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Cientistas usam células-tronco para tratar pacientes intubados por covid-19

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Imagem: Istock

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

29/06/2020 11h00

Um novo estudo com células-tronco pode levar esperança e auxiliar no tratamento de pacientes com covid-19. Desenvolvida por pesquisadores da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), do CHC-UFPR (Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná) e do ICC (Instituto Carlos Chagas) FiocruzParaná), a pesquisa já está sendo feita e pretende utilizar o cordão umbilical para extrair as células-tronco e tratar pacientes com síndrome respiratória aguda grave decorrente do coronavírus (Sars-CoV-2).

Paulo Brofman, coordenador do Núcleo de Tecnologia Celular da PUC-PR e um dos coordenadores da pesquisa, explica que esse tipo de célula apresenta importantes propriedades imunomoduladoras que reconhecem que está ocorrendo uma resposta excessiva no sistema imune.

Inflamação no pulmão e sistema imunológico

A covid-19 é uma doença muito diversificada, podendo provocar disfunções graves no pulmão e outros órgãos ou deixar o indivíduo sem sintomas. Como o sistema imunológico age para defender nosso organismo, libera citocina que orienta as células de defesa do nosso corpo a atacar o vírus.

No entanto, no caso da covid-19, o nosso sistema passa a ter uma resposta excessiva e, em vez de defender, começa a atacar nossas células, provocando uma hiperinflamação no pulmão em alguns casos.

Como as células-tronco são imunomoduladoras, são capazes de reconhecer essa resposta excessiva e neutralizar o processo.

É importante interromper esse ataque excessivo, já que se não agir a tempo, o pulmão pode pode sofrer fibrose e hiperinflamação. "Os pacientes com covid têm piora por causa da resposta excessiva e inflamação no pulmão. Normalmente, a morte ocorre por um desconforto da síndrome respiratória", explica o especialista.

Como é feito o processo

Para extrair as células-tronco, os pesquisadores colhem o cordão umbilical, levam para o laboratório e isolam a célula. Eles identificam marcadores específicos, multiplicam as células e na hora que essas atingem um determinado número, são conservadas.

Depois, são encaminhadas para o Hospital das Clínicas e colocadas em pacientes por via endovenosa. "O teste ocorre sempre em quem precisou ser intubado e as células devem ser aplicadas até 48 horas depois da intubação", afirma Brofman.

De acordo com o especialista, cada dose corresponde a 500 mil células por kg de peso e são dadas três para cada voluntário.

Depois, exames de sangue e de secreção no pulmão serão feitos para mensurar o quanto o órgão foi agredido. Nesse trabalho, 15 pacientes serão avaliados por até quatro meses depois da recuperação.

Além de a pesquisa abrir espaço para um novo tratamento e, principalmente, saber como funciona o pós-operatório, a descoberta pode revelar mecanismos de terapias e até cura para outras doenças do sistema respiratório.