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Pandemia 'envelheceu' cérebro de adolescentes em três anos, diz estudo

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Imagem: GETTY IMAGES

Do VivaBem, em São Paulo

06/12/2022 16h46

A pandemia da covid-19 pode ter acelerado o envelhecimento cerebral dos adolescentes, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica Biological Psychiatry: Global Open Science.

Cientistas da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, investigaram o cérebro de adolescentes antes e depois do isolamento pandêmico e identificaram sinais de um envelhecimento precoce no segundo grupo.

Mudanças na estrutura cerebral ocorrem naturalmente à medida que envelhecemos. Durante a puberdade, por exemplo, sabe-se que ocorre um crescimento mais expressivo tanto no hipocampo quanto na amígdala, áreas do cérebro que controlam o acesso a certas memórias e ajudam a modular as emoções.

Já os tecidos do córtex —uma área envolvida no funcionamento executivo— tornam-se mais finos.

No entanto, ao comparar exames de ressonância magnética de um grupo de 163 crianças, realizados antes e após a pandemia, o estudo concluiu que esse processo de desenvolvimento parece ter sido mais intenso no segundo grupo.

É como se o cérebro deles estivesse três anos mais velho do que era antes da crise global, de acordo com o estudo.

Sintomas severos de depressão e ansiedade também foram encontrados com maior frequência no segundo grupo. Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que a pandemia não apenas afetou adversamente a saúde mental dos adolescentes, mas também acelerou a maturação do cérebro.

Quais poderão ser as consequências?

O envelhecimento precoce na "idade do cérebro" só havia sido identificado anteriormente em crianças que passaram por adversidades crônicas, seja por violência, negligência, disfunção familiar ou uma combinação de múltiplos fatores.

Essas experiências negativas estão ligadas a resultados piores de saúde mental ao longo da vida. No entanto, ainda não se sabe se as mudanças na estrutura cerebral observadas pelos pesquisadores de Stanford estão ligadas a impactos negativos na saúde mental.

"Para uma pessoa de 70 ou 80 anos, você esperaria alguns problemas cognitivos e de memória com base em mudanças no cérebro, mas o que significa para uma pessoa de 16 anos se seu cérebro está envelhecendo prematuramente?", questionou o autor do estudo, Ian Gotlib, em comunicado.

Também não ficou claro se as mudanças cerebrais são permanentes. Para responder à pergunta, a equipe planeja reexaminar os voluntários quando eles tiverem 20 anos.