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Exame de sangue pode identificar e ajudar a tratar depressão, indica estudo

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Imagem: iStock

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

05/01/2022 13h56

Pesquisadores de instituições norte-americanas, como a Universidade de Illinois e a Universidade de Utah, descobriram um biomarcador em plaquetas humanas que pode ser utilizado para identificar a depressão por exames de sangue.

O estudo, publicado no primeiro dia de 2022 na revista científica Molecular Psychiatry, mostrou que esse biomarcador tem potencial para comprovar a eficácia de medicamentos psiquiátricos no tratamento de pacientes com a doença.

Para chegar a essa conclusão, os especialistas analisaram pesquisas anteriores feitas em animais e humanos. Essas, por sua vez, mostraram que quando estamos deprimidos, ocorre a diminuição de uma molécula produzida por neurotransmissores como a serotonina e a adrenalina, chamada adenilato ciclase.

Em um quadro de depressão, a produção da adenilato ciclase cai porque a proteína G heterotrimérica (Gs), que permite a produção dos neurotransmissores, fica presa em uma matriz rica em colesterol na membrana celular.

Esse é um dado importante, já que evidências anteriores mostraram que os pacientes que tiveram melhora dos sintomas de depressão não tinham a proteína Gs presa nos lipídeos.

Em contrapartida, nos pacientes que estavam em tratamento com antidepressivos, com sintomas, a proteína ficava ainda mais presa nesse trajeto.

"Como as plaquetas acabam em uma semana, você veria uma mudança nas pessoas que iriam melhorar", explicou Mark Rasenick, líder do estudo, em um comunicado à imprensa. Segundo ele, isso permitiria analisar, precocemente, a influência do biomarcador em um tratamento bem-sucedido, por exemplo.

Por que esse estudo é importante?

À princípio, o exame de sangue revelou quando a proteína está ou não na membrana celular mergulhada em colesterol. Com isso, será possível saber se os antidepressivos estão funcionando cerca de uma semana após o início do tratamento, o que faria muita diferença.

Segundo Rasenick, cerca de 30% dos pacientes não melhoram com o medicamento e, normalmente, os especialistas precisam aguardar várias semanas para saber se os antidepressivos estão realmente cumprindo seu papel, situação que com o exame seria evitada.

Outro ponto relevante é a falha no diagnóstico dos pacientes. "A maior parte das pessoas com depressão é diagnosticada em consultórios médicos de cuidados primários, onde não existe um rastreio sofisticado", conclui o cientista.