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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


A manifestação do estresse na pele: aumento da acne e de doenças cutâneas

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Imagem: iStock

Janaína Silva

Colaboração para o VivaBem

20/07/2022 04h00

É muito provável que você já tenha ouvido as expressões "emoções à flor da pele" e "nervos à flor da pele". Apesar de parecerem exageradas, elas têm fundamento. O sistema nervoso e a pele têm origem embrionária, relacionando-se desde sempre.

"É por isso que doenças como psoríase, vitiligo, acne e dermatite seborreica chegam a piorar de acordo com o estado emocional, algumas por alterações hormonais, outras por meio de citocinas inflamatórias, que são liberadas durante o estresse", diz Karina Passos, dermatologista titulada pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), que atua no Recife (PE).

Segundo ela, a imunidade se deteriora quando o organismo está sobrecarregado. Os exemplos mais comuns são os surtos de herpes simples, mais recorrentes durante períodos de tensão, e a acne, também frequente após momentos estressantes.

Um dos problemas: cortisol em excesso

Chamado de hormônio do estresse, o cortisol prepara o organismo para situações de muita tensão, seja para enfrentar o perigo ou para fugir dele. "Produzido pelas glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins, ele é responsável por auxiliar o corpo a controlar o estresse, contribuindo, ainda, para o funcionamento do sistema imunológico, mantendo a pressão arterial e os níveis de açúcar no sangue constantes", diz Gabriela Iervolino, endocrinologista e titulada pela SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

Entretanto, o estresse crônico —aquele que ultrapassa os limites do que é considerado normal e saudável— tem como efeito mudanças na fabricação do cortisol, explica Camila Hoffman, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Quando em desequilíbrio, ele impacta a saúde como um todo, levando a disfunções, como perda ou ganho de peso, falta de sono e interferindo no descanso. "Ocasiona também opacidade, ressecamento e afinamento da pele. Podem surgir —ou serem agravadas— as doenças autoimunes, como psoríase e vitiligo, além de eczemas, queda de cabelo, enfraquecimento de unhas e alteração da sudorese", lista Seomara Catalano, dermatologista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), coordenadora da pós-graduação em dermatologia e cirurgia dermatológica das Faculdades BWS (SP).

De acordo com Mariana Shanae Murata, médica coordenadora da dermatologia da Rede D'Or São Luiz no ABC Paulista, os níveis altos de cortisol ainda inibem a produção de colágeno, do ácido hialurônico e de lipídeos saudáveis.

Hormônios desregulados também provocam acne

Níveis elevados de cortisol também alteram a secreção de alguns hormônios sexuais. A alta concentração de andrógenos —hormônios masculinos—, como a testosterona, que atuam na glândula sebácea, eleva a produção de sebo, obstruindo os poros e piorando a acne.

As mulheres são mais sensíveis às variações dos androgênios, por terem menos hormônios masculinos, e mais suscetíveis a apresentar o aumento das erupções na pele.

"Com uma boa anamnese, é possível identificar o que ocasiona o desequilíbrio hormonal. No caso das mulheres, se não for estresse, com síndrome dos ovários policísticos, por exemplo, há outros sinais da doença, como o ganho de peso e o crescimento de pelos, além de ciclos menstruais irregulares", explana Passos.

Trate o estresse e cuide da sua pele

Pode parecer difícil controlar o estresse, já que tudo parece ser gatilho. Mas algumas técnicas podem amenizá-lo para pelo menos manter sua pele saudável. As especialistas recomendam:

  • Alimentação balanceada: é sabido que alimentos ricos em açúcares e gorduras favorecerem o aumento da produção das glândulas sebáceas e prejudicam a saúde da pele. Assim, é importante reduzir a ingestão desses itens;
  • Manter boa hidratação;
  • Buscar válvulas de escape, como a prática de atividade física, técnicas de relaxamento com exercícios de respiração e meditação diária;
  • Dormir bem é fundamental para a redução dos níveis de cortisol;
  • Buscar especialistas, como dermatologistas, para investigar o fator desencadeante da acne e tratar o problema. Endocrinologistas auxiliam na resolução do quadro;
  • É crucial ter acompanhamento e diagnóstico médico, não tratar sem orientação ou usar produtos receitados a terceiros. Além de não funcionarem, podem prejudicar ainda mais a situação;
  • Manter bons cuidados e higiene com a pele, usar produtos adequados e recomendados de acordo com o tipo de pele;
  • É indicado lavar o rosto de uma a duas vezes ao dia com sabonetes suaves e água na temperatura de morna a fria;
  • Usar protetor solar várias vezes ao dia para prevenir o envelhecimento e as doenças causadas pela exposição à radiação UV.