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Tem mercúrio no peixe? 5 substâncias nocivas que podem estar na sua comida

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Colaboração para VivaBem

23/09/2022 04h00

Peixes como o atum são recomendados por nutricionistas no mundo todo por seu valor nutricional, com alta quantidade de gordura boa (especialmente a ômega 3) e proteínas. No entanto, a crescente contaminação dos oceanos por metais pesados, como mercúrio e chumbo, tornou esse consumo perigoso —já que alguns animais podem acumular essas substâncias e passarem para nós quando os ingerimos.

Esse é apenas um exemplo de substâncias químicas que podemos acabar consumindo de forma indireta e que fazem muito mal ao organismo. Confira a seguir cinco substâncias que são consideradas prejudiciais, mas chegam ao nosso prato mesmo assim.

1. Fosfatos, nitritos e nitratos

Os nitritos e nitratos não são, por si só, ruins. São compostos químicos naturais que contêm nitrogênio e oxigênio e estão presentes na água, no solo e em vegetais, como na beterraba e no espinafre.

O problema é que, ao reagir com alguns compostos, como os aminoácidos (presentes nas proteínas), eles podem formar substâncias com potencial nocivo à saúde, como as nitrosaminas, estas sim carcinogênicas. Tanto o nitrito quanto o nitrato são usados pela indústria alimentícia em produtos processados, para impedir o crescimento de bactérias e aumentar o prazo de validade de carnes como como presunto, salame, mortadela, salsicha e hambúrguer.

Embora agências reguladoras no mundo todo estabeleçam limites para a adição desses compostos —no Brasil, por exemplo, é de 150 mg por quilo de alimento—, o consumo exagerado de carne processada desperta preocupação.

No caso dos fosfatos, a dificuldade dos rins em filtrar esse excesso também pode levar a danos nos ossos e ao sistema cardiovascular. E atingir o limite não é difícil: um estudo feito por pesquisadores da Holanda e dos EUA afirma que a maioria dos adultos saudáveis —em especial, pessoas com baixa renda, que consomem mais comida barata e processada— consome o dobro da recomendação diária desse tipo de substância.

2. Metilmercúrio

O consumo de peixes como salmão e atum é recomendado pelo alto valor nutritivo deles, que são fonte importante de ácidos graxos ômega 3 —muito importantes para a saúde cardiovascular.

Só que esses animais também podem apresentar uma alta concentração de metilmercúrio, um poluente ambiental bastante tóxico para o corpo. Dados de uma pesquisa feita pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), por exemplo, mostraram que o consumo excessivo de peixes com essa substância provocou déficit na função neurocognitiva, afetando atenção e memória.

O que fazer então? O ideal é não fazer dessas proteínas a base da alimentação, evitando consumir todos os dias, especialmente as versões em lata. O atum em lata, por exemplo, não deve ser ingerido mais do que quatro vezes na semana.

Se o peixe for fresco, o melhor é variar com outras proteínas e não ultrapassar três vezes na semana.

3. Politetrafluoretileno (ou teflon)

Você provavelmente não conhece esse palavrão aí em cima, mas sabe o nome comercial dele: teflon, marca registrada da empresa DuPont, que patenteou o composto em 1941.

O politetrafluoretileno (PTFE) é um tipo de plástico semelhante ao polietileno e bastante usado em panelas e utensílios domésticos por suas propriedades antiaderentes.

Mas, conforme panelas e frigideiras vão ficando velhas, o material vai descascando e pode contaminar os alimentos, provocando problemas como câncer de rim e nos testículos, aumento de colesterol e até pré-eclâmpsia em grávidas.

Felizmente, hoje as panelas antiaderentes já usam tecnologias mais seguras. No entanto, também devem ser aposentadas quando derem sinais de muito uso, como riscos e material descascando.

Por fim, também é recomendado sempre preferir panelas de cerâmica ou de outro material, como o vidro, quando for possível fazer essa substituição.

4. Bisfenol A (BPA)

O Bisfenol A, também chamado de BPA, é um composto utilizado na fabricação de alguns tipos de plástico e também na resina epóxi, utilizada para na indústria alimentícia para revestir internamente as latas que acondicionam alimentos e impedir a ferrugem e contaminação externa.

O problema é que a substância presente em potes pode passar para os alimentos, especialmente os mais gordurosos, quando há variações simples de temperatura ou danos na embalagem. E inúmeros estudos já ligaram o BPA a problemas de saúde como infertilidade, alterações hormonais, problemas cardíacos e até ao aumento do risco de câncer.

A recomendação, portanto, é evitar o uso de embalagens que não tenham indicação de serem livres de BPA. Algumas já são feitas com o substituto dele, o bisfenol S —que, no entanto, também parece causar danos à saúde, como indica um estudo publicado no periódico Nutrients.

O que fazer então? Bom, a aposta mais segura é investir em embalagens de vidro ou metal e evitar qualquer alimento acondicionado em embalagens que não sejam livres de BPA. E, se for para usar um pote plástico duvidoso, que seja para armazenar produtos secos ou folhosos.

Evite também consumir líquidos ou comer algo que estava acondicionado em potes plásticos e passou por variações de temperatura, como a marmita que levamos para o trabalho ou aquela garrafa d'água que ficou ao sol.

5. Cumarina

A cumarina é uma substância presente na canela chamada de cássia, também conhecida como "falsa canela" —mas muito comum e fácil de ser encontrada.

Em doses altas, a cumarina está ligada ao aparecimento de distúrbios gastrointestinais e reações alérgicas, de acordo com uma revisão publicada no Clinical Nutrition Journal.

A cumarina também já foi ligada a danos hepáticos, ao aparecimento de câncer e a hemorragias por possuir propriedades anticoagulantes.

Como os estudiosos não conseguiram precisar qual a quantidade exata de cumarina que seria perigosa para a saúde, os especialistas recomendam evitar o uso e buscar sempre a canela "verdadeira", ou seja, adquirindo produtos de qualidade em redes de supermercado e lojas de confiáveis.

Fontes: Angélica Grecco, coordenadora da nutrição do Hospital Santa Helena e nutricionista do Instituto EndoVitta; Daniely Santos, nutricionista residente da pediatria do Hospital das Clínicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), vinculado à rede Ebserh; Regina Coeli da Silva Vieira, professora adjunta do curso de nutrição da UFAM (Universidade Federal do Amazonas).

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