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30 anos após reunificação, Alemanha ainda tem grande disparidade de saúde

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Do VivaBem, em São Paulo

05/07/2020 11h46

O Muro de Berlim foi derrubado no final de 1989, reunificando novamente a Alemanha, que estava dividida desde 1961. Mais de 30 anos se passaram desde então, no entanto, as diferenças entre a parte oriental e ocidental do país no quesito saúde ainda são gritantes.

Uma pesquisa apresentada no dia 1º de julho pelo Sociedade Europeia de Cardiologia mostra que a Alemanha Oriental tem muito mais hospitalizações por insuficiência cardíaca em comparação com a Alemanha Ocidental.

A insuficiência cardíaca é o motivo mais comum de internações hospitalares e é responsável por grande parte do gasto total em saúde com doenças cardiovasculares em todo o mundo ocidental. Um estudo anterior relatou que o número absoluto de hospitalizações relacionadas à insuficiência cardíaca aumentou 65% na Alemanha entre 2000 e 2013.

"Antes da reunificação, as Alemanhas Oriental e Ocidental não apenas possuíam sistemas sociais e econômicos muito diferentes, mas também sistemas de saúde distintos", explica Marcus Dörr, autor do estudo e professor da University Medicine Greifswald.

"Na Alemanha Oriental, o sistema era quase completamente administrado pelo estado e havia uma escassez substancial de equipamentos técnicos (por exemplo, um aparelho de ultrassom por 32 mil habitantes na Alemanha Oriental, comparado a um por 2.500 na Alemanha Ocidental)", explica Dörr. "Desde 1990, ambas as regiões têm o mesmo sistema federal de saúde, com mais médicos em consultório particular e caminhos semelhantes de atendimento clínico".

Como foi feito o levantamento e o que foi descoberto

Este estudo analisou se a mudança para um sistema compartilhado afetou o número e a duração de internações e mortalidade intra-hospitalar devido a insuficiência cardíaca na Alemanha de 2000 a 2017. Os pesquisadores também examinaram se o aumento descrito anteriormente continuou e ocorreu igualmente em ambas as partes da Alemanha. Os dados foram obtidos no Federal Health Monitoring, um censo anual de dados de rotina dos pacientes internados.

Os pesquisadores descobriram que o número absoluto de hospitalizações por insuficiência cardíaca continuou a aumentar drasticamente em toda a Alemanha e houve diferenças substanciais entre as regiões.

Entre 2000 e 2017, o número absoluto de internações por insuficiência cardíaca em toda a Alemanha aumentou 93,9% (de 239.694 para 464.724 casos). Esse aumento foi muito mais forte no leste do que na Alemanha Ocidental: + 118,5% versus + 88,3%.

Durante o mesmo período, houve apenas um ligeiro aumento no número de hospitalizações por outros diagnósticos em toda a Alemanha. A insuficiência cardíaca foi a principal causa de hospitalização relacionada à doença na Alemanha em 2017, novamente com diferenças claras entre a Alemanha Oriental e Ocidental (aumento de 1,5% para 2,9% no Leste versus 1,4% para 2,2% na Alemanha Ocidental).

Enquanto o tempo total de internações hospitalares diminuiu continuamente ao longo do tempo, o número total de dias hospitalares relacionados à insuficiência cardíaca aumentou 50,6% no leste e 34,6% na parte ocidental.

Em 2017, a insuficiência cardíaca permaneceu de longe a principal causa de morte hospitalar na Alemanha, representando 8,2% das mortes. Novamente, houve taxas substancialmente mais altas de mortes hospitalares na Alemanha Oriental (64 e 65 mortes por 100 mil habitantes em 2000 e 2017, respectivamente; um aumento de 1,6%) em comparação com a Alemanha Ocidental (39 e 43 mortes por 100 mil habitantes em 2000 e 2017, respectivamente; um aumento de 10,3%).

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Mesmo após mais de 30 anos após a reunificação, as diferenças de saúde entre a Alemanha Oriental e Ocidental permanecem
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Como os pesquisadores explicam

"Uma possível explicação para nossos achados pode ser encontrada na variada prevalência de fatores de risco que afetam o desenvolvimento, a progressão e, portanto, a hospitalização da insuficiência cardíaca", disse o professor Dörr. "De fato, pesquisas anteriores mostraram que, por exemplo, hipertensão, diabetes, e obesidade são muito mais comuns no lado oriental".

"Além disso, diversidades na estrutura de atendimento ao paciente podem explicar as diferenças, pelo menos em parte", acrescentou. "Pode-se supor que nem todas as estruturas e caminhos do sistema nacional de saúde ainda foram completamente adotados em ambas as partes da Alemanha".

O professor Dörr concluiu: "É necessária mais pesquisa para explicar as enormes diferenças observadas entre a Alemanha Oriental e a Ocidental".