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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Trombose cerebral: o que é o problema que afeta Rodrigo Rodrigues

Apresentador foi diagnosticado com covid-19 há cerca de 15 dias e está internado em coma induzido - Reprodução/Instagram/@rr_tv
Apresentador foi diagnosticado com covid-19 há cerca de 15 dias e está internado em coma induzido Imagem: Reprodução/Instagram/@rr_tv

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

27/07/2020 14h56

Com diagnóstico de covid-19 confirmado há cerca de 15 dias, o jornalista Rodrigo Rodrigues, apresentador do Troca de Passes do canal SporTV, está em coma induzido após ser internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Unimed Rio, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, na noite do último sábado (25).

De acordo com boletim enviado ao UOL Esporte pelo hospital, Rodrigo teve um quadro de trombose venosa cerebral (TVC) e precisou passar por um procedimento cirúrgico para diminuição da pressão intracraniana.

O que é a trombose venosa cerebral?

A trombose venosa cerebral ocorre quando um coágulo de sangue entope uma veia do cérebro. "O sangue fica mais espesso, o que pode ocorrer por diversas razões, como uma propensão natural do paciente ou até relação com a covid-19, criando um coágulo e impedindo a passagem do sangue e do líquido cefalorraquidiano", explica Guilherme Torezani, neurologista do Hospital Icaraí, no Rio de Janeiro.

"Com a passagem obstruída, o acúmulo de fluidos vai gerando pressão — o que causa sintomas como forte dor de cabeça — e pode gerar um tipo AVC que chamamos de infarto venoso", acrescenta Torezani.

De acordo com o médico, é possível tratar o quadro antes que aconteça o AVC. "É preciso que ocorra a suspeita, como por uma dor de cabeça muito forte, incomum para aquele paciente", indica.

Quando não há atendimento rápido e o acidente vascular cerebral ocorre, o quadro pode deixar sequelas importantes como dificuldades na fala, cegueira, paralisia, ou até levar à morte. "Uma vez que o processo de infarto venoso já começou, o tratamento é usar anticoagulantes para dissolver o coágulo", afirma o neurologista.

Principais sintomas

  • Dor de cabeça intensa;
  • Visão embaçada;
  • Convulsões;
  • Alterações da consciência;
  • Formigamento ou paralisia num lado do corpo;
  • Boca torta;
  • Dificuldade para falar e de compreensão;
  • Tontura e perda de equilíbrio

Há relação entre a Covid-19 e a coagulação do sangue?

Entre fevereiro e março de 2020, o periódico científico Journal of Thrombosis and Hemosthasis publicou quatro artigos abordando a relação intrincada, complexa e ainda pouco compreendida entre a covid-19 e trombogênese (formação de trombos, a coagulação de sangue).

Por enquanto, o que os cientistas sabem é que o novo coronavírus induz em casos mais graves, uma tempestade de citocinas (emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes) que leva à ativação de coagulações, causando fenômenos trombóticos.

"O que passamos a entender é que o vírus entra pelo epitélio respiratório (mucosa que se estende da cavidade nasal até os brônquios), agride-o e deixa os brônquios e os alvéolos com a membrana exposta, criando algo parecido com um machucado. Isso faz o corpo querer estancar a ferida, e a resposta do organismo é a coagulação, entrando em estado de hipercoagulabilidade, o que na verdade, não resolve o problema", explica a pneumologista Elnara Marcia Negri, do Hospital Sírio Libanês.

O que causa a trombose?

De acordo com o neurologista Leandro Teles, especialista pela USP (Universidade de São Paulo), em geral, alguns dos fatores de risco para a formação de coágulos, são:

  • Alterações genéticas hereditárias (e por isso é importante saber o histórico familiar de quadros trombóticos)
  • Tabagismo
  • Presença de tumores ou neoplasias
  • Doença reumatológica Síndrome Antifosfolípide
  • Uso de anticoncepcional para mulheres ou reposição hormonal
  • Pós-cirúrgico e imobilização prolongada (aumenta o risco especialmente para trombose nos membros inferiores)