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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Excesso de pele no ânus confunde com hemorroida e pode causar desconforto

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De VivaBem, em São Paulo

28/06/2022 04h00

Apesar de ainda ser um assunto tabu entre as pessoas, há diversos problemas que podem afetar a região do ânus. Entre eles, a hemorroida —condição relativamente comum—, a fissura (um corte) e o câncer colorretal. Mas há ainda uma outra condição, nem tão conhecida assim, que pode confundir com outras doenças, que é o caso do plicoma anal, um excesso de pele na borda do ânus.

Essa condição, que não costuma causar graves problemas de saúde, pode parecer com a hemorroida e deixar o paciente confuso. Mas são duas coisas diferentes, que tendem a estar associadas, segundo os médicos.

"A hemorroida externa pode resultar no plicoma, mas o plicoma não vira uma hemorroida", explica Bruno Martins, coloproctologista do Hospital Brasília (DF). "Quando há uma crise de hemorroida externa, surge aquela 'bolinha' na borda do ânus e, quando ela desincha e regride, pode ficar sobrando esse acúmulo de pele, que damos o nome de plicoma."

Lembrando que a hemorroida é uma doença que pode causar sangramento e dor na região do ânus. Ela ocorre pelo inchaço e inflamação de veias que passam pelo local —diferente do plicoma que é um acúmulo de pele e não de veias. Portanto, a hemorroida externa —e não interna— é a causa mais comum do plicoma.

De acordo com Denise Priolli, coloproctologista e coordenadora da Faculdade Pitágoras em Codó, no Maranhão, o plicoma costuma ser uma "sequela" ou um sinal de que algo aconteceu na região. "É uma cicatriz na borda anal, que é resultado de processos como uma inflamação, um corte ou uma hemorroida externa", reforça a também médica especializada em gastroenterologia cirúrgica.

Priolli explica ainda que o plicoma é quase como uma forma de proteção do corpo, uma maneira de evitar que aquela região —já afetada— cause ainda mais dor na pessoa. "Esse excesso de pele faz com que, ao abrir e fechar o ânus, um mecanismo normal da eliminação das fezes, não ocorra um outro corte sobre a cicatriz", afirma.

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Outras situações podem fazer o plicoma surgir?

Apesar de não ser tão frequente, pessoas com DIIs (doenças inflamatórias intestinais), como doença de Crohn e retocolite ulcerativa, podem desenvolver plicomas, assim como gestantes, que apresentam maior risco de ter hemorroidas.

O excesso de pele também pode aparecer em outras situações: quando há um corte (fissura) na região ou logo após uma cirurgia de remoção de hemorroidas —neste caso, como uma cicatriz do tratamento.

Por isso, é sempre importante procurar o médico que vai investigar e sugerir a melhor forma de tratar, além de dar orientações sobre higienização do local.

Tem sintomas?

Mesmo sem oferecer riscos à saúde, a condição pode trazer desconforto, já que os plicomas podem ter diferentes tamanhos. Quando é grande, o paciente tende a sentir mais incômodo.

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Imagem: Getty Images/iStockphoto

"Em alguns casos, há dificuldade de higienizar, deixando a região suja e causando coceira (prurido). Além disso, pode causar a sensação de inchaço. Então, temos desde manifestações estéticas até as funcionais", explica Pedro Popoutchi, proctologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Outro sinal comum é a sensação de bloqueio no ânus.

Ainda segundo o médico, algo que não costuma ser frequente com os plicomas é o sangramento. "Quando há sangue, na maioria das vezes, é algo interno, como uma hemorroida. Mas também é importante lembrar que nem todo sangramento é por causa da hemorroida", diz.

Isso quer dizer que sangramento no ânus pode ser um importante sinal de alerta para ir ao médico, pois é um importante sintoma do câncer colorretal. Mas o aviso serve para qualquer alteração na região, mesmo se for um "simples" plicoma.

"Apesar de ser algo comum, é sempre importante procurar um médico para fazer essa diferenciação, pois é possível confundir plicomas com lesões por HPV, úlceras e fissuras", reforça o médico do Hospital Brasília.

É possível tratar o plicoma

Mas não existe uma pomada ou remédio que vai tirar o excesso de pele. Se a pessoa se incomodar muito, a única opção é a cirurgia de retirada, conforme explica Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do Hospital Nove de Julho (SP) e membro da SBC (Sociedade Brasileira de Coloproctologia).

"Mesmo não sendo nada grave, há plicomas minúsculos, que o médico nem recomenda retirar, mas existem os grandes, que podem trazer desconforto e, neste caso, podemos recomendar a retirada", diz.

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Segundo os especialistas, é uma cirurgia de baixa complexidade, na qual o paciente tende a ser liberado no mesmo dia, com uma rápida recuperação.

Quais as formas de prevenção?

Como a hemorroida (externa) é a principal causa do plicoma, a prevenção envolve as seguintes práticas:

  • Evitar ficar muito tempo sentado no banheiro;
  • Ter uma dieta rica em fibras;
  • Beber água;
  • Praticar atividade física;
  • Evitar excesso de álcool, pimenta e outros condimentos;
  • Fazer a limpeza do ânus com água, se possível, ou lenço umedecido, evitando o uso de papel higiênico.