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Pesquisa: 90% dos cuidadores no país exercem função por falta de dinheiro

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Imagem: iStock

Bruna Alves

Do Vivabem, em São Paulo

19/09/2021 13h42

Uma pesquisa encomendada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) e a Veja Saúde, com o apoio da Novartis traçou o perfil e os desafios encontrados pelos cuidadores no Brasil. A maioria, por exemplo, só faz o trabalho por não ter condições de pagar por um profissional especializado.

Denominada "Cuidadores no Brasil", a pesquisa online foi realizada entre outubro de 2020 e janeiro de 2021. Ao todo foram ouvidos 2.534 cuidadores, sendo 2.047 familiares e 487 profissionais, de todas as regiões do país.

A pesquisa mostrou que 6 em cada 10 cuidadores têm pelo menos 50 anos de idade, sendo que 27% têm 60 anos ou mais. Entre os participantes, 90% tiveram que assumir o papel de cuidador por ser o familiar mais próximo e não terem renda para contratar os serviços de um profissional. Por isso, 46% dos cuidadores familiares já pensaram em renunciar à atividade.

"Ganha corpo uma geração de idosos cuidando de idosos, que nem sempre podem dar a devida atenção às suas próprias necessidades de saúde. O estudo aponta que já passou pela cabeça de 46% desses familiares renunciarem à atividade, mas apenas 3% o fizeram. A saúde mental dessas pessoas também deve ser um ponto de atenção", alerta Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida e idealizadora do estudo.

Vale destacar que o estudo foi abrangente e não dedicado exclusivamente aos cuidadores de idosos. Mesmo em menor número, foram ouvidos familiares e cuidadores profissionais de pessoas com doenças crônicas, cardiovasculares, neurológicas e câncer. Outro ponto importante é que 80% não tem curso na área da saúde e 90% dos profissionais são mulheres.

"A responsabilidade é enorme e a jornada de trabalho é diária para oito em cada dez familiares. Muitos deles não têm com quem revezar. O profissional sofre ainda mais nessa jornada: não é raro que seu escopo de atividades seja confundido dentro dos lares, fazendo com que assumam outras tarefas na residência", explica Marlene.

A presidente ainda ressalta que cerca de 40% dos participantes acreditam que a ocupação é totalmente desvalorizada no Brasil, alertando para a necessidade de conscientizar ainda mais a sociedade sobre o papel e a responsabilidade de quem cuida.

Sobre o impacto na saúde emocional e física desses cuidadores, o total de 48% sofre com estresse e um em cada cinco com insônia. Também são comuns relatos de dores e lesões por esforço repetitivo.

"O Brasil tem muito a evoluir na valorização dessa função. De um lado, é preciso haver maior capacitação e organização de uma classe que cresce em números com o envelhecimento populacional. Do outro, é necessária uma maior assistência e informação a quem tantas vezes vivenciou uma reviravolta em sua vida a fim de cuidar de um ente querido", ressalta Marlene.

Por que esse estudo é importante

A pesquisa enfatiza a importância de prestar atenção nas necessidades e anseios dos cuidadores, sobretudo, aqueles que fazem o trabalho por não terem condições de pagar um profissional especializado.

"Nós queremos instigar os gestores públicos, os formuladores de políticas públicas, as empresas e a sociedade como um todo a ter um olhar mais atento para quem cuida do outro com uma nova perspectiva. Com esses dados podemos colaborar com o ecossistema brasileiro de saúde pública e privada a respeito desses cuidadores."