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Saúde

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Terapia com cavalos reduz efeito de perdas musculares do envelhecimento

Moyo Studio/IStock
Imagem: Moyo Studio/IStock

Do Jornal da USP

30/09/2020 17h42

A equoterapia, terapia realizada com cavalos, é eficaz para reverter os efeitos das perdas musculares associadas ao envelhecimento nos músculos da mandíbula em idosos, revela pesquisa com participação da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP.

Após as sessões de equoterapia, os participantes do estudo reduziram a atividade dos músculos mastigatórios, que normalmente é elevada em pessoas com alterações musculares, podendo trazer benefícios também para outros músculos do corpo. Os resultados do estudo são descritos em artigo publicado no site Plos One.

O estudo analisou 17 pacientes (14 mulheres e 3 homens), com idade entre 60 e 79 anos, submetidos a um atendimento de hipoterapia com duração de 30 minutos. "A hipoterapia é um dos recursos da equoterapia, onde o cavalo é conduzido por um auxiliar guia e mantido ao passo", descreve Edneia Corrêa de Mello, que realizou a pesquisa. "Nos 15 minutos iniciais do atendimento, os participantes montaram e mantiveram os pés apoiados nos estribos colocados nos cavalos e no restante do tempo retiraram os pés dos estribos", conta ao Jornal da USP.

O foco da pesquisa foram os músculos mastigatórios elevadores da mandíbula (masseteres e temporais). "O funcionamento adequado e harmônico do sistema estomatognático, que incluí a mandíbula, desempenha um papel fundamental no bem-estar do ser humano", aponta a pesquisadora. "Quando fatores fisiológicos comprometem esse sistema, ocorre um desequilíbrio na dinâmica muscular mastigatória que pode se estender para outras cadeias musculares, causando desequilíbrios posturais, como, por exemplo, alterações no alinhamento do quadril."

Melhoras na musculatura

De acordo com Edneia, com o envelhecimento, é comum a ocorrência de sarcopenia, que são perdas quantitativas e qualitativas na musculatura. "A sarcopenia está associada à vários resultados adversos à saúde, repercutindo até mesmo no sistema estomatognático", explica. "Acredita-se que uma das razões para a diminuição da capacidade mastigatória do idoso esteja relacionada à atrofia dos músculos elevadores da mandíbula."

A equoterapia reduziu a atividade dos músculos masseteres e temporais em todas as tarefas mandibulares estáticas e dinâmicas. "Os resultados são desejáveis, pois em pessoas saudáveis há menor recrutamento de fibras musculares para realizar a mesma função mastigatória em comparação com as que apresentam alterações", ressalta Edneia. "Assim, pode-se inferir que a equoterapia promoveu efeito positivo no sistema estomatognático de idosos, por reduzir a atividade dos músculos mastigatórios."

A atividade física é um fator importante para prevenir ou reverter a sarcopenia, observa a pesquisadora. "Um atendimento de 30 minutos de equoterapia promove, no participante, cerca de dois mil ajustes para equilibrar-se sobre o animal.

Estudos têm demonstrado ganho de força, principalmente nos membros inferiores de idosos, após intervenções de equoterapia", afirma "Quanto ao sistema estomatognático, temos encontrados resultados promissores no aumento da pressão da língua e dos lábios após tratamento com equoterapia". Os resultados do estudo são detalhados no artigo, "Electromyographic analysis of stomatognathic muscles in elderly after hippotherapy", publicado no site da Plos One em 27 de agosto.

A pesquisa, descrita na dissertação de mestrado de Edneia, teve a participação dos professores Ana Paula Espindula e Vicente de Paula Antunes Teixeira, orientadores do trabalho, e Mara Lúcia Fonseca Ferraz e Rodrigo César Rosa, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Os estudos tiveram a colaboração dos pós-graduandos Luanna Honorato Diniz, Janaine Brandão Lage, Mariane Fernandes Ribeiro e Domingos Emanuel Bevilacqua Junior, da UFTM; do coordenador da APAE de Uberaba, onde foram realizadas as intervenções de equoterapia; Alex Abadio Ferreira e da revisora crítica, a professora Simone Cecílio Hallak Regalo, da FORP, que orienta o doutorado da pesquisadora, junto com a professora Selma Siessere.