuntivite alérgica (lacrimejamento e vermelhidão dos olhos);
  • Febre do feno (causada pelo pólen de algumas plantas);
  • Alergias da pele (como por exemplo, erupções avermelhadas na pele que causam coceira [urticária]).

Entenda como ela funciona

Após tomar, a fexofenadina é rapidamente absorvida, sofre metabolismo hepático insignificante e é excretada pelas fezes (80%) e urina (11%).

Para controlar a reação alérgica, a medicação bloqueia os receptores da histamina (uma substância produzida pelo próprio corpo e que causa alergia), inibindo seus sintomas.

Espera-se que, de 1 a 3 horas após a administração, já seja possível observar seus efeitos. Estes se prolongarão por, no mínimo, 12 e até 24 horas, a depender da apresentação (120 mg e 180 mg). As explicações são de Danyelle Cristine Marini, farmacêutica e diretora do CRF-SP.

Conheça as apresentações disponíveis

Allegra® é a marca de referência da fexofenadina. Mas você pode encontrar as versões genéricas.
Confira exemplos de apresentações e doses disponíveis:

  • Comprimidos revestidos - 60 mg; 120 mg; 180 mg
  • Suspensão oral - 6 mg

Quais são as vantagens e desvantagens da fexofenadina?

De acordo com os especialistas consultados, a fexofenadina é segura, eficaz, potente, tem efeito rápido e de longa duração, e ainda possui efeitos colaterais mínimos. Todas essas características fazem da medicação uma ótima opção.

O farmacêutico Aníbal de Freitas Santos Júnior, docente da Uneb, acrescenta que por ser de segunda geração, o fármaco não causa sedação: "Isso significa que não foram observados efeitos sobre a capacidade de conduzir automóveis ou de operar máquinas, alteração no padrão do sono ou outras ações no sistema nervoso central (SNC)".

A única desvantagem apontada pelos especialistas foi a limitação da idade para seu uso.

Qual é a diferença entre fexofenadina e loratadina?

Ambos os medicamentos são considerados de segunda geração e, portanto, são definidos como não clássicos e não sedantes, explica a farmacêutica Amouni Mourad, professora do curso de Farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e assessora técnica do CRF-SP.

"Apesar de essas medicações serem consideradas equivalentes, a loratadina apresenta menor interação com outras moléculas, o que poderia ser considerada uma ligeira vantagem em relação à fexofenadina", acrescenta a especialista.

Saiba quais são as contraindicações

De modo geral, o grupo de medicamentos ao qual a fexofenadina pertence é considerado eficaz e seguro, mas existem algumas contraindicações e cuidados relacionados ao perfil de seus efeitos colaterais.

Assim, o fármaco não deve ser usado por pessoas que sejam hipersensíveis (ou tenham conhecimento de que alguém da família tenha tido reação semelhante) ao seu princípio ativo ou a qualquer outro componente de sua fórmula.

Fique também atento na presença das seguintes condições, que nem sempre são contraindicações absolutas, mas exigem atenção de quem prescreve e de quem irá tomar o medicamento. Confira:

  • Gravidez e lactação
  • Idades inferiores a 6 meses ou 12 anos (a depender da dose e da doença a ser tratada)

Crianças e idosos podem usá-la?

Sim. "No entanto, na população pediátrica, doses e indicações devem respeitar idades mínimas. Por exemplo, crianças acima de 6 meses podem ser medicadas em casos de dermatite; acima de 2 anos, nos quadros de rinite", fala Cláudio Márcio Yudi Ikino, otorrinonaringologista do HU-UFSC, vinculado à rede Ebserh.

Já os idosos também podem ser beneficiados com o uso da fexofenadina, mas é preciso estar atento aos outros medicamentos que o paciente utiliza, ou à presença de alguma doença que poderia modificar a ação esperada. Esta é a razão pela qual esses pacientes devem ser monitorados para eventual ajuste da medicação.

Estou grávida e pretendo amamentar. Posso usar a fexofenadina?

Embora não exista contraindicação absoluta do uso desse medicamento entre grávidas e lactantes, não existem estudos que atestem a segurança da indicação do medicamento nesse grupo.

Assim, ele só poderá ser utilizado quando não houver outras opções e, sobretudo, após a prévia avaliação médica dos riscos e benefícios para a paciente e para o bebê.

Qual é a melhor forma de tomar esse medicamento?

Prefira tomá-lo com água, respeite o esquema de doses sugerido pelo seu médico e evite partir o comprimido.

Embora não exista registro de interação com alimentos em geral, ou seja, você pode ingeri-lo junto ou separado das refeições, o aproveitamento do fármaco pelo organismo pode ser reduzido quando ele é administrado com suco de laranja, maçã ou toranja e itens gordurosos. Assim, prefira abster-se deles nos horários próximos da administração do medicamento.

Existe uma melhor hora do dia para usar esse medicamento?

