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Pessoas irritantes: 10 dicas para conviver melhor e ainda se autoconhecer

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Imagem: iStock

Heloísa Noronha

Colaboração para o VivaBem

24/08/2020 04h00

Inflexíveis, pessimistas, indecisas, narcisistas, reclamonas, "donas da verdade", intolerantes, egoístas, péssimas ouvintes... A lista de características de pessoas irritantes e difíceis de lidar é bem vasta. Quando os laços com algumas delas é bastante íntimo —no caso de colegas de trabalho e familiares, por exemplo —a convivência pode se tornar bastante complicada e até insustentável.

Como não podemos mudar os outros, apenas modificar o modo como reagimos a eles, o primeiro passo é tentar parar de sofrer por algo que você não vai conseguir modificar. O segundo, entender que nem todo mundo apresenta essas atitudes por mal ou propositadamente. A grande maioria sequer se dá conta do quanto o próprio comportamento é incômodo.

A partir daí, tenha em mente que quando somos expostos a situações em que precisamos encarar gente opositiva ou de difícil trato, não há outra solução a não ser desenvolver estratégias para que o relacionamento seja o menos estressante possível. Acredite: através dessas táticas você terá, inclusive, a chance de evoluir emocionalmente. Saiba como com as dicas a seguir:

1. Exercite a sua flexibilidade mental

Conviver com iguais ou com quem você simpatiza é muito fácil. O desafio que fará com que você progrida no campo das emoções é ter a humildade de buscar aprender com aquela pessoa irritante que não lhe desperta admiração e tampouco inspiração, mas que pode, sim, agregar algum conhecimento à sua vida. A diversidade de opiniões, temperamentos e posicionamentos gera uma contribuição positiva, fazendo com que você pense sob novas perspectivas, uma oportunidade que provavelmente não teria com alguém que não lhe tira da zona de conforto.

2. Aproveite para se conhecer melhor

Seja qual for a característica irritante da pessoa —reclamar demais, falar alto, não saber escutar —, use-a como um exercício de autoconhecimento. Passe a observar o próprio comportamento, repare se não repete as mesmas manias que condena e reflita sobre o que fará para modificar o padrão.

3. Apegue-se a algo de bom no outro

De fato, é árduo o convívio com certas pessoas. Uma maneira de suavizar isso é compreender que aquilo que mexe com os seus nervos não representa a pessoa em sua totalidade, mas apenas uma parte sua. Busque a mínima parcela que seja do colega ou do parente irritante que seja interessante, agradável ou positiva e se concentre nisso. Apegar-se a esse 1% de simpatia pode fazer toda a diferença. E mais: você adquire o hábito de sempre achar algo de bom em qualquer um que cruzar o seu caminho.

4. Aprenda a colocar limites saudáveis em sua relação com os outros

Caso costume se aborrecer com intromissões, palpites e comentários não solicitados, cabe a você começar a delimitar melhor as conversas e avaliar com quem e quais fatos da sua vida quer compartilhar. Se a situação não pode ser resolvida com um afastamento, estabelecer limites é a saída ideal. Assim, você também lida de forma mais efetiva com as próprias emoções e sabe como lidar com o outro.

5. Separe o que é seu do que é do outro

Essa dica é excelente para enfrentar a irritação que as outras pessoas podem nos causar. Sempre existem percepções diferentes sobre um mesmo acontecimento, o que significa que, numa discussão, por exemplo, você tem razão em defender o seu ponto de vista, mas o outro, na ótica dele, também não está errado. Busque focar no que é real e não entrar no que é verdade para o outro. Seja imparcial. Por fim, procure se lembrar que não é a pessoa que o irrita, e sim a maneira como você a enxerga. Uma mudança de perspectiva ajuda muito.

6. Tente compreender a pessoa

O que será que o outro quer dizer sendo assim tão irritante? Todo comportamento tem uma intenção positiva para quem o executa. Será que aquele amigo inconveniente ou aquela prima com mania de se vitimizar não desejam sua atenção ou o seu reconhecimento e, por isso, agem dessa maneira? Os reclamões, por exemplo, às vezes se arrastam em lamúrias porque não conseguem se sentir ouvidos. Vale a pena empenhar-se em achar algum tipo de fundamento na atitude enervante que possa validá-la. Mudando os conceitos que temos das pessoas, podemos viver melhor: com elas e, principalmente, conosco.

7. Exerça a empatia

Muitas vezes, as pessoas de difícil convívio comportam-se de forma inadequada diante daqueles que a cercam porque se sentem inseguras e acreditam que esses comportamentos abusivos as protegem ou as tornam mais fortes. Quando se afastar não é uma opção, o que deve ser feito é um exercício de tolerância —característica que pessoas com uma personalidade mais conscienciosa apresentam.

8. Use o senso de humor

Ele pode contribuir muito para tornar relações tensas mais leves e menos desgastantes. No entanto, adote certa cautela para que comentários com a intenção de descontrair uma conversa não sejam interpretados como ataques ou ironias. Por isso, é desejável ter um conhecimento mínimo do que é aceitável ou não dizer a determinadas pessoas.

9. Respire e não reaja simplesmente

Aja com consciência, evitando se deixar levar por respostas agressivas ou debates que não vão chegar a lugar algum. Práticas de meditação, como mindfulness, podem ajudar no autocontrole no gerenciamento das emoções.

10. Reflita sobre a sua irritação

Será que em outros momentos da vida você já se irritou com outras pessoas pelos mesmos motivos de agora? Ou talvez irrite os outros por também ter a mesma característica que o desagrada? A inflexibilidade do outro, por exemplo, pode revelar algo da sua própria inflexibilidade, mas, claro, ninguém gosta de reconhecer em si mesmo o que julga como característica negativas. Aquilo que você repudia pode ser um reflexo. Admitir isso fará com que se afete menos, que se transforme e se torne mais tolerante com os demais.

Fontes: Alexandre Bortoletto, psicólogo, psicoterapeuta, pós-graduado em Neuropsicologia, membro e Master Trainer da SBPNL (Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística); Cristian Zanon, docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); Elisa Leão, psicóloga clínica, palestrante e docente do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Brasília; Marcelo Lábaki Agostinho, psicólogo clínico do IP-USP (Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo); Marcelo Santos, docente do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas; Roseli Chieco, psicóloga hospitalar da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, e Yuri Busin, psicólogo e doutor em Neurociência do Comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental), em São Paulo (SP)