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Rodrigo Rodrigues: obesidade é fator de risco para trombose; entenda

Reprodução/SporTV
Imagem: Reprodução/SporTV

De VivaBem, em São Paulo

28/07/2020 14h28

Após passar dias em coma induzido, o apresentador Rodrigo Rodrigues, do SporTV, morreu hoje (28) aos 45 anos.

O jornalista, que havia sido diagnosticado com covid-19 há cerca de 15 dias, teve um quadro de trombose venosa cerebral (TVC) e precisou passar por um procedimento cirúrgico para diminuição da pressão intracraniana no último domingo (26).

De acordo com Ludhmila Hajjar, cardiologista e intensivista da Rede D'Or, em entrevista ao canal CNN, a coagulação dos vasos é comum (nos casos de covid-19), mas o cérebro é raramente atingido. "Há menos de 60 casos diagnosticados no mundo, e a obesidade é um fator de risco para complicações", afirmou.

A hipercoagulação, o desequilíbrio do processo normal da coagulação sanguínea, pode ser causado por processos inflamatórios como a obesidade, doenças reumatológicas, tabagismo, uso de determinados fármacos como anticoncepcionais orais combinados (estrogênio e progesterona), além de gravidez e puerpério (períodos em que há redução fisiológica de fatores anticoagulantes naturais), intervenção cirúrgica e doenças hereditárias.

Caso do apresentador

Segundo Hajjar, o que o Rodrigo teve foi uma complicação grave e quando a circulação cerebral é atingida, o risco de morte é muito alto.

"Quando a coagulação ocorre nos membros inferiores ou no pulmão, o tratamento é mais tranquilo. Pelo que foi descrito, o atendimento foi rápido. O principal sintoma é uma dor de cabeça muito forte, às vezes tontura, convulsão, comprometimento da fala e da visão. Você dá anticoagulante, tenta diminuir a pressão no cérebro, mas apesar disso, essa lesão do vaso é tão grave, que muitas vezes o tratamento é ineficaz, e infelizmente foi o que aconteceu com ele", explicou a médica.

O que é a trombose venosa cerebral?

A trombose venosa cerebral ocorre quando um coágulo de sangue entope uma veia do cérebro. "O sangue fica mais espesso, o que pode ocorrer por diversas razões, como uma propensão natural do paciente ou até relação com a covid-19, criando um coágulo e impedindo a passagem do sangue e do líquido cefalorraquidiano", explica Guilherme Torezani, neurologista do Hospital Icaraí, no Rio de Janeiro.

"Com a passagem obstruída, o acúmulo de fluidos vai gerando pressão —o que causa sintomas como forte dor de cabeça— e pode gerar um tipo AVC que chamamos de infarto venoso", acrescenta Torezani.

De acordo com o médico, é possível tratar o quadro antes que aconteça o AVC. "É preciso que ocorra a suspeita, como por uma dor de cabeça muito forte, incomum para aquele paciente", indica.

Quando não há atendimento rápido e o acidente vascular cerebral ocorre, o quadro pode deixar sequelas importantes como dificuldades na fala, cegueira, paralisia, ou até levar à morte. "Uma vez que o processo de infarto venoso já começou, o tratamento é usar anticoagulantes para dissolver o coágulo", afirma o neurologista.