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Jornal: Sem sintomas graves, brasileira ficou 152 dias com coronavírus

Pesquisa da UFRJ analisou pessoas que fizeram mais do que dois testes desde março - Acervo pessoal/Deusilene Vieira
Pesquisa da UFRJ analisou pessoas que fizeram mais do que dois testes desde março Imagem: Acervo pessoal/Deusilene Vieira

Do UOL, em São Paulo

01/09/2020 08h57

Uma mulher ficou 152 dias infectada pela novo coronavírus sem apresentar sintomas graves da doença, indica um trabalho de cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) publicado hoje pelo jornal O Globo.

Durante este período, o vírus permaneceu no organismo da mulher com capacidade de multiplicação - e consequentemente contagioso. De acordo com a reportagem, este é o maior tempo de infecção pelo novo coronavírus já documentada.

A paciente não teve o nome divulgado. Identificada como "Paciente número 3", a profissional da saúde que mora no Rio de Janeiro foi diagnosticada com covid-19 em março. Ela teve sintomas leves por três semanas e não ficou internada.

Uma das cientistas que participou do estudo, Luciana Costa diz que a persistência do vírus no organismo da "Paciente 3" pode não ser rara, embora mais estudos ainda estejam em desenvolvimento sobre o tema.

"Essa mulher viveu cinco meses com o coronavírus. O caso dela foi descoberto porque é uma profissional de saúde, mais atenta para o risco de transmissão e desde cedo participou do estudo. Mas suspeitamos que a persistência não é rara. Pode haver muita gente assim, e isso ajuda a explicar por que a circulação do coronavírus continua a se manter", disse Costa.

O jornal O Globo ainda diz que a possibilidade de reinfecção foi descartada porque a sequência genética do coronavírus foi a mesma em todas as amostras. Uma hipótese levantada pelos cientistas é de que ela tenha sido protegida diretamente por células do sistema imunológico.

Por dois meses, a paciente fez testes semanais que indicaram a permanência no organismo. Depois de um período, ela voltou a procurar os pesquisadores e o vírus continuava ativo nas vias aéreas superiores.

Além de Luciana Costa, participaram do trabalho Amilcar Tanuri e Teresinha Marta Castineiras, professores do Instituto de Microbiologia, do Instituto de Biologia e da Faculdade de Medicina da UFRJ, respectivamente.

A pesquisa se baseou na testagem de mais de 3 mil pessoas desde março, em sua maioria profissionais de saúde do estado do Rio de Janeiro. A paciente número 3 integra um grupo de 50 pessoas que retornaram mais de duas vezes para fazer a testagem.

Destas, oito permaneceram com vírus infecciosos com potencial de transmissão após 14 dias dos primeiros sintomas, o período que é considerado padrão de negativação pelo Ministério da Saúde. Algumas destas pessoas ficaram por mais de 40 dias nesta situação.