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Água com flúor interfere no desenvolvimento intelectual de meninos

Do VivaBem, em São Paulo

20/08/2019 20h14

Um polêmico estudo publicado pelo periódico JAMA Pediatrics constatou que a ingestão de água com adição de flúor por mulheres durante a gestação provocou uma queda no desenvolvimento intelectual dos filhos meninos, mas não nas meninas.

A fluoretação da água potável distribuída a todas as residências é mundialmente utilizada para reduzir o surgimento de cáries dentárias e fortalecer o esmalte dental em crianças e adolescentes.

Nos Estados Unidos, o CDC (Center of Diseases Control and Prevention) afirma que a fluoretação reduz em 25% o surgimento do problema em crianças e adultos, e considera o processo uma das 10 maiores conquistas da saúde pública do século 20. No Brasil, desde 1974, a legislação estabelece como obrigatória a fluoretação da água em todas as ETA (Estações de Tratamento de Água).

No entanto, há tempos a fluoretação levanta questionamentos sobre sua eficiência e também sobre os efeitos colaterais. Alguns estudos, por exemplo, tentaram ligar a substância ao surgimento de câncer, o que nunca ficou comprovado.

O novo estudo, no entanto, constatou que para cada 1 mg de fluoreto por litro de urina, os filhos (mas não as filhas) de mulheres grávidas que ingeriram água fluoretada durante a gestação perderam cerca de 4,5 pontos no QI.

Os médicos, no entanto, não sabem explicar o motivo pelo qual o fluoreto não afetou o desenvolvimento das meninas.

Como o estudo foi feito:

  • Os médicos analisaram as informações do programa Maternal-Infant Research on Environmental Chemicals, um estudo de longo prazo feito em seis cidades do Canadá com gestantes e seus filhos.
  • O programa começou em 2008 e coleta todos os dados possíveis a respeito da dieta, dos níveis de educação e até dos traços de arsênico na urina dos participantes.
  • Cerca de 40% das cerca de 600 mulheres do estudo vivem em cidades com abastecimento de água fluoretada; elas tinham, em média, um nível de 0,69 mg de fluoreto por litro de urina, contra 0,4 mg encontrados em mulheres vivendo em áreas sem água fluoretada.
  • Três a quatro anos depois do nascimento das crianças, os médicos aplicaram um teste básico de QI em algumas delas.
  • Eles ainda tentaram eliminar variáveis como nível de educação dos pais, peso de nascimento, consumo de álcool durante a gestação e renda familiar, além de exposição a tóxicos como chumbo, mercúrio e arsênico.
  • O resultado foi que, para cada 1 mg de fluoreto a mais por litro de urina, os filhos (mas não as filhas) das gestantes analisadas perderam cerca de 4,5 pontos no teste de QI.
  • Usando um método secundário de medição, os médicos então pediram às mães para avaliar qual a quantidade de água de torneira e outras bebidas que por ventura tenham fluoretano (como alguns tipos de chás).
  • Nesta medição, eles constataram que o aumento de 1 mg por litro de urina estava associado a uma queda de 3,7 pontos no teste de QI tanto de meninos como de meninas.
  • A avaliação subjetiva, no entanto, é uma forma menos precisa de aferição, por isso é menos utilizada e aceita na maioria dos estudos científicos.

Por que isso é importante?

Embora polêmico, o estudo reacende a discussão sobre a efetividade e a segurança da fluoretação da água potável. Estima-se que 5% da população mundial hoje tenha acesso a esse tipo de água tratada.

Os pesquisadores admitem que o estudo é bastante preliminar e ainda não sabem explicar, por exemplo, por que existe uma discrepância na forma como o fluoreto afeta meninos e meninas.

No entanto, eles acreditam que isso tem relação na forma como ambos os gêneros se desenvolvem dentro do útero. Mas é preciso mais análises para ter certeza sobre isso e também sobre a suposta falta de segurança da fluoretação da água.