Não. O importante é que a fexofenadina seja utilizada na forma indicada pelo seu médico.

O que faço quando esquecer de usar o remédio?

Quando isso ocorrer, tome-a assim que for possível. Caso observe que o horário da dose posterior está próximo, espere o hora certa para a administração da dose, e reinicie o esquema de uso do medicamento. É desaconselhado tomar duas doses de uma vez para compensar a que foi esquecida.

Se você sempre se esquece a hora certa de usar remédios, acione algum tipo de alarme para lembrar-se.

Quais são os possíveis efeitos colaterais?

Este medicamento é considerado bem tolerado, seguro e eficaz quando usado na forma prescrita pelo médico.

Apesar disso, os efeitos colaterais mais comuns são tontura, cansaço e boca seca, especialmente quando as doses são mais altas. Além disso, podem ser observadas outras reações, destacando-se as descritas a seguir:

Caso observe a presença de outros sintomas mais intensos durante o tratamento com esse medicamento, comunique seu médico.

Interações medicamentosas

Como a fexofenadina não é metabolizada pelo fígado, ela possui poucas interações com outros medicamentos. Quando isso ocorre, pode haver alteração ou redução de seu efeito.

Avise o médico, o farmacêutico ou dentista, caso esteja fazendo uso (ou tenha feito uso recentemente) das substâncias abaixo descritas, que são apenas alguns exemplos das possíveis:

  • Outros anti-histamínicos (como a azelastina)
  • Inibidores anticolinesterásicos (donepezila)
  • Anticolinérgicos (benzotropina)
  • Antivertiginoso (betaistina)
  • Analgésicos opioides (buprenorfina, hidrocodona)
  • Antifúngico (itraconazol ou cetoconazol)
  • Antibiótico (eritromicina, minociclina, rifampicina)
  • Agente procinético (metoclopramida)
  • Toxina botulínica
  • Antiácidos contendo alumínio ou magnésio

Embora não existam dados na literatura sobre a interação com fitoterápicos e suplementos, é indicado informar o médico ou farmacêutico sobre o eventual uso desses produtos.

Interação com álcool

A literatura sobre o medicamento esclarece que não há significante interação com o consumo moderado de bebidas alcoólicas. No entanto, converse com seu médico para saber se, no seu caso, essa prática poderia potencializar o aparecimento de efeitos colaterais indesejados.

Em casa, coloque em prática as seguintes dicas:

  • Observe a validade do medicamento indicado no cartucho. Lembre-se: após a abertura, alguns fármacos têm tempo de validade menor, o que também é influenciado pela forma como você os armazena;
  • Leia atentamente a bula ou as instruções de consumo do medicamento;
  • Ingira os comprimidos inteiros. Evite esmagá-los ou cortá-los ao meio --eles podem ferir sua boca ou garganta;
  • Em caso de cápsulas, não as abra para colocar o conteúdo em água, alimentos ou mesmo para descartar. Sempre use a cápsula íntegra;
  • No caso de suspensões orais, agite bem o frasco antes de usar. Sempre limpe o copo dosador antes e após o uso e armazene junto ao frasco do medicamento, para evitar misturar com outros remédios;
  • Respeite o limite da dosagem indicada;
  • Escolha um local protegido da luz e da umidade para armazenamento. Cozinhas e banheiros não são a melhor opção. A temperatura ambiente deve estar entre 15 °C e 30 °C;
  • Guarde seus remédios em compartimentos altos. A ideia é dificultar o acesso às crianças;
  • Procure saber quais locais próximos da sua casa aceitam o descarte de remédios. Algumas farmácias e indústrias farmacêuticas já têm projetos de coleta;
  • Evite descarte no lixo caseiro ou no vaso sanitário. Frascos vazios de vidro e plástico, bem como caixas e cartelas vazias podem ir para a reciclagem comum.

O Ministério da Saúde mantém uma cartilha (em pdf) para o Uso Racional de Medicamentos, mas você pode complementar a leitura com a Cartilha do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos - Fiocruz) (em pdf) ou do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (também em pdf). Quanto mais você se educa em saúde, menos riscos você corre.

Fontes: Amouni Mourad, farmacêutica, professora do curso de farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP) e assessora técnica do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia de São Paulo); Aníbal de Freitas Santos Júnior, farmacêutico e docente pleno da Uneb (Universidade do Estado da Bahia); Danyelle Cristine Marini, farmacêutica e diretora do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia de São Paulo), professora do curso de medicina na Unifae (Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino/São João da Boa Vista) e nas Faculdades Integradas Maria Imaculada (Mogi Guaçu/SP); e Cláudio Márcio Yudi Ikino, otorrinonaringologista do HU-UFSC (Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Revisão técnica: Amouni Mourad.

Referências: Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); Craun KL, Schury MP. Fexofenadine. [Atualizado em 2022 Maio 18]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK556104/.