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Saúde

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Quanto tempo o vírus da covid-19 fica no corpo? Quando para a transmissão?

Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

09/06/2022 04h00

O Brasil vive um cenário de aumento de casos e pessoas com sintomas da covid-19, após o relaxamento de algumas medidas sanitárias, como a obrigatoriedade do uso de máscaras. Com a alta da doença, uma questão importante que vem sendo estudada e discutida é quanto tempo o vírus pode ficar no corpo.

Segundo o infectologista Alexandre Vargas Schwarzbold, o tempo de permanência do Sars-CoV 2 na via respiratória para a ômicron e suas subvariantes não muda muito em relação às variantes anteriores.

"Em média, tem nove dias de duração, mas dependendo da carga viral pode durar menos tempo no organismo de uma pessoa, de cinco a sete dias, ou mais, chegando a 14 dias. Em pacientes com alguma imunodepressão, a duração e excreção viral pode durar ainda mais, chegando a duas semanas ou até um mês", afirma o médico que também é professor de infectologia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e membro consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Em linhas gerais, o pico da transmissão antes da ômicron era entre dois dias antes dos sintomas emergirem, e três dias depois, com carga viral gradualmente reduzindo ao longo de sete a 10 dias. Para a ômicron, o consenso é entre dois dias pré e dois dias pós surgimento de sintomas, de acordo com Ana Luíza Gibertoni Cruz, médica infectologista da UK Health Security Agency e pesquisadora no Departamento de Saúde Populacional da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

"No entanto, é importante transmitir a incerteza que existem nestas estimativas, principalmente porque os dados são originados de uma população heterogênea para status vacinal e de doença, e não de uma população homogeneamente sem imunidade", comenta Cruz.

Atualmente, o isolamento recomendado para pacientes com covid-19 varia de cinco a 10 dias no Brasil, a depender dos sintomas e testes feitos pelo paciente.

Imunidade, carga viral e vacinação influenciam

O tempo que o vírus permanece no corpo pode variar dependendo de alguns fatores, como o estado de saúde prévio da pessoa, a quantidade de vírus com que ela se contaminou e o status vacinal (vacinados têm duração menor do vírus no corpo do que não vacinados, possivelmente por possuírem uma carga viral mais baixa).

"Um dos principais fatores que definem o tempo de permanência do vírus no corpo é a imunidade da pessoa. E quanto maior a idade, menor a competência do sistema imune", diz Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas e diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Segundo ela, também envolvem fatores como a imunidade prévia adquirida por vacinação ou pela doença natural, e fatores relacionados à genética e a condições de imunossupressão. "Alguém sob tratamento de câncer, por exemplo, pode apresentar resposta imune menor e maior período de permanência do vírus no corpo", diz.

Qual o melhor teste para saber se alguém infectado está transmitindo o vírus?

A eliminação do vírus do corpo de uma pessoa se dá quase simultaneamente com a melhora dos sintomas respiratórios e sistêmicos. Mas, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, uma forma objetiva de saber se o indivíduo infectado não transmite mais o vírus é por meio do teste rápido de antígeno, pois ele consegue detectar a replicação viral (vírus ainda em atividade) e indicar se a quantidade viral presente é suficiente para possibilitar a transmissão de pessoa a pessoa.

O teste do RT-PCR é bom e recomendado para fins de diagnóstico, mas não para saber se a pessoa infectada ainda pode transmitir, porque ele é extremamente sensível e consegue detectar qualquer estrutura do vírus, independentemente de estar ou não viável, diz Richtmann, que dá um exemplo puramente didático.

"Imagine que o vírus seja uma formiga na garganta. Se a pessoa fizer o teste do PCR e a formiga estiver viva, o resultado será positivo. Mesmo se após um tempo a formiga estiver morta, e sobrar uma pata da formiga na garganta, o teste do PCR ainda dará positivo", compara.

Ou seja, uma pessoa que teve covid-19 pode apresentar PCR positivo por semanas, mas isto não quer dizer que ela continua doente ou que possa transmitir a doença. Um teste positivo pode ser erroneamente interpretado e colocar um indivíduo sob isolamento prolongado de forma desnecessária.

Cruz, pesquisadora de Oxford, explica que o vírus pode continuar no corpo sem que seja possível a transmissão. "Pessoas que ainda têm vírus ativo, mas com replicação a uma taxa baixa não tendem a transmitir o vírus, provavelmente porque há pouca partícula ativa sendo mobilizada através das gotículas e aerossóis formados pelas secreções respiratórias", diz.