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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Além de mudar tamanho do seio, amamentação unilateral pode gerar inflamação

Reprodução TikTok
Imagem: Reprodução TikTok

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

16/10/2021 10h56

Por um vídeo no TikTok, a influenciadora norte-americana Abbie Herbert contou ter notado uma diferença no tamanho dos seios depois de amamentar sua filha, Poppy, em apenas um dos lados —segundo ela, o que a bebê demonstrava preferência.

"O estímulo para produção do leite é hormonal e ocorre pela sucção do bebê —inicialmente nas duas mamas. Se uma delas não tem a drenagem por que o bebê não mama, como no caso de Abbie, pode ocorrer o que chamamos de lactocele (acumulo de leite dentro dos ductos mamários). Com o tempo, se o bebê continuar mamando apenas de um lado, a outra mama tende a reduzir a produção pela ausência local do estímulo", explica José Carlos Campos Torres, médico mastologista e cirurgião oncológico pélvico do CAISM/UNICAMP (Hospital da Mulher Prof. Dr. J. A. Pinotti-Caism/Unicamp).

De acordo com o médico, para o bebê, não há riscos. O leite que sai por um lado só continua possuindo tudo que a criança precisa para ficar bem alimentada. Já para mãe, além do inchaço, o quadro pode causar dor local, incômodo para a mãe ou até um processo infeccioso conhecido como mastite.

O aumento costuma ser transitório, mas, dependendo dos hábitos, pode ser permanente. "A diferença costuma diminuir bastante depois do desmame total, quando a produção de leite acaba, mas se a mãe só deu uma mama desde o início, o tamanho e a flacidez podem ficar diferentes desse lado", diz Beatriz Geronymo, da Comissão de Aleitamento da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP.

Quando a mulher não consegue amamentar por sintomas como dor, massas palpáveis, sangramentos pelo mamilo ou outros incômodos, ela deve procurar um mastologista. "Pode ser sinal de doença mamária em algumas mulheres, incluindo câncer —embora situações como essa represente uma minoria dos casos", alerta Torres.

Como evitar o problema?

Na maioria das vezes a simples alternância dos seios na amamentação é suficiente para evitar esse problema. Não é necessário que a mãe contabilize o tempo de amamentação de uma forma minuciosa. A percepção materna geralmente é suficiente.

  • Para estimular o bebê a aceitar a mama "rejeitada", o mastologista José Torres indica:
  • Tentar iniciar a oferta do seio recusado nos momentos em que o bebê esteja com um pouco mais de sono;
  • Oferecer também esse lado antes ao iniciar a amamentação, aproveitando o momento que o bebê está mais faminto;
  • Estimular o aumento da lactação neste seio, com o uso de máquinas de extração de leite;
  • Tentar outras posições de amamentação para esse seio.

O que fazer em casos de dor?

O leite parado no interior do ducto é a principal causa da mastite, processo inflamatório que geralmente é o causador dos incômodos. "O líquido causa aumento da pressão do interior do ducto, causando o conhecido 'empedramento' do leite. A primeira medida é drenar o leite acumulado através de manobras e artifícios como compressão manual suave, uso de máquinas de extração. A sucção do bebê é a melhor técnica, mas nem sempre é possível nestes casos. Uso de compressas frias também pode aliviar", esclarece Torres.

Se o caso também traz febre e calafrios, é fundamental que a mulher procure ajuda médica o mais breve possível para evitar uma infecção mais séria que exija internação hospitalar, procedimentos cirúrgicos ou ate uma septicemia (grave infecção generalizada), que embora rara, pode ocorrer em situações negligenciadas.