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Órgãos de quem morreu por complicações de covid-19 podem ser doados?

Luiza Vidal

Do VivaBem, em São Paulo

18/03/2021 18h45

O senador Major Olimpio (PSL-SP), 58, morreu nesta quinta-feira (18), em São Paulo, devido a complicações do novo coronavírus. Ele estava internado desde o dia 3 de março.

No Twitter, a família do senador informou que aguarda as 12 horas para confirmação do óbito —procedimento exigido em casos de mortes cerebrais. Os familiares também disseram que estavam verificando quais órgãos seriam doados. Mas pessoas que tiveram covid-19 podem doá-los?

Primeiro, é preciso entender que existem várias etapas para que ocorra uma doação de órgão. Caso a morte cerebral seja confirmada, a família deve autorizar o procedimento e os órgãos passam por uma avaliação.

"São feitos diversos exames de sorologia, como de HIV, hepatite e, agora, desde o começo da pandemia, o de covid-19. É o PCR, com o cotonete, que todo mundo faz. Mas em pacientes intubados, a gente colhe a secreção da traqueia", explica André Watanabe, cirurgião do aparelho digestivo e coordenador do Programa de Transplante de Fígado do Hospital Brasília. "Se o resultado desse PCR vier positivo, ele não pode doar nenhum órgão. A gente nem realiza a oferta para a lista de doação".

No caso de Olimpio, ele informou que foi diagnosticado em 2 de março e, no dia seguinte, já foi internado. O caso dele é considerado, segundo os especialistas, ainda muito recente, com grandes chances de ter o vírus ainda no organismo. "Ele estava com sintomas no início do mês, acredito que não será possível doar", diz Watanabbe.

Agora, caso o PCR seja negativo, ele pode ser apto a doar, mas também vai depender do estado dos órgãos, que são avaliados um a um, da idade do paciente e do motivo da morte. "Se a pessoa teve uma pneumonia grave, ela não será uma doadora de pulmão, por exemplo. O mesmo com o coração, se ele sofreu muito, também não será reaproveitado. Mas outros órgãos podem ser aproveitados", afirma o cirurgião.

Watanabbe conta que, a partir da sua experiência profissional, pessoas que morrem por covid não costumam ser doadoras por conta das complicações da doença. "Mas se a pessoa teve covid-19 há mais de 30 dias, continuou internada, melhorou, mas teve um AVC, por exemplo, e o PCR deu negativo, ela pode ser uma doadora".