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Ciúme é prova de amor? Apimenta relação? Veja 6 mitos e verdades sobre tema

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Heloísa Noronha

Colaboração para o VivaBem

02/02/2021 04h00

Que atire a primeira pedra quem nunca sentiu ciúme de alguém. O sentimento é exclusivamente humano, mas muito do que se fala e pensa sobre o assunto pode ser uma grande mentira, já que ele costuma causar muito sofrimento aos envolvidos.

A seguir, você confere o que há de real e o que há de enganoso em alguns conceitos.

Ciúme é prova de amor: mito

O sentimento, na verdade, trata-se de uma manifestação de insegurança, possíveis traumas e carências do ciumento, além de poder ser sinal de fragilidade da relação. Moderado, pode ser considerado indício de zelo e um sinal de que o parceiro tem importância, mas não de prova de amor. Isso porque o ciúme é um sentimento egoísta, ou seja, é voltado para si mesmo e sinônimo de posse, propriedade e medo de ser diminuído perante a si mesmo e aos outros.

Importante: as pessoas tendem a buscar provas e confirmações intensas, sendo que as demonstrações mais genuínas acontecem no dia a dia: respeito, diálogo, confiança, carinho e admiração.

Ausência de ciúme é desamor: mito

Pelo contrário, indica que existe segurança e maturidade na relação, confiança no outro e na reciprocidade do amor —ele flui naturalmente, sem a necessidade ou a exigência de "provas". Muitas vezes o ciúme até aparece, mas quem o sente logo entende que se trata de um sentimento de vulnerabilidade natural e possível de superar, sem que isso cause algum conflito no relacionamento.

O ciúme ajuda a apimentar a relação: às vezes

Embora alguns psicólogos e psicanalistas não associem nada de positivo ao ciúme, outros defendem que ele pode ser saudável quando surge como uma espécie de "lembrete" de que os parceiros precisam olhar mais um para o outro e cuidar da relação.

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Em alguns casos, quando o par é alvo do interesse ou do olhar de admiração de alguém, o outro sente o desejo renovado ou percebe que as coisas se acomodaram. Provocar o ciúme deliberadamente, porém, é uma maneira perigosa de testar a reação, pois conflitos podem vir à tona e causar discussões sérias.

Ciúme em excesso pode virar doença: verdade

Exacerbado, o ciúme revela um desconforto enorme consigo e com o outro e pode se tornar uma psicopatologia que resulta em extrema possessividade, paranoia, agressões verbais e físicas. Em alguns casos graves, pode culminar em tragédias como crimes passionais e feminicídio. À medida que o ciúme egoísta vai se exaltando, a relação vai enfraquecendo na mesma proporção, levando o ciumento ao desespero e à perda do controle. Esses casos precisam de ajuda profissional com base em psicoterapia e, se necessário, medicamentos para transtornos do humor.

O ciumento projeta questões suas no outro: verdade

Em geral, a pessoa atribui ao outro detalhes de sua própria experiência de perda e abandono baseada em medo, insegurança e sentimentos de rejeição. Nem sempre esse processo é consciente, por isso é fundamental buscar ajuda de um psicoterapeuta. O profissional irá identificar esses receios e fornecer ferramentas que possam romper o padrão, ensinando, ainda, o ciumento a ter mais confiança em si.

Sentir ciúme é sinal de baixa autoestima: na maioria das vezes

Por trás de uma crise de ciúme, muitas vezes existe um apelo para o amor. O ciumento quer a atenção do outro, mas na verdade a busca é pelo amor próprio que lhe falta. Como boa parte das pessoas não tem consciência de suas deficiências, segue acreditando que amor só existe por meio do outro.

Fontes: Eduardo Ferreira-Santos, psiquiatra, psicoterapeuta, mestre em psicologia e autor do livro "Ciúme, o lado amargo do amor" (Editora Ágora); Gabriela Malzyner, psicóloga, psicanalista e professora do curso de formação em psicanálise do CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), em São Paulo (SP); Triana Portal, psicóloga clínica e terapeuta de casal, de São Paulo (SP); Vanessa Karam, psicóloga da BP (A Beneficência Portuguesa de São Paulo).