Vacina de Oxford: o que sabemos sobre a pausa e o que acontece a seguir
Ontem (8), a notícia de que o estudo clínico da fase 3 da vacina de Oxford, em colaboração com o laboratório AstraZeneca, foi temporariamente suspenso, foi recebida, em diferentes partes do mundo, como um balde de água fria. Mas embora a justificativa tenha sido alarmante —uma reação adversa grave em um dos voluntários no Reino Unido— a pausa não quer dizer que a vacina fracassou.
A divulgação sobre o ocorrido aconteceu primeiro pelo site norte-americano Stat News, especializado em notícias científicas, mas foi logo confirmada pelo laboratório.
Suspensão temporária não é cancelamento
Em entrevista à Sky News, Matt Hancock secretário de saúde do Reino Unido, explicou que esta é a segunda vez que os testes da vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford são interrompidos. Questionado se isso atrasaria o processo de desenvolvimento da vacina, ele disse: "Não necessariamente, depende do que eles encontrarem quando fizerem a investigação."
A MHRA (Medicines and Healthcare products Regulatory Agency), agência que regulamenta medicamentos no Reino Unido, confirmou que está revisando, com urgência, os dados dos testes, para decidir se o laboratório pode seguir com a pesquisa.
Pausa ocorre em todos os países participantes
Os testes foram interrompidos em todos os centros que participam do experimento internacional, inclusive o Brasil, onde a pesquisa é coordenada pelo Crie/Unifesp (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais da Universidade Federal de São Paulo).
"Trata-se uma prática comum em estudos clínicos envolvendo fármacos. No Brasil, o estudo envolve cinco mil voluntários. Muitos já receberam a segunda dose e até o momento não houve registro de intercorrências graves de saúde. Assim que a análise [de segurança] for concluída, a fase 3 deve ser retomada", afirmou a Unifesp em comunicado à imprensa.
Qual foi o efeito adverso?
Segundo informações do The New York Times, que ouviu uma pessoa próxima do caso, sob anonimato, o voluntário recebeu o diagnóstico de mielite transversa, uma síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal e costuma ser desencadeada por infecções virais.
O quadro pode ocorrer em pessoas que sofrem de doenças como lúpus, esclerose múltipla, neuromielite óptica, e doença de Lyme, ou que façam uso contínuo de medicamentos específicos.
A AstraZeneca não confirmou o diagnóstico, e ainda não se sabe se o problema está diretamente relacionado à vacina, mesmo porque não se sabe se o paciente recebeu a vacina em teste ou o placebo.
A reação ocorreu pelo processo acelerado da criação da vacina?
Embora os testes tenham sido realizados em tempo recorde, é improvável que o efeito adverso relatado tenha ocorrido pela aceleração da pesquisa.
A ênfase na segurança, de acordo com relatos dos especialistas envolvidos e resultados publicados em periódicos científicos, é prioridade. Reações adversas também podem acontecer quando o processo demora anos.
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