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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Paolla congelou óvulos, pois estresse envelheceu seu corpo; entenda relação

Paolla Oliveira durante edição do programa Saia Justa - Reprodução/GNT
Paolla Oliveira durante edição do programa Saia Justa Imagem: Reprodução/GNT

Danielle Sanches

Do VivaBem, em São Paulo

13/02/2020 13h28

Durante sua participação no programa "Saia Justa Verão" desta quarta-feira (12), a atriz Paolla Oliveira revelou que decidiu congelar óvulos por recomendação médica. "Cheguei no consultório em um estado de estresse e a médica me falou: 'você está toda desequilibrada e com um corpo que não condiz com a sua idade. Provavelmente terá um problema x, y ou z com seus óvulos", disse.

A especialista ainda teria acrescentado: "O seu corpo não está bem. As pressões que você está carregando, o estresse de trabalho ou o que quer que seja está fazendo o seu corpo envelhecer antes da hora", contou.

A atriz, hoje com 37 anos, disse que optou pelo congelamento para preservar sua fertilidade. Na época, ela tinha 35 anos, idade em que ainda nem pensava em ser mãe.

Estresse x fertilidade

Embora não interfira diretamente na quantidade de óvulos da mulher, que já nasce com um número definitivo dessas células, o estresse pode, sim, interferir na qualidade desses óvulos —o que, por sua vez, pode provocar problemas na hora de engravidar.

De acordo com Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra membro da SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana) e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), isso acontece porque o estresse é um dos fatores que provocam o envelhecimento precoce das células do corpo, incluindo aí os óvulos. "Nesse caso, a degeneração celular acaba prejudicando as estruturas internas do óvulo, assim como com qualquer célula do organismo", explica.

Esse envelhecimento precoce é causado pelo estresse oxidativo nas células, quando há um aumento na circulação de radicais livres no organismo que acaba prejudicando o seu bom funcionamento. Além de estresse, tabagismo, má alimentação e excesso de álcool são fatores que também causam esse problema.

O especialista lembra, no entanto, que isso só vale para mulheres até no máximo 35 anos. "Independente de estresse ou outros fatores, a qualidade dos óvulos após os 37 anos vai cair, é um processo natural", alerta.

Congelamento de óvulos é opção até os 35

Se a mulher está em dúvida sobre a maternidade, não se sente pronta para esse desafio ou ainda, como no caso de Paolla, tem alguma condição que possa prejudicar a fertilidade ou aumentar as chances de algum problema genético com o bebê, o congelamento de óvulos se torna uma opção para garantir que ela possa realizar o desejo de ser mãe mesmo que tardiamente.

Nesses casos, um dos exames a serem feitos é o que mede o nível hormônio anti-mulleriano (HAM), um marcador da reserva ovariana utilizado para saber se a mulher ainda tem uma boa quantidade de óvulos no corpo. "Antes dos 35, se ele está baixo, é um dos casos em que recomendamos o congelamento", explica Caldeira. Ele lembra, no entanto, que o ideal é fazer o procedimento até os 35 anos.

Vale ainda lembrar que congelar óvulos não significa que a fertilidade está garantida e preservada. "Quando o congelamento de óvulos ocorre até os 35, a chance de sucesso do tratamento é de até 50%. Depois dos 40, esse número cai para quase 5%", afirma Sérgio Pereira Gonçalves, ginecologista com especialização em Reprodução Humana Assistida pela Febrasgo e membro da ASRM (American Society for Reproductive Medicine) e ESHRE (European Society of Human Reproduction and Embryology)*.

Por que as mulheres perdem óvulos?*

As células germinativas de ambos os sexos são produzidas ainda no período fetal, na barriga da mãe. Lá elas escolhem se virarão testículos ou ovários. Enquanto as que escolhem virar testículos ficam se dividindo, produzindo espermatozoides pelo resto da vida do homem, as que escolhem os ovários se mantêm. Isso significa que as mulheres produzem óvulos imaturos uma única vez na vida (geralmente quando atingem a sexta semana da gestação), enquanto os homens ganham espermatozoides novos até a velhice.

Os números são um pouco assustadores para elas. Um feto de 20 semanas, por exemplo, tem cerca de sete milhões de óvulos. Uma recém-nascida tem dois milhões. Na puberdade, de 300 a 400 mil. E assim vai, perdendo óvulos e mais óvulos ao longo da vida. Uma vez por mês, um óvulo é liberado e mais ou menos mil morrem. É por isso que as mulheres têm dificuldade de engravidar quando se aproximam dos 40 anos, chegando aos 50 praticamente sem óvulos.

A chance de engravidar quando se tem entre 36 e 37 anos cai para 15%; aos 38 e 40 anos, é 10%; após essa idade, a chance é ínfima, não chegando a 1%. Além da quantidade de óvulos ser bem menor, assim como o que ocorre com os homens, a qualidade deles também diminui, prejudicando a fertilização. Na menopausa, essa fonte se esgota.

As mudanças socioculturais no mundo fizeram a gravidez se tornar um plano tardio, pelo menos para uma parte das pessoas. Não à toa, a idade em que há mais procura pelo congelamento de óvulos é 37 anos. As mulheres que têm esse poder de escolha, decidem "adiar" esse esgotamento. Quando o óvulo é congelado, as chances de engravidar são as mesmas da idade que a mulher tinha quando optou pelo método.

*Dados utilizados de matérias publicadas em 04/02/2020 e 29/01/2020